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terça-feira, 17 de junho de 2025

Vem aí? Pan Am estaria preparando retorno aos céus

 


Para os nostálgicos da aviação – que não são poucos -, uma informação recente tem gerado burburinho: o possível retorno de voos regulares da Pan American World Airways, ou simplesmente Pan Am, companhia aérea dos Estados Unidos que fez muito sucesso até o início dos anos 90, quando fechou as portas. A Pan Am Global Holdings, que detém a propriedade intelectual da marca, iniciou uma parceria com a consultoria e empresa de investimentos AVi8 Air Capital, especializada em aviação, para tentar reviver a companhia aérea.

Até o momento, não há confirmação de que a Pan Am voltará de fato a existir, apenas estudos que envolvem a estrutura operacional, planejamento financeiro e viabilidade de longo prazo. Além disso, a AVi8 está debruçada nas condições de mercado e na composição de frota. Já é alguma coisa, enquanto também esperamos para saber se a “nova” Pan Am, caso realmente saia do papel, conseguirá emular seu passado glorioso ou será só mais uma na multidão!

Uma breve história da Pan Am

A Pan Am foi criada em 19 de outubro de 1927, inicialmente com serviços aéreos postais para Cuba. Quase três anos depois, iniciaria a operação regular de passageiros, que se estenderia por mais de 60 anos ininterruptos.

Por muito tempo, a empresa se beneficiou de algo muito próximo de um monopólio na exploração de rotas internacionais a partir dos Estados Unidos, o que era uma vantagem e tanto. A Pan Am ficou conhecida pela sua capacidade de conexões entre inúmeros destinos – a título de exemplo, uma das primeiras rotas da companhia ligava Nova York a Mar del Plata, em um percurso que incluía diversas paradas no México, no Caribe e na América do Sul. A estratégia se estendeu para outros continentes e outras rotas, e a marca logo se tornou globalmente conhecida.

A Pan Am foi pioneira em muitos aspectos. Foi a primeira a operar aviões a jato, com a introdução do Boeing 707 nos anos 50, o que garantiu uma vantagem importante sobre a concorrência, e influenciou a fabricante a criar nada mais nada menos do que o Boeing 747. 

A bordo, era reconhecida pelo conforto, sofisticação e inovação. Com assentos amplos e um menu com variedade de opções, especialmente nas classes premium, ninguém passava necessidade. Além disso, foi a primeira a criar uma classe turística (a nossa famosa classe econômica) em voos para fora dos Estados Unidos.

Se até o fim dos anos 1960 a Pan Am era praticamente imbatível, a empresa sentiu o primeiro impacto significativo nos anos 70, com o choque do petróleo. A companhia aérea teve de encarar o aumento nos preços de combustíveis em um momento em que buscava ampliar a sua frota de Boeing 747, uma aeronave de alto custo operacional.

Para completar, a Pan Am não era autorizada a operar voos domésticos, o que era crucial em um momento de dificuldades econômicas e para, obviamente, alimentar as operações internacionais. Para driblar o bloqueio, a empresa apelou para a compra da National Airlines, em 1980. Só que logo depois veio a surpresa: o governo dos Estados Unidos anunciaria a desregulação do setor aéreo local – ou seja, a Pan Am havia desembolsado um valor altíssimo para nada, e ainda teria de encarar a concorrência de empresas low cost que entraram com força no mercado doméstico dos Estados Unidos.

Os problemas seguiram pelos anos seguintes e se agravavam à medida que a Pan Am continuava agregando aviões de grande porte a sua frota. Com o acúmulo de dívidas obrigando a Pan Am a vender ativos importantes e renunciar a diversas rotas. A cascata de problemas levou a companhia aérea a fechar as portas em 1991.

Pan Am no Brasil

A Pan Am teve uma relação muito próxima com o Brasil. Os primeiros voos para cá foram operados já em 1930, e, ao longo da história, e em diferentes épocas, cidades como Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém e Natal foram servidas pela Pan Am. Os voos costumavam seguir pelo menos até Buenos Aires. Incrivelmente, o Brasil também teve voos da capital potiguar para a Monróvia (Libéria), em uma rota que começava em Miami e terminava no Congo!

Além disso, a Pan Am chegou a ter uma subsidiária local, a Panair do Brasil, que ligava Belém a Manaus.

Diferentes aviões foram usados pela Pan Am em suas rotas no Brasil. O mais icônico, obviamente, foi o Boeing 747, que marcou a história da empresa. A bordo, o serviço nos voos de e para o nosso país definitivamente não decepcionava.

Em um relato no livro “Come fly with me”, o autor Gianfranco Beting fala sobre o menu a bordo em um voo do Rio de Janeiro para Nova York na primeira classe: o banquete incluía bebidas como champagne e vodka, entradas com caviar e lagosta, pratos principais que incluíam churrasco – “fatiado na sua frente”, segundo o autor – escalope de vitela, espetos de camarão, arroz com açafrão e legumes na manteiga. Algo inimaginável nos dias de hoje!

Nostalgia e tentativas de retorno

A essa altura, a saudade que muitas pessoas sentem da Pan Am já está mais do que justificada, especialmente em uma época de serviços de bordo cada vez mais escassos e cortes de custos recorrentes em companhias aéreas.

A Pan Am segue viva entre seus fãs por meio de souvenirs com a estética da época em que esteve nos ares, documentários, séries de TV e algumas ações especiais, como um restaurante temático em Brasília aberto em 2021.

Pelo menos duas chances de reviver a companhia aérea foram feitas ainda nos anos 90. No entanto, nenhuma das tentativas foi bem-sucedida no longo prazo, e as novas versões da Pan Am rapidamente saíram de cena.

Pan Am voltará aos céus em junho

Ainda não é o retorno definitivo, mas na próxima segunda-feira (16/06), um Boeing 757 nas cores da Pan Am decolará de Nova York para uma viagem privada de 12 dias em um projeto chamado Tracing the Transatlantic. A iniciativa promete resgatar todo o glamour que marcou a história da empresa.

A proposta é a de levar os passageiros por uma rota histórica que passará por Bermuda, Lisboa, Marselha, Londres e Foynes, na Irlanda. Para isso, cada um desembolsou nada menos do que US$ 65.500 (algo em torno de R$ 360 mil). A bordo, 50 assentos na configuração de classe executiva receberão os viajantes

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