A Embraer está comercializando uma versão do jato regional EMB-145 para patrulha marítima chamado EMB-145MP (Maritime Patrol), que seria chamado de P-99 na FAB. O México já adquiriu dois exemplares em 2004, sem capacidade anti-submarino equipados com o radar Raytheon SeaVue e o FLIR AAQ-22 StarSafire. O México também comprou um E-99 de Alerta Antecipado e tem opção para mais quatro EMB-145 com a versão de patrulha podendo chegar a quatro aeronaves.
A Embraer tentou vender o P-99 para a FAB com o sistema Thales AMASCO (radar Ocean Master, ESM DR3000 e FLIR Agile), mas a aeronave não preenchia os requisitos do programa PX com a capacidade de patrulha e esclarecimento a longa distância. A FAB escolheu o P-3AM com o sistema FITS da CASA EADS. O radar Searchwater 2000 também foi proposto para equipar a aeronave.
A tripulação média do P-99 é de sete lugares podendo ficar seis horas na estação e até 10 horas com reabastecimento em vôo. Para aumentar a autonomia a Embraer adicionou a capacidade de levar combustível extra. Nas asas poderá ser introduzido dois cabides com capacidade de 900kg cada, semelhantes ao do AMX, onde poderiam ser levados armas, casulos de guerra eletrônica, botes salva-vidas e faróis de busca. Segundo a Embraer o P-99B de patrulha marítima e guerra de superfície tem raio de ação de 1.675 km. A versão P-99C tem capacidade anti-submarino e autonomia de quatro horas a baixa altitude com raio de ação de 370 km. O custo unitário é estimado em cerca de US$ 80 milhões. A aeronave tem baixo custo de operação, estimado em US$ 1 mil por hora de voo. Precisa do apoio de apenas 30 homens para 8 aeronaves. Também é possível padronizar a frota junto com outras versões do EMB-145 nas versões de transporte, transporte VIP, Alerta Aéreo Antecipado e sensoriamento remoto.
Após a desativação dos P-16 restaram 20 P-95 Bandeirulha para equipar quatro Esquadrões de Patrulha na FAB. Os P-95 serão modernizados e voarão por mais 20 anos. O P-95M irá receber uma cabina digitalizada, um novo radar e talvez um FLIR. Com o anúncio da modernização dos Bandeirulhas o P-99 terá que esperar para concorrer como possível substituto dos P-95.
O Bandeirulha está equipado com o MAGE modelo DR3000 com cobertura de 360 graus. Também tem goniômetro para rádios VHF e UHF o que ajuda a localizar náufragos em pequenas embarcações a deriva. O P-95 também opera sobre terra apoiando o SALVAERO e faz guerra eletrônica sobre terra.
Na FAB os P-95 tem a missão de detectar, localizar, identificar e neutralizar objetivos navais inimigos ou em potencial. Atua de forma conjunta e/ou combinada com as forças navais, faz proteção de objetivos marítimos, terrestres e fluviais. Na Operação Atlântico o P-95 atua junto com navios da MB em áreas pré determinadas nas Águas Jurisdicionais Brasileiras, fazendo reconhecimento sistemático, ajudando a MB no controle de trafego marítimo no Atlântico Sul. O P-95 pode ser usado para defender uma área marítima, pode acompanhar uma força naval amiga em missão de cobertura e designar alvos de superfície para caças. Se o alvo for pouco defendido o P-95 pode atacar.
Um P-99 antes de ser entregue para o México.
Além da versão de patrulha marítima a Embraer também comercializa uma versão do EMB-145 para alerta aéreo antecipado (E-99 na FAB) e uma de sensoriamento remoto (R-99 na FAB). O R-99B tem um radar SAR operando nas bandas L e um na banda X com modos WAS, STRIP, SPOT e MTI, além de SAR invertida. O Scanner multiespectral (MSS) tem 31 canais sendo 3 infravermelho. A torreta OIS tem câmera FLIR, TV e zoom. Os sensores SIGINT cobrem as faixas de comunicações e radar.
A versão R-99 é equivalente, com uma capacidade menor, ao E-8 JSTARS da USAF. Na operação Desert Storm os JSTARS mostraram ser bem úteis. Na batalha de Khafji o JSTARS mostrou que não havia unidades iraquianas se movimentando para apoiar. Nas missões de resgate o JSTARS vigiava o local e informava se havia atividade inimiga próxima. Podia detectar antenas rotativas de radares de artilharia antiaérea e interferia. Também podia diferenciar veículos levando mísseis SCUD, posições de artilharia antiaérea e colunas blindadas de outras pelas formas como se deslocam no terreno. O JSTARS está sendo equipado com a câmera de longo alcance SYERS-3 dando capacidade dos operadores ver o que estão detectando nos radares.
Em 2004 o EMB-145 foi escolhido para o programa a Aerial Common Sensor (ACS), mas o programa foi cancelado. O ACS seria uma aeronave de reconhecimento para o US Army e US Navy para substituir os RC-12 Guardrail e RC-7, EO-5B RARL e o EP-3E Aries 2. O US Army pretendia comprar 38 aeronaves. O ACS realizaria missões de reconhecimento de sinais e seria equipado com sensores eletroóticos, infravermelho e radar com modos SAR e MTI. Os dados poderão ser transmitidos para centros comando. O ERJ-145 custaria US$20 milhões contra US$33 milhões do G450 que também concorria. As especificações exigia jatos com capacidade de voar a 11 mil metros de altitude, a 800 km/hora com cerca de 6 toneladas de carga útil e com facilidades para receber reabastecimento em vôo. A versão da US Navy teria seis operadores contra quatro da versão do US Army, mas ainda seria bem menor que os 20-24 tripulantes do EP-3E. A US Navy também queria capacidade de reabastecimento em voo, sistemas de interferência eletrônica e capacidade de levar dois casulos nas asas.
O R-99 tem capacidade para ser usado em missões de patrulha marítima com seus sensores. Em 2009 o Esquadrão Guardião participou do resgate do acidente com o voo 447 no meio do Oceano Atlântico. Um dia depois de iniciar as busca o R-99B conseguiu identificar retornos com o radar de abertura sintética. A posição foi marcada para busca de dia no local por um Hercules que identificou os destroços. O sucesso se repetiu novamente em outras missões. O radar Erieye do E-99 também tem modos de busca de superfície contra navios podendo apoiar operações sobre o mar.
O P-99 não foi selecionado para o Programa PX por ter capacidade limitada. Só o peso máximo é pelo menos três vezes menor (64 toneladas contra 21 toneladas).
P-99 Multimissão - Exemplo Britânico
Em 2010 o Reino Unido anunciou grandes cortes nos seus meios de defesa. Entre os meios a serem retirados estão o Nimrod MR4 de vigilância marítima e o Sentinel R1 de vigilância terrestre. São projetos ainda do tempo da Guerra Fria pensados para cenários de alta intensidade. Agora os britânicos estão dando prioridade para conflitos de baixa intensidade e estes meios são caros e com capacidades muito além do necessário.
Os meios de Combat ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento de Combate) usados pelos britânicos no Afeganistão são bem variados. Não existe plataforma com todo os sensores necessários juntos e também capaz de usar força com a precisão necessária.
Os RPAS (Remotely Piloted Air System), nome dados para os veículos aéreos não tripulados na Inglaterra, são o Hermes 450 e o Reaper. O Hermes usa sensores de imagem enquanto o Reaper também está equipado com um radar com modos SAR e MTI. O Reaper foi equipado com o casulo de fotografia Goodrich DB-110. As fotos podem ser interpretadas ainda no ar em emergência. O Reaper tem a capacidade de cobrir uma área grande por muito tempo devido a sua grande autonomia.
O Nimrod R1 é uma plataforma de escuta eletrônica (SIGINT e ELINT) com 23 operadores de sensores COMINT e SIGINT. A aeronave é capaz de identificar aeronaves pela assinatura radar e comunicações. Seu uso é raro no Afeganistão devido a total ausência de ameaça aérea. A RAF operava três Nimrod R1 sendo que um caiu. Serão substituídos em 2014 por três RC-135 da USAF com capacidade similar.
O Sentinel R1 ASTOR (Airborne Stand-Off Radar) foi projetado para detectar alvos móveis em terra. O radar ASARS-2 é derivado do radar do U-2. O programa custou 1,4 bilhões de Euros para cinco aeronaves e oito estações em terra e o custo de operação é considerado muito alto. O ASTOR voa a 50 mil pés no Afeganistão varrendo os vales entre as montanhas com o seu radar. Faz varredura de área com modo de radar SAR ou MTI. O modo MTI é capaz de determinar a composição, direção e velocidade de forças inimiga. Os operadores procuram explosivos improvisados (IED), avaliam a interdição de veículos em tempo real, analisam padrões de vida e fazem vigilância de comboios amigos. O Sentinel tem três operadores sendo um Comandante de Missão e dois Analistas de Imagem. Os dados são enviados por datalink para uma estação em terra (TGS - Tactical Ground Station) operando junto com pessoal do US Army.
Como o JSTARS, o ASTOR foi criado para apoiar as operações de ataque contra o segundo escalão de uma invasão do passo de Fulda na Europa. No Afeganistão não existe a grande ameaça de uma invasão blindada. No Afeganistão as ameaças operam mais a noite. Então o ASTOR, e o JSTAR, apóiam rotas de trafego, fazem vigilância de comboio e apoiam assaltos de helicópteros.
Uma missão importante é detectar os movimentos como a colocação de IED (IED placement). O radar grava o trafego nas estradas e se um IED é encontrado ou detonado os dados do são voltados até encontrar um veiculo que parou próximo. Depois o veículo é seguido na imagem do radar e o local de origem é depois investigado, podendo ser a fonte de origem do IED. Durante as operações militares a vigilância radar indica veículos suspeitos ao redor e "squirter" que tentam fugir da ação. Também vigiam movimentos que sugerem emboscada.
Os dados adquiridos pelo ASTOR são cruzados com os dados de COMINT do Nimrod R1 e vídeo do Hermes 450. Se necessário podem enviar tropas de helicóptero para investigar com o Shadow R1 apoiando acima. No meio do deserto os movimentos são todos suspeitos. Em várias ocasiões o Raptor foi enviado para conferir e atacou os contatos.
O Sea King ASAC 7 é considerado um mini-ASTOR, mas sem modo SAR no radar. É usado em áreas mais planas pois voa mais baixo e não vê entre as montanhas. A autonomia também é bem menor. O radar pode ser usado para controlar incursões de helicópteros atuando como controlador aéreo.
Os E-3D Sentry são usados para vigilância aérea, mesmo sem este tipo de ameaça no local. A maior ameaça é colisão no ar entre helicópteros voando baixo ou caças voando alto. Se necessário o Sentry é usado para coordenar missões de resgate de pilotos e tropas.
O Beechcraft 350CER Shadow R1 está equipado com FLIR e sistemas de COMINT com dois operadores de sistemas. A aeronave é considerada apertada. Foi comprada para complementar outros meios.
O JSTARS americano passou a ter papel ABCCC junto com o AWACS. Como o ASTOR, o JSTARS funde dados com o SIGINT e pode indicar que o contato no radar é um veiculo inimigo. O JSTARS tem cinco estações de data stream e 22 rádios para comunicação. Pode se comunicar com chat com controladores aéreos em terra e dar alertas. O radar foca em 14 áreas de 10 km2 como outspots ou rotas. O JSTARS está recebendo o SCWD (Strike Common Weapon Datalink) para passar dados de alvos direto para armas guiadas como a JSOW em voo. Já foi sugerido que a USAF substituísse suas grandes aeronaves de ISR com aeronaves menores.
Na canoa abaixo da fuselagem está instalado o radar ASARS-2 do Sentinel.
O Sentinel é usado no Afeganistão com a mesma função de reconhecimento e vigilância das aeronaves não pilotadas. A vantagem é não precisar de um link de satélite permanente o que diminui os custos.
Uma plataforma cara de operar e também usada para Combat ISTAR é o Tornado GR4 equipado com os casulos Raptor e Litening III. Um destacamento de Tornado opera no Afeganistão apoiando as operações em terra. Durante as missões aproveitam para fazer Combat ISTAR com seus sensores. Voando as pares uma aeronave leva sempre o casulo Litening e a outra o Raptor, além de mísseis Brimstone e bombas Paveway IV. As imagens podem ser enviadas para computadores portáteis ROVER usados por tropas em terra ou para Postos de Comando.
Antes das operações terrestres em um local os casulos podem ser usados para coletar imagens do local. As imagens são analisadas pelo TIW (Tacitcal Imagery-Intelligence Wing). As imagens podem ser diárias para ver o que acontece no local. O TIW preparava a análise do terreno, rotas e análises de construções para as missões das tropas em terra. O mais importante é encontrar explosivos improvisadas (IED). Na operação Mushtarak, no inicio de 2010, avaliaram 30 zonas de pouso de helicóptero e várias zonas de lançamento para ressuprimento dos C-130. Outra atividade é o IPE (Preparation of the Environment) que determina que área e que atividade acontece, sendo usada por unidades patrulhando o local.
As imagens do Raptor podem ser visual ou infravermelha. A definição é grande dando detalhe até das roupas de pessoas em terra. A imagem vertical mostra o que aconteceu na área enquanto a obliqua permite ver do altos de vilas. A imagem infravermelha mostra a assinatura no terreno. Uma vantagem do longo alcance dos sensores é poder vigiar um local a distância sem dar nenhum tipo de alerta. As análises das imagem do Raptor consome muito tempo pois os analistas comparam as imagens novas com imagens arquivadas. As pequenas diferenças podem ser IED plantados recentemente. O casulo Raptor, versão original do Goodrich DB-110, pode fotografar todo o Helmand, área de operação das tropas britânicas, em 2 horas. A média por missão é cobrir 500km2. Dá muito trabalho para os analistas de imagem então a missão é realizada de 2 em 2 dias.
O Litening III é usado em vigilância como parte das missões de Apoio Aéreo. Pode ser seguir comboios, cobrir patrulhas terrestres, fazer varreduras contra IED nas estradas, e apoiar grupos de batalhas. Quando usado para reconhecimento o Litening grava e envia as imagem e vídeos, além de poder guiar bombas JDAM e Paveway. Os analistas de imagem preferem um imagem grande. As do Litening são pequenas e as vezes suficientes. Então criam um mosaico com cerca de 50 imagens, mas mesmo assim é menor que uma única imagem do Raptor. Então o Litening é apenas um complemento do Raptor.
Um exemplo prático do dia a dia foi uma missão de Tornado lançada para reconhecer uma zona de pouso de helicóptero. O Litening III foi usado para compor uma imagem da área. Os Analistas de Imagem identificaram linhas de força, árvores e obstáculos próximos do local. Em seis horas foi enviada por email para as forças que realizariam as missões.
Entra o P-99
Os meios e capacidades acima, algumas já perdidas como o ASTOR, podem ser substituídas ou complementadas pelo P-99 equipado para apoiar operações de baixa intensidade. A versão britânica do P-99, se encomendado para substituir as aeronaves perdidas, seria equipada com o radar Searchwater do Nimrod e Sea King ASAC com capacidade MTI, além dos sensores FLIR e COMINT como os usados nos Shadow R1. Seria necessário pelo menos dois operadores de radar, um do FLIR e outro de COMINT. Outros operadores poderiam ser levados para reserva ou para atuar como Estado Maior ou Conselheiros.
Os sensores de COMINT são usados para escuta de rádio e celular. A presença de um tradutor da linguagem local seria necessário. Os sensores podem ter capacidade de triangular a posição das emissões detectadas. A capacidade de interferir nos canais usados pelo inimigo e atrapalhar sua coordenação seria desejável para apoiar operações em terra.
Com um analista de imagem a bordo as imagens do FLIR não precisariam ser enviadas para uma estação em terra como acontece com as aeronaves não tripuladas. Isso economizaria canais de satélite que são o custo mais alto das aeronaves não tripuladas. Apenas as imagens importantes seriam enviadas. Os sensores do FLIR seria a mesma capacidade presente no Nimrod, Shadow R1, Reaper e Hermes 450. O P-99 não tem a limitação do espaço apertado do Shadow e tem maior potencial de crescimento como poder receber mais estações.
O uso de aeronaves de patrulha marítima para apoiar operações em terra é antigo com as aeronaves sendo até reclassificadas como aeronave marítima multimissão (Multi-mission Maritime Aircraft - MMA). Os P-3 da US Navy tem esta missões sendo equipados inicialmente com um FLIR. Os P-3 apoiaram a batalha de Mogadíscio em 1993, enviando imagens par o centro de comando. Atuaram no litoral dos Bálcãs em 1999 onde usaram o míssil SLAM guiado por IIR, para atacar alvos na costa. Inicialmente realizaram missões de reconhecimento no Afeganistão fazendo papel agora do Predator pois a distância das bases impedia a operação de aeronaves não tripuladas. Os AP-3 australianos apoiaram a invasão do sul do Iraque em 2003 e no avanço até Bagdá os P-3 da US Navy acompanharam os USMC apoiando com o FLIR para ver a frente do avanço e como posto de comando aéreo.
Com um casulo DB-110, já em operação, ou o casulo Raptor, o P-99 poderia fazer IMINT. O analista de imagem poderia até operar a bordo. Operando no Afeganistão o casulo seria usado para realizar a tarefa feita atualmente pelo Tornado com um custo mais baixo. Alguns P-3C japoneses estão equipados com o casulo DB-110.
Testes dos flares do E-99 comprado pela Grécia. O P-99 seria equipado com um sistema defensivo completo com lançadores de flare e chaff, alerta radar e alerta de aproximação de mísseis.
Montagem do P-99 armado com mísseis Maverick e Sidewinder. Os mísseis ar-ar estão fazendo parte do arsenal das aeronaves de patrulha marítima. Na Segunda Guerra ocorreram vários duelos entre aeronaves de patrulha que derrubavam o outro com suas metralhadoras de tiro lateral. Já na guerra da Coréia, os P2V-5 Neptune da US Navy, além de realizarem vigilância e reconhecimento, patrulha anti-submarina, escoltas de comboio e interdição marítima, também faziam ajuste de tiro de artilharia naval. Vários foram derrubados por MiGs da China e Rússia em águas internacionais. Nas Malvinas os Nimrod encontraram outras aeronaves argentinas e foram logo armados com o Sidewinder.
Os Nimrod MR4 foram retirados de serviço após gastos de 6,5 bilhões de Libras. Os P-99 do México tem preço unitário estimado em US$ 80 milhões. A capacidade é bem menor, mas preencheria os requisitos de cenários de baixa intensidade.
O P-99 realizaria as missões de patrulha marítima dos Nimrod, sem ter a capacidade anti-submarina característica de um conflito de alta intensidade, mas com capacidade de ser equipado para realizá-la. O P-99 apoiaria as missões de busca e salvamento perdida com a retirada dos Nimrod. A capacidade de reabastecimento em voo seria necessária para compensar o alcance menor comparado com o Nimrod.
O Department of Homeland Security (DHS) americano usa os B-52 da USAF para "fotografar" navios suspeitos a 2 mil km da costa com o casulo Litening. Os alvos são detectados com o radar e o Litening é apontado automaticamente para o alvo. As imagens são envaidas por datalinks para estações em terra para serem analisadas. O B-52 voa a 20 mil pés e ainda com boa separação do alvo que nem percebe a sua presença.
O R-99B da FAB já foi usado no resgate do voo 477 no meio do oceano atlântico. Em duas ocasiões o seu radar com modo SAR detectou objetivos metálicos no mar que depois foram confirmados como sendo da aeronave.
O P-99 com o radar Searchwater 2000AEW atuaria em cenários de baixa intensidade nas missões de Alerta Aéreo Antecipado. A capacidade seria bem inferior a do E-3 Sentry, mas o objetivo principal é controle aéreo evitando colisões, coordenar missões de resgate e reabastecimento em vôo, além de poder atuar como Centro de Comando para missões de Apoio Aéreo Antecipado. Em cenários de alta intensidade o P-99 ainda poderia atuar cobrindo setores secundários e apoiar pacotes pequenos próximos da área de operação. Na operação Desert Storm um E-3 estava sempre operando mais a retaguarda como reserva e apoiando as missões de reabastecimento em vôo o que poderia ser uma missão do P-99.
O radar Searchwater 2000AEW também daria parte da capacidade de vigilância terrestre perdida pelo ASTOR. Um outro radar, ou casulo com radar, poderia ser usado para dar capacidade de tirar fotos radar do solo com modos SAR. O radar não precisa ser de longo alcance para apoiar missões de baixa intensidade. Ao contrário do Sea King ASAC o P-99 não teria a limitação de visualizar vales entre as montanhas, operando a grande altitude, nem ter a pequena autonomia do helicóptero.
Durante a invasão do Iraque em 2003, os Sea King ASaC Mk 7 usaram seu radar para detectar alvos móveis em terra, funcionando com mini-JSTAR. O Sea King usava o radar para vigiar o trafego nas estradas. As estradas usadas regularmente foram identificadas como livre de minas e seriam usadas depois. Também alertava sobre veículos e blindados indo em direção das tropas britânicas. Os dados eram passados para unidades de UAV Phoenix que faziam a identificação visual para ataque posterior pela artilharia. O processo levava até duas horas. O resultado final foi a destruição de 26 carros de combate e cinco blindados leves e peças de artilharia.
Em 2005 foram realizados exercícios de vigilância terrestre com os ASAC identificando veículos para ataque pelos Apache AH.1. Os exercícios incluíam ataque em profundidade dos Apaches, assalto aéreo em profundidade e apoio anti-blindado. O quadro aéreo e terrestre era passado para o comandante em terra pelo Link 16.
O P-99 poderia ser armado com armas para operar sobre terra. No caso Britânico o principal candidato seria o Brimstone DM (Dual Mode) já usado pelos Tornados no local. O Brimstone pode ser usado contra alvos móveis. O alvo é designado com o laser e em caso de manobras evasivas o radar inicia o guiamento por ser melhor contra este tipo de alvo. Para apoio aéreo a precisão e a pequena cabeça de guerra são ideais para atingir alvos próximos das próprias tropas.
A USAF agora está usando seus novos canhoneiros MC-130W Dragon Spear de dia pois estão armados com mísseis Hellfire que permitem voar bem mais alto, longe das ameaças em terra. O Brimstone permite ter esta capacidade, adicionando mais uma missão ao P-99.
Conclusão
O P-99 pode ser uma boa opção para países que estão dando prioridade para cenários de baixa intensidade, com uma plataforma capaz de realizar todas as missões necessárias e até apoiar cenários de média intensidade, com custos acessíveis. A própria FAB poderia ser o comprador inicial, adicionando novas capacidades, e reforçando as vendas da aeronave visto que fica mais fácil vender uma aeronave que já está em operação no país de origem.
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