Pousamos na maior ilha do continente africano e na quarta maior do mundo para juntos conhecermos a história da empresa aérea flagship do país, a Madagascar Airlines.
Terra dos imponentes Baobás (árvore nacional do país) e dos lêmures, a Ilha de Madagascar está localizada na costa leste da África, mais ao sul, a algumas centenas de quilômetros de Moçambique e é ‘abraçada’ pelo Oceano Índico. A baunilha, uma especiaria considerada rara, é um dos produtos mais conhecidos da ilha, que tem sua economia baseada principalmente em agricultura.
A capital Antananarivo é o principal centro econômico do país e onde está localizado o Aeroporto Internacional Ivato (TNR / FMMI), a base operacional da empresa Madagascar Airlines.
De TAI para ‘Madair’ e depois ‘Air Madagascar’
Voltamos para o ano de 1947, quando a Transports Aériens Intercontinentaux (TAI) foi fundada como uma regional da Air France (o país se tornou independente da França em 1960) e tinha em sua frota dois Douglas DC-3 e seis de Havilland D.H.89 Dragon Rapide. Um terceiro DC-3 chegou em 1957 e em 1961 a Air France decidiu reorganizar a empresa, alterando o seu nome para ‘Madair’, se tornando assim a primeira companhia aérea de bandeira Malagasy, logo após a independência.
Não demorou muito para a empresa trocar de nome novamente, um ano mais tarde, em 1962, passou a se chamar Air Madagascar devido a imagem negativa do nome ‘Madair’.
Início dos voos de longa distância e introdução da ‘Era do Jato‘
Meses após a troca do nome, a empresa estreou seus primeiros voos de longa duração, operados por um DC-7 arrendado, que passou a conectar Antananarivo a Paris com uma parada em Djibuti, país localizado no ‘chifre’ da África. Naquele momento, a malha de voos domésticos atendia cerca de 58 pontos no país.
Em 1963, Jacques Alexandre assumiu o cargo de Gerente Geral na companhia e dois DC-4 se juntaram à frota. Um deles, o 5R-MAD, se acidentou anos mais tarde.
A era dos jatos chegou na Air Madagascar no ano seguinte, em julho de 1964, quando a aérea introduziu o Boeing 707 no trecho para Paris via Djibuti. O Boeing matriculado de F-BHSK foi pintado nas cores da aérea africana, mas era operado por tripulações da Air France. Com a introdução do jato substituindo o DC-7, a duração da rota foi reduzida consideravelmente.
Em 1967, o Boeing 707 TU-TXI, que pertencia à Air Afrique, substituiu o F-BHSK e em 1973 recebeu sua nova matrícula malgaxe 5R-MFK. O ‘novo’ quadrimotor ficou responsável pelo voo para Paris, que era operado três vezes na semana e também pelo trecho para Roma, Marselha e as ilhas vizinhas de Maurício e Reunião.
Na década de 60 a empresa introduziu também o Boeing 737-200. O primeiro deles foi o 5R-MFA, que era utilizado em voos para Joanesburgo, na África do Sul, e Dar Es Salaam, na Tanzânia.
Renovação da frota doméstica / Boeing 747 / problemas financeiros
No início dos anos 70, a Air Madagascar substituiu seus antigos DC-3 com novos DHC-6 Twin Otter e os Boeing 737-200 foram entrando no lugar dos DC-4, assumindo rotas para Comores e Reunião, além de novos voos para Nairóbi, no Quênia.
A empresa vinha se desenvolvendo, mas nessa mesma década, turbulências políticas no país e uma recessão global atingiram a Air Madagascar negativamente. A companhia enfrentou adversidades financeiras e o único Boeing 707 deixou a frota.
Mesmo em crise, em 1979 a empresa adquiriu um Boeing 747-200 (Combi), o 5R-MFT, e com ele voltou a voar para Paris, agora sem a escala em Djibuti. No começo dos anos 80, começaram-se os voos para Zurique e depois Munique. O que fazer quando está com problemas financeiros? Compre um Boeing 747.
Novos ares e tentativa de privatização
Ao contrário dos anos 70, a década de 80 colocou a empresa de volta nos trilhos e em 1986 ela passou a fazer parte da IATA. A frota de aeronaves domésticas passou por uma nova renovação quando os HS-748 deram lugar a novos ATR42.
A instabilidade política continuava tomando conta de Madagascar durante este período e impactavam os planos da empresa, mas as dívidas foram reduzidas com a venda de subsidiárias e operadores turísticos. Novos aviões vieram a ser incorporados na frota somente na década seguinte, em 1994, com a chegada do primeiro Boeing 737-300.
Em 1997, houve uma primeira tentativa de privatização da companhia e em janeiro do ano seguinte foi anunciado que o Boeing 747-200 deixaria a frota, dando lugar a aeronaves mais econômicas e funcionais para a Air Madagascar. Dois Boeing 767-300 chegaram entre os anos de 1998 e 1999 e substituíram o ‘Jumbo’ nos voos internacionais. A empresa chegou a ter em sua frota seis Boeing 767 (não simultâneos). Curiosamente, um deles, o 5R-MFF, voou no Brasil por pouco tempo nas cores da TAM Linhas Aéreas como PT-MSS, após deixar a frota da africana em 2008.
2010 – atualmente
Banida de voar no espaço aéreo europeu em 2011 por conta de questões de segurança, a companhia conseguiu driblar a restrição fretando um Boeing 777-200 da EuroAtlantic para realizar as ligações entre Antananarivo e Paris.
No ano seguinte, foi assinado em conjunto com a Air France um termo de longa duração para o wet-lease de um Airbus A340 e isso permitiu as cores da Air Madagascar retornarem à Europa, uma vez que o quadrijato da Airbus recebeu a pintura completa da empresa africana e foi rematriculado como 5R-EAA.
Um fato curioso é que a Air Madagascar já chegou a cumprir voos com o Airbus A380. Essa peculiaridade aconteceu em julho de 2019, quando o seu único A340 teve problemas nos motores e ficou fora de operação para realizar a manutenção. Com isso, a empresa precisou arrendar uma aeronave às pressas para cumprir os voos para Paris. O escolhido foi o 9H-MIP da Hi Fly, que realizou quatro voos socorrendo a africana. O acontecimento marcou o primeiro pouso do gigante da Airbus no Aeroporto Internacional Ivato, em Antananarivo.
A Air Austral, companhia aérea da ilha vizinha (Reunião) chegou a adquirir 49% da Air Madagascar e os outros 51% ficaram com o governo. A parceria foi desfeita após o início da pandemia do Covid-19, período em que a Air Madagascar voltou a passar por problemas financeiros.
Em outubro de 2021, a Air Madagascar se juntou com sua empresa irmã, a regional Tsaradia, e a união das duas trouxe mais uma mudança de nome. Agora ambas são chamadas de Madagascar Airlines. No entanto, nenhuma aeronave ainda recebeu a pintura com o novo título.
No ano passado, a companhia anunciou uma grande novidade: o arrendamento junto à Azorra para três Embraer 190-E2. A empresa espera incorporar os jatos de fabricação brasileira a partir de junho deste ano e eles ficarão responsáveis por trechos domésticos e algumas linhas internacionais mais próximas de Madagascar.
Frota e destinos atuais
Modelo | Quantidade | Status |
ATR42-500 | 01 | Ativo |
ATR72-500 | 06 | 05 ativos / 01 estocado |
Boeing 737-300 | 01 | Estocado |
Airbus A340-300 | 01 | Estocado |
Dos seis ATR72, quatro voam com a pintura da Tsaradia.
Destinos: St. Denis, na Ilha da Reunião, Dzaoudzi e Paris são os três únicos destinos internacionais que a Madagascar Airlines está voando atualmente. O A340 está estacionado desde o início da pandemia e por conta disso a companhia está arrendado aeronaves da Hi Fly, Air Belgium e AELF FlightService para cumprir os voos até a capital francesa. Já em relação a destinos nacionais, o número é bem maior: 14. A empresa atende cidades como as paradisíacas Nosy Be e Antsiranana, a portuária Toliara ou a ilha de Sainte-Marie.
Chegamos ao fim dessa jornada pelo país africano e pela história da Madagascar Airlines. Logo nos veremos em uma outra viagem pelo mundo da aviação.
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