
As recentes tensões comerciais entre os Estados Unidos e o Brasil, com a imposição de taxas mais altas sobre produtos brasileiros por parte do Governo de Donald Trump, podem se tornar uma ameaça às vendas de aeronaves comerciais da Embraer. Entendendo isso, o mercado reagiu e as ações da empresa na B3 caíram 11% na semana passada.
A verdade é que, neste momento, os detalhes são escassos e não está claro como a fabricante brasileira será impactada pelas mais recentes ameaças tarifárias do presidente Donald Trump, mas podem ser traçados alguns cenários.
O assunto veio à tona novamente na semana passada, depois que Trump voltou a agitar os mercados globais com ameaças de aumentar tarifas sobre parceiros comerciais, incluindo a possibilidade de impor impostos de até 50% sobre produtos importados do Brasil.
Essa elevação representa um aumento significativo em relação à tarifa de 10% que Trump impôs unilateralmente à maioria dos países do mundo, taxa que as empresas brasileiras já consideraram em seus planos financeiros.
Caso não seja feita uma exceção para produtos aeroespaciais brasileiros, o aumento das tarifas para 50% provavelmente elevará o preço dos jatos regionais para os clientes dos EUA.
A questão de saber se esses custos poderão ser repassados às companhias aéreas e aos passageiros permanece em aberto. Enquanto isso, a Embraer disse que está “avaliando os potenciais impactos em suas operações após o anúncio do governo dos EUA sobre um possível aumento nas tarifas para produtos brasileiros”.
Qualquer impacto esperado nos lucros da Embraer será reportado durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre da empresa em 5 de agosto. A fabricante aérea afirma estar “engajando ativamente com as autoridades relevantes buscando restaurar a isenção de impostos de importação para o setor aeronáutico”.
No final do primeiro trimestre, quase 95% de seu backlog de 160 unidades firmes do jato regional E175, o mais vendido da história da fabricante brasileira, era de transportadoras americanas. Esse percentual deve ter aumentado, pois a SkyWest fez um pedido firme de 60 E175, além de direitos de compra para mais 50 aeronaves, durante o recente salão aéreo de Paris.
As transportadoras americanas, por sua vez, ainda não se posicionaram publicamente sobre como vão reagir ao aumento das tarifas e as suas encomendas de aviões Embraer, mas alterações nos planos de entrega ou mesmo cancelamentos de pedidos não seriam possibilidades totalmente descartadas.
Caso as tarifas mais altas entrem em vigor, as companhias aéreas terão poucas opções, dada a falta de alternativas ao E175 no mercado, tanto construídas nos EUA quanto em outros lugares.
Os operadores americanos já tiveram que absorver o aumento de 10% sobre os jatos da Embraer devido à tarifa inicial, o que provavelmente será repassado aos clientes na forma de preços mais altos nas passagens, mas 50% de aumento seria algo de altíssimo impacto para todos os lados.
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