A Colômbia está prestes a assinar um contrato histórico com a fabricante sueca Saab para a aquisição de 18 caças Gripen E, em uma operação avaliada em US$ 1,9 bilhão, tornando-se uma das maiores compras de defesa do país nas últimas décadas. O anúncio oficial deve ocorrer neste mês, após ajustes finais nas condições de compensação industrial, segundo informou o ministro da Defesa, Pedro Sánchez.
O financiamento será provido pelo governo sueco por meio de uma linha de crédito de longo prazo, com período de carência inicial de oito anos, tornando o acordo financeiramente viável. Além do investimento militar, o contrato inclui transferência de tecnologia e projetos sociais voltados para energia renovável, acesso à água potável e fortalecimento da infraestrutura de saúde, ampliando o impacto da aquisição para além da esfera militar.

A necessidade de modernizar a Fuerza Aeroespacial Colombiana tornou-se urgente devido à obsolescência da frota de Kfir e aos elevados custos de manutenção. Diversas aeronaves precisaram ser “canibalizadas”, utilizando peças de unidades inoperantes para manter outras em voo, evidenciando a insustentabilidade da frota existente.
Antes do acordo com a Saab, a Colômbia avaliou o F-16 americano e o Rafale francês, mas custos operacionais, limitações logísticas e ajustes na infraestrutura inviabilizaram essas opções. A oferta chinesa de 24 caças J-10CE, apresentada durante uma visita de Estado em maio de 2025, também não avançou, enquanto a proposta sueca se destacou por combinar condições de financiamento favoráveis, acordos de compensação industrial e adaptabilidade operacional.
A experiência do Brasil, que já opera o Gripen E e mantém uma linha de montagem local com a Embraer, fornece à Colômbia valiosas lições em integração industrial e transição operacional, reduzindo riscos e acelerando a implementação da nova frota.
O Gripen E é um caça multirole de última geração, equipado com o motor turbofan F414G da General Electric, capaz de gerar até 98 kN de empuxo, atingindo velocidades de Mach 2, com raio de combate superior a 1.300 quilômetros e capacidade de operar acima de 16.000 metros. Sua arquitetura modular de aviônicos permite integração rápida de novos sistemas sem comprometer os softwares críticos de voo, enquanto seu design, com asa delta, canards e controles digitais fly-by-wire, oferece manobrabilidade, estabilidade e capacidade de operar em pistas curtas ou semi-preparadas, ideal para o terreno montanhoso da Colômbia.
O Gripen E foi projetado para alta disponibilidade operacional, com tempo de reabastecimento e rearmamento inferior a 20 minutos, mesmo com equipes de solo limitadas, e conta com uma suíte completa de guerra eletrônica 360°, incluindo receptores de alerta de radar, sistemas de alerta de aproximação de mísseis e pods de interferência.
Com a aquisição, a Colômbia se tornará o segundo operador do Gripen E na América Latina, após o Brasil, fortalecendo sua capacidade de defesa aérea e contribuindo para a estabilidade regional. O contrato moderniza a frota colombiana, fomenta cooperação tecnológica e industrial e abre caminho para futuras parcerias em defesa e aviação militar.

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