Está ocorrendo desde o dia 3 de novembro em Natal (RN) o Exercício Cruzeiro do Sul (CRUZEX), o maior da América Latina. O evento que ocorre até o dia 15, contando com aeronaves de militares de 12 países, apresenta pela primeira vez o F-39 Gripen da Força Aérea Brasileira (FAB) e o F-15C Eagle da Força Aérea dos EUA (USAF). E no segundo dia de voos, os novos Gripens brasileiros venceram um combate simulado contra dois F-15 Eagles norte americanos. Contamos como foi esta vitória dos pilotos brasileiros, direto do exercício.
O exercício Cruzex é composto por três fases: a primeira, denominada FAM (Familiarização), inclui voos de familiarização para auxiliar as tripulações na adaptação à Área de Operações; a segunda, FIT (Treinamento de Integração de Forças), promove a integração entre as diversas Forças Aéreas participantes; e a fase final contará com voos em cenários pré-planejados com múltiplas aeronaves, conhecidos como Operações Aéreas Compostas (COMAO).
Nos dias 4 e 5 de novembro foram realizados voos de FAM e FIT. E foi em um voo de FIT, que nesta terça-feira a tarde foi simulado um voo de combate aéreo BVR (Beyond Visual Range) entre dois F-39E Gripen (JAGUAR) da FAB e dois F-15C Eagle (VOODOO) da USAF, ou mais precisamente da Guarda Aérea Nacional de Louisiana (ANG).
Importante salientar que no primeiro voo na terça-feira de manhã, os Gripens não conseguiram superar o caça F-15, amplamente reconhecido como uma das aeronaves de combate mais eficazes em missões ar-ar. Sua história em combate comprova isso, com um recorde extraordinário: até hoje, ele possui mais de 100 vitórias em combates aéreos sem uma única derrota confirmada. Esse retrospecto sem precedentes é resultado do conjunto de fatores que garantem ao F-15 uma superioridade em combate aéreo que poucos caças conseguem rivalizar.
Projetado para ser um caça de superioridade aérea, o F-15 combina alta velocidade, excelente manobrabilidade e uma impressionante capacidade de carga de armamento. Ele é equipado com um radar de longo alcance (originalmente o APG-63, depois atualizado para versões mais avançadas nas variantes mais recentes), capaz de detectar e rastrear alvos aéreos a grandes distâncias. Esse radar permite ao piloto identificar e engajar múltiplos alvos de forma eficaz, garantindo uma vantagem significativa no combate à distância.
A Força Aérea Brasileira (FAB) está realizando o primeiro teste do caça Saab F-39 Gripen em uma simulação de combate. De fabricação sueca e introduzido recentemente na frota da FAB, o F-39 destaca-se como o caça mais poderoso da América Latina. Equipado com tecnologia de ponta, ele é capaz de atingir a velocidade máxima de Mach 2 (o equivalente ao dobro da velocidade do som) em altitudes de até 16 mil metros. A aeronave possui sistemas de sensores, radares avançados e recursos de guerra cibernética inéditos na FAB, que visam aumentar sua eficiência e capacidade de combate. Mesmo ainda em fase de desenvolvimento, o caça está sendo o grande destaque do evento.
E o destaque ficou maior quando em um treinamento de combate na terça-feira, com os Gripens e os F-15s “armados” de forma simulada com mísseis similares, os pilotos brasileiros conseguiram “abater” o então imbatível F-15, fechando o resultado de dois “kills” a zero para o Brasil. O resultado teria impressionado os pilotos norte americanos, que agora analisam onde teriam falhado…
Durante a coletiva de imprensa no dia 4, a FAB informou que a USAF inicialmente traria os seus F-16s, como ocorreu em edições anteriores da Cruzex. Posteriormente decidiu trazer o F-15 para se equiparar melhor aos novos Gripens brasileiros.
O brigadeiro Ricardo Guerra Rezende, diretor do Cruzex 2024 e comandante da Base Aérea de Natal, ressaltou o desempenho impressionante do Gripen durante as operações iniciais, destacando que, apesar de ainda não estar em sua plena capacidade operacional, a aeronave tem se mostrado muito eficiente e avançada. Segundo Rezende, o exercício realizado exclusivamente pelo Brasil nas últimas duas semanas demonstrou o alto potencial do Gripen, mesmo com melhorias em andamento.
Além de seu desempenho, o Cruzex também está testando os sofisticados armamentos do Gripen, como o míssil Meteor, de longo alcance, e o infravermelho Iris-T, de curto alcance. Esses sistemas de armas representam um aumento significativo na capacidade de ataque e defesa da FAB.
O Brasil escolheu o caça sueco em 2013, optando por uma parceria estratégica que inclui transferência de tecnologia para empresas brasileiras, algo que foi fundamental para a decisão. Do total de 36 caças adquiridos, 15 serão fabricados em solo brasileiro, fortalecendo a indústria nacional e possibilitando futuras exportações para países sul-americanos. A Saab, empresa fabricante, já considera o Brasil uma possível plataforma para comercialização do caça na região.
Entre os países que observam de perto o desempenho do Gripen estão Colômbia e Peru, participantes do Cruzex, que avaliam a modernização de suas forças aéreas. O coronel Juan Camilo Vallejo, líder da Força Aérea Colombiana no exercício, destacou o interesse do país em avaliar a performance do Gripen em comparação com outros caças como o Rafale francês e o F-16 americano, que também estão presentes no treinamento. Coincidentemente, no mesmo dia que os Gripens venciam um combate simulado contra os F-15, a Colômbia teria decidido em favor do Gripen E/F para substituir seus antigos jatos Kfir.
Além do Gripen F-39, a FAB também participa do exercício com outras aeronaves de sua frota, incluindo os caças F-5EM, AMX A-1 e A-29B Super Tucano, além dos cargueiros C-105/SC-105 Amazonas, KC-390 Millennium e a aeronave de controle aéreo E-99M.
A Cruzex também conta com a participação inédita de Portugal com a aeronave multimissão KC-390, desenvolvida pela Embraer. O Chile trouxe seus F-16, Argentina os IA-63 Pampa III e C-130 Hercules, Colômbia com o Boeing KC-767 Jupiter, Paraguai com T-27 Tucano e CASA C-212 e Peru com KAI KT-1P e C-130 Hercules. Observadores de países como África do Sul, Alemanha, Canadá, Equador, França, Itália, Suécia e Uruguai estão acompanhando as mais de 1.800 horas de voo programadas para o exercício.
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