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domingo, 15 de junho de 2025

Pentágono cogita substituir Boeing 737 por turboélice naval como radar aéreo

 Avião E-2C Hawkeye a bordo de porta-aviões

O Pentágono pode estar preparando uma mudança significativa na operação de suas plataformas de alerta aéreo antecipado, os chamados aviões AWACS.

Essas aeronaves com radares embarcados são fundamentais para garantir a superioridade aérea e desempenham um papel estratégico em combates modernos. Um exemplo claro disso ocorreu no conflito entre Índia e Paquistão, quando o Paquistão utilizou de forma mais eficaz seus turboélices Saab 340 AEW&C para guiar caças e abater aeronaves indianas.

Atualmente, os Estados Unidos operam dois tipos principais de aeronaves de alerta antecipado: o E-3 Sentry, baseado no Boeing 707 e operado pela Força Aérea (USAF), e o E-2 Hawkeye, um turboélice desenvolvido pela Northrop Grumman, usado pela Marinha (USN) em operações a partir de porta-aviões nucleares, como mostra a nossa foto de capa desta reportagem.

Embora o E-2 Hawkeye tenha origem nos anos 1960, ele passou por diversas atualizações e é produzido até hoje em sua versão mais recente, a E-2D Advanced Hawkeye. Já o E-3 Sentry, fabricado entre 1977 e 1992, possui unidades modernizadas na OTAN, com troca dos antigos motores TF33 pelo CFM56, o mesmo usado em jatos comerciais Boeing 737.

Avião E-3 da OTAN
E-3 Sentry | Divulgação – OTAN

Com a frota da USAF envelhecida, o substituto do E-3 já havia sido definido: o E-7 Wedgetail, operado por países como Austrália, Coreia do Sul, Turquia e Reino Unido, além da própria OTAN em uma compra conjunta multi-nacional do bloco. A aeronave é baseada no Boeing 737-700, mas a Boeing tem enfrentado atrasos e aumento de custos em sua produção, o que gerou forte insatisfação no Pentágono.

Durante uma audiência no Congresso, o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, criticou o cronograma do E-7, afirmando que a aeronave pode chegar obsoleta em 2028. Ele respondeu à senadora Lisa Murkowski, do Alasca — estado que abriga esquadrões de E-3 — alertando sobre a urgência da substituição.

O E-7 está atrasado e ficou mais caro. Para preencher essa lacuna, e depois migrar para vigilância satelital, é o melhor que podemos fazer diante dos desafios atuais“, afirmou Hegseth.

Avião E-7 Wedgetail em voo
E-7 | Divulgação – Boeing

A estratégia do Departamento de Defesa inclui o desenvolvimento de satélites com radares de ultra longo alcance, que permitiriam vigilância contínua do espaço aéreo norte-americano sem a necessidade de aeronaves em patrulha constante. No entanto, esses satélites ainda estão em fase de projeto e só devem entrar em operação na próxima década.

Por isso, o Pentágono agora propõe cancelar o orçamento para o E-7 no ano fiscal de 2026 (apesar da Boeing já estar montando os jatos e cumprindo o contrato assinado em 2022) e utilizar o E-2D Hawkeye também na USAF, como revelou o site The War Zone. A proposta foi endossada por Bryn Woollacott MacDonnell, assistente especial do Secretário de Defesa, que confirmou um orçamento de US$ 150 milhões para a compra conjunta de cinco E-2D e mais US$ 1,4 bilhão para aquisições futuras.

Apesar do apoio, a ideia enfrenta resistência dentro da própria Força Aérea. Oficiais apontam as limitações do E-2D, como alcance e velocidade inferiores, o que reduz sua efetividade. O General Mark D. Kelly, então comandante do Comando de Combate Aéreo da USAF, já havia criticado em 2020 a falta de investimento dos EUA em plataformas modernas de controle aéreo, ao contrário de seus aliados que já garantiram o E-7 em sua frota bem antes da decisão da USAF, feita apenas posteriormente.

Assim como ocorreu com o processo de substituição dos reabastecedores KC-10 e KC-135 pelo problemático KC-46, a USAF enfrenta dificuldades em modernizar sua frota de alerta aéreo. O risco é que, diante de atrasos, o governo opte por soluções improvisadas, enquanto aposta em tecnologias ainda não comprovadas — acreditando que guerras futuras poderão ser vencidas apenas com inteligência artificial e sistemas automatizados.

sábado, 14 de junho de 2025

 


Divulgação – Piedmont Airlines

A Piedmont Airlines, subsidiária regional da American Airlines, anunciou nesta terça (10) um passo histórico em sua trajetória: a introdução de uma nova frota de jatos Embraer E175 a partir de 2028. A mudança marca o início de uma nova fase para a companhia aérea, pautada por crescimento, estabilidade e foco em segurança e excelência operacional.

Segundo a empresa, os primeiros jatos E175-E1 chegam no primeiro trimestre de 2028 novos de fábrica e começam a operar comercialmente meses depois. Ao todo, serão 45 aeronaves recebidas ao longo de três anos, com entregas mensais de uma a duas unidades, enquanto a frota atual de Embraer ERJ-145 continuará ativa.

O E175 é um jato regional com 76 assentos, sendo 12 na classe executiva e 64 na cabine principal, além de oferecer Wi-Fi via satélite de alta velocidade e tomada individual em todos os assentos — melhorias que prometem elevar a experiência dos passageiros. O jato é o líder absoluto do mercado regional americano e o único em produção atualmente que possa atender os requisitos do sindicato de pilotos para aéreas terceirizadas.

Investimento da American Airlines e foco em confiabilidade

O investimento na nova frota é realizado pelo grupo American Airlines e reflete a confiança na atuação da Piedmont dentro da rede regional da companhia. “A alocação dos novos E175 para a Piedmont é resultado direto do comprometimento da equipe com segurança, excelência operacional e atendimento ao cliente”, afirmou Nate Gatten, vice-presidente executivo da American Eagle.

O presidente da Piedmont Airlines, Eric Morgan, destacou o papel da equipe no novo ciclo da empresa: “Mais de 11 mil colaboradores são a força por trás de cada conquista. Estamos animados com o que essa nova frota representa para nossos clientes e funcionários: mais espaço, conforto e estilo, entregues pelo melhor time da aviação regional.

Nova frota fortalece presença no mercado regional

Fundada em 1962, a Piedmont — anteriormente Henson Aviation — construiu uma sólida reputação dentro da American Eagle, operando com alto padrão de confiabilidade. A última renovação de frota havia ocorrido em 2016, com a substituição dos turboélices canadenses Dash 8 pelos atuais jatos brasileiros E145.

A chegada dos E175 alinha a Piedmont às principais operadoras regionais dos Estados Unidos, com um produto de duas classes mais moderno e competitivo. “Fomos reconhecidos como o operador mais confiável do mundo com o Embraer E145 em 2022, 2023 e 2024. Estamos prontos para alcançar o mesmo com os E175”, completou Morgan.

As rotas específicas, bases de manutenção e centros de tripulação para os novos jatos serão anunciados nos próximos meses. A Piedmont seguirá operando com duas frotas ativas até pelo menos meados da década de 2030, garantindo um serviço premium e de alta performance.

quinta-feira, 12 de junho de 2025

M-345 entra em serviço na Força Aérea Italiana

 

A nova aeronave de treinamento substitui o MB-339 e fortalece a liderança da Itália no treinamento de pilotos militares

A data de 12 de junho de 2025 representa um marco fundamental para a Aeronautica Militare Italiana (AMI) e para a Leonardo, com a introdução oficial do M-345 (designado T-345A pelas Forças Armadas) em sua frota de aeronaves de treinamento para pilotos militares.

Agora operacional na 61ª Ala em Galatina (LE), substituindo o MB-339 (T-339A), o sistema M-345, juntamente com o M-346 – ambos projetados, desenvolvidos e fabricados pela Leonardo em sua unidade de Venegono Superiore (Varese, Itália) – consolidam a liderança da Itália no treinamento de pilotos militares atuais e futuros. A combinação desses dois sistemas de treinamento permite abranger todo o processo de treinamento de pilotos militares – desde a fase inicial básica até a fase mais avançada.

O M-345 se baseia na longa experiência da Leonardo na área de treinamento militar, fruto do sucesso de aeronaves como o SIAI-Marchetti SF-260, o Aermacchi MB-326 e o ​​Aermacchi MB-339. O MB-339, em particular, serviu por mais de 40 anos treinando pilotos militares italianos e estrangeiros e agraciando os céus do mundo todo com as pistas tricolores da Seleção Acrobática Nacional – que em breve adotará o M-346 da Leonardo como sua nova aeronave.

Com o M-345 agora integrado ao programa de treinamento da Força Armada, a Força Aérea Italiana contará com o mais moderno sistema de treinamento militar de asa fixa da Europa.


Desempenho do jato a custo de turboélice

O jato M-345 oferece desempenho superior ao de um jato turboélice de última geração com custos operacionais comparáveis.

Definitivamente, um sistema de treinamento integrado de última geração que abrange os estágios básico e avançado (Fases II e III) do treinamento de pilotos. Graças à sua aviônica totalmente digital e à inovadora interface homem-máquina, o M-345 se encaixa perfeitamente no programa de treinamento, auxiliando os pilotos na transição para caças de última geração.


Tecnologia avançada e sustentabilidade

O M-345 é equipado com um motor turbofan Williams FJ44-4M-34, otimizado para uso militar, com alto desempenho e reduzido consumo de combustível. A aeronave foi projetada para uma vida útil prolongada, contando com um sistema de monitoramento integrado que reduz o tempo e os custos de manutenção, ao mesmo tempo em que aumenta a prontidão e a eficiência da frota.

Em linha com os padrões dos jatos militares de nova geração, a aviônica digital do cockpit conta com uma interface homem-máquina altamente avançada, composta por três displays multifuncionais (MFDs) coloridos com tela sensível ao toque e um HUD (Head-Up Display), que proporciona uma experiência de voo imersiva. O cockpit oferece excelente visibilidade externa e assentos duplos escalonados, com controles HOTAS (Hands On Throttle-And-Stick) que permitem aos pilotos pilotar a aeronave sem tirar as mãos dos controles principais.

Capacidade do sistema

A capacidade do Sistema Integrado de Treinamento M-345 consiste em uma aeronave moderna e um conjunto completo de Sistemas de Treinamento em Terra inovadores com capacidades únicas em termos de desempenho de treinamento, custo-benefício e sustentabilidade.

Duas aeronaves para uma solução de treinamento única e de classe mundial

Os sistemas integrados Leonardo M-345 e M-346 oferecem um caminho de treinamento contínuo que garante uma transição suave pelas diferentes fases do treinamento, melhorando a eficácia geral do programa de treinamento.


Fonte: Leonardo

Força Aérea Peruana está perto de definir seu próximo caça

 

Em entrevista concedida ontem ao programa televisivo Edición Especial, o comandante da Força Aérea Peruana (FAP), general del Aire Carlos Enrique Chávez Cateriano, enfatizou que a força está na fase final do programa de seleção das novas aeronaves de combate que substituirão tanto os MiG-29SE/UB já desativados quanto os Mirage 2000P/DP.

O general Chávez Cateriano explicou que o programa já dura 13 anos e declarou: “estamos atualmente em negociações finais com o Ministério da Economia e Finanças, em um processo econômico chamado ‘concertación’ (concertação). O orçamento foi aprovado no ano passado e estamos buscando fontes de financiamento para preparar um Decreto Supremo que o presidente deve assinar antes do final de junho, liberando assim os fundos aprovados para a conta da força. Ao mesmo tempo, estamos na fase final de obtenção de preços e condições finais dos três licitantes que vocês já conhecem. É bom ter três licitantes porque isso gerará concorrência entre eles, o que será benéfico para o Peru, pois eles nos oferecerão um produto melhor a um preço menor”.

As três aeronaves em consideração são o Lockheed Martin F-16 Block 70, o Dassault Rafale F4 e o Saab JAS 39E/F Gripen NG, após terem sido analisados ​​outros nove modelos, entre os quais, até onde pudemos apurar, há opiniões divididas dentro da equipe técnica da FAP, onde alguns preferem o Rafale pela experiência com equipamentos franceses, além de suas capacidades superiores aos outros dois em vários aspectos, outros o F-16 por ser um modelo já comprovado, com uma doutrina já desenvolvida e a FAP conhecer bem os equipamentos americanos, e outros preferem o modelo sueco pela oferta de transferência de tecnologia e porque o fabricante argumenta ter menores custos operacionais.

O general enfatizou que eles estão atualmente trabalhando com cada licitante para determinar os detalhes de suas ofertas e o que cada uma inclui. “A fábrica tem um padrão, mas cada país escolhe o que melhor se adapta às suas necessidades. Então, vou dar um exemplo, certo? O avião é capaz de transportar tanques de combustível adicionais; alguns ficam suspensos sob as asas e outros são fixados na parte traseira do avião. Cada um tem um preço, então eu digo, se eu tiver a possibilidade de reabastecer em voo, não preciso colocar quatro tanques no avião, mas se eu não tiver uma aeronave de reabastecimento, preciso comprar mais tanques, e isso adiciona um pouco mais, subtrai um pouco menos. Essa é a fase final em que estamos agora com os três fabricantes. Ao mesmo tempo, estamos na fase final do orçamento, então estabelecemos um prazo para concluir ambos os processos com o processo técnico. E definimos 31 de julho para o processo econômico. Nessa ocasião, apresentaremos ao Ministro da Defesa o resultado final de todos esses estudos longos e profissionais que conduzimos. Essa etapa, com a ordem de prioridade, indicando qual atende 100% das expectativas, qual se transforma 98. “De qualquer forma, o comandante da FAP enfatizou que “qualquer um dos três será bom, mas entre os três sempre haverá um melhor que o outro”, e acrescentou que a decisão final será tomada pelo Ministério da Defesa com base nas recomendações da Força Aérea.

Ele também explicou que, “com otimismo, queremos assinar o contrato antes do final do ano e iniciar o processo de fabricação. Entendemos que não somos os únicos clientes, então o tempo de atendimento será determinado pelo número de clientes à nossa frente na fila. Cada um desses três licitantes tem outros clientes atendendo, e é aí que podemos determinar quando as primeiras unidades chegarão. Não será amanhã, é claro; o processo de fabricação de caças leva tempo”. Nesse sentido, ele explicou que as entregas podem começar em cerca de dois anos ou um pouco mais, embora isso dependa do que for acordado com o licitante vencedor. Portanto, se o contrato for assinado, a FAP poderá ter seus primeiros novos caças até o final de 2027 ou em 2028.

quarta-feira, 11 de junho de 2025

Austrian Airlines planeja substituir seus jatos Embraer E195

 A transportadora do Grupo Lufthansa avalia opções para modernizar sua frota regional, atualmente composta por 17 E-Jets

Embraer E195 da Austrian Airlines
Austrian Airlines Embraer E195 (Bene Riobó)

“Estamos considerando substituir nossa frota de Embraer”, disse uma porta-voz. O processo permanece em aberto e nenhum tipo específico de aeronave ou cronograma foi definido ainda. “Tudo será verificado; há considerações para todos os tipos de aeronaves”, disse ela.

Apesar disso, entende-se que as aeronaves em questão seriam o Airbus A220 e o Embraer E2, a nova geração de E-Jets.


Os E195 da Austrian eram originalmente operados pela Lufthansa CityLine e foram fabricados entre 2009 e 2012. Os jatos foram transferidos para a Austrian entre 2015 e 2017 como parte de um programa de renovação de frota que substituiu os antigos Fokker 70 e 100.

Helvetic Airways E190-E2 e um Swiss A220-100 (Suíça)

Na época, a Austrian foi considerada a operadora de lançamento do A220 dentro do Grupo Lufthansa, mas a aeronave acabou sendo alocada à Swiss , enquanto a Austrian recebeu os E-Jets.

Além dos jatos regionais, a Austrian Airlines também precisará renovar parte de sua frota de aeronaves de fuselagem estreita Airbus nos próximos anos. A atual linha de voos de curta distância inclui 29 A320, cinco A320neo e seis A321, alguns dos quais com mais de 25 anos — como um A321 de 1995 e um A320 de 1998.

Este plano de renovação de curta distância ocorre em um momento em que a Austrian também está renovando sua frota de longa distância, aposentando seus Boeing 767-300ERs e 777-200ERs em favor de uma nova linha de 11 Boeing 787-9 Dreamliners.

Interesse pelo Embraer C-390 avança na África. Nigéria estreita contatos

 

Imagem meramente representativa

 Em matéria de 06 de junho, o portal Africa Intelligence reporta que a Força Aérea Nigeriana (NAF) só pode contar com três aeronaves de transporte C-130 antigas e que está na busca por soluções.


De acordo com essa mídia, as negociações com a fabricante europeia Airbus para aquisição da aeronave de transporte C295 estão estagnadas. A Airbus já apresentou pacotes de financiamento, que poderiam assumir a forma de um crédito à exportação. No entanto, eles estão demorando muito para serem aprovados pelo Ministério da Defesa, o que está atrasando o processo de conclusão de um contrato. As negociações se arrastam desde 2016.

Embraer
Oferecendo uma aeronave com maior capacidade de transporte que o Airbus C295, a fabricante brasileira Embraer também está em campanha na Nigéria para promover seu KC-390, conforme Africa Intelligence. O Marechal do Ar Abubakar visitou o Brasil no início de abril para conversas com as equipes da fabricante sul-americana. No início de 2024, uma aeronave KC-390 realizou um voo de demonstração em Kaduna, no norte da Nigéria. Assim como a Airbus, o governo nigeriano ainda não decidiu formalmente sobre a potencial aquisição dessas aeronaves. 

O portal africano finaliza afirmando que empresa brasileira não está focada apenas em Abuja (capital da Nigéria). No continente, também está anunciando as mesmas aeronaves em Angola e na África do Sul, bem como no Marrocos, onde as negociações estão bem mais avançadas. 

Histórico de Cooperação entre a Nigéria e a Embraer 
Como pode ser visto abaixo, o histórico de colaboração e contatos entre a Nigéria e a Embraer resgatado por esta Consultoria, iniciado com a aquisição dos A-29 Super Tucano, estabeleceu uma base de confiança que pode facilitar futuras negociações envolvendo o C-390 Millennium e mesmo aeronaves comerciais. A demonstração da aeronave militar de transporte em 2024, o fórum bilateral e as recentes visitas ao Brasil indicam um interesse mútuo em aprofundar essa parceria estratégica. 

- Aquisição do A-29 Super Tucano (2018–2021)
Em 2018, a Nigéria encomendou 12 aeronaves de ataque leve A-29 Super Tucano, fabricadas pela Embraer em parceria com a Sierra Nevada Corporation (SNC). Essas aeronaves foram entregues até 2021 e são utilizadas em missões de combate ao grupo extremista Boko Haram, além de operações de treinamento e apoio aéreo tático .

- Fórum Brasil-Nigéria de Segurança e Defesa (2022)
Em junho de 2022, o Ministério da Defesa do Brasil, em parceria com o Itamaraty, organizou o Brazil-Nigeria Aviation Security & Defense Trade Forum em Abuja. O evento visou estreitar os laços entre os dois países nas áreas de aviação, segurança e defesa, promovendo oportunidades de cooperação industrial e comercial.

- Demonstração do C-390 Millennium (2024)
Em janeiro de 2024, a Embraer levou o cargueiro KC-390 Millennium à Nigéria para demonstrações à Força Aérea Nigeriana (NAF). A visita ocorreu entre os dias 27 e 30 de janeiro, com o objetivo de apresentar a aeronave como potencial substituta dos antigos C-130H Hercules, em operação desde 1975.

- Visita do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Nigeriana ao Brasil (04/2025)
O Marechal do Ar Hasan Bala Abubakar, Chefe do Estado-Maior da Força Aérea Nigeriana (NAF), realizou uma visita estratégica ao Brasil de 1º a 4 de abril de 2025. Durante sua estadia, ele participou da feira de defesa LAAD (Latin America Aero & Defence) no Rio de Janeiro e manteve reuniões de alto nível com representantes da Embraer, da Força Aérea Brasileira (FAB) e de outros parceiros internacionais do setor aeroespacial e de defesa.

O principal objetivo da visita foi fortalecer a cooperação entre a Nigéria e o Brasil nas áreas de modernização da frota, treinamento, logística e desenvolvimento tecnológico. As discussões focaram na ampliação das capacidades operacionais da NAF, com destaque para o interesse na aquisição do cargueiro militar C-390 Millennium, da Embraer, como parte do processo de substituição dos antigos C-130 Hercules em serviço na Nigéria.

Além disso, o Marechal Abubakar enfatizou a importância de parcerias internacionais para tornar a Força Aérea Nigeriana mais moderna, ágil e preparada para os desafios contemporâneos. A visita também reforçou o compromisso da NAF com os objetivos estratégicos de 2025, que incluem prontidão operacional, inovação e alianças globais.

- Visita do Ministro da Aviação e Desenvolvimento Aeroespacial da Nigéria (05/2025)
Em maio, o Ministro da Aviação e Desenvolvimento Aeroespacial da Nigéria, Festus Keyamo, realizou uma visita estratégica à Embraer em São José dos Campos, São Paulo, Brasil, com o objetivo de fortalecer o setor de aviação nigeriano e explorar a possibilidade de estabelecer uma rota aérea direta entre a Nigéria e a América do Sul, conforme diretriz do presidente nigeriano. 

Acompanhado do Diretor-Geral da Autoridade de Aviação Civil da Nigéria (NCAA) e operadores locais, Keyamo se reuniu com representantes da Embraer para discutir parcerias que facilitem o acesso a aeronaves modernas, opções de leasing favoráveis e uma rede de financiadores confiáveis. A visita incluiu conversas sobre como a Embraer pode apoiar o ecossistema de aviação da Nigéria por meio de sua expertise e contatos com arrendadores e instituições financeiras, visando o crescimento e a expansão das operadoras nigerianas.

Índia quer aeronaves ISTAR para inteligência ar-solo e aquisição de alvos. Embraer C-390 seria uma opção?

 

Imagem meramente representativa


O jornal indiano The Economic Times divulga hoje que o Ministério da Defesa da Índia está prestes a analisar um projeto de 10.000 crores de rúpias (cerca de US$ 1,166 bilhão). Este projeto visa adquirir três aviões espiões avançados (ISTAR) para aprimorar as capacidades de vigilância e aquisição de alvos da Força Aérea Indiana, fornecendo inteligência ar-solo detalhada, o que permitirá ataques precisos contra alvos inimigos. O sistema ISTAR será desenvolvido internamente pelo DRDO, que equipará as aeronaves com sensores e sistemas eletrônicos totalmente nacionais. Esses sistemas de vigilância e direcionamento a bordo já foram desenvolvidos e testados pelo Centro de Sistemas Aerotransportados (CABS) do DRDO. O jornal especula que as aeronaves provavelmente serão de "gigantes da aviação internacional como Boeing ou Bombardier".


O sistema ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento) é amplamente utilizado em aeronaves militares, especialmente em drones (Veículos Aéreos Não Tripulados - VANTs) e plataformas tripuladas para missões de coleta de dados, monitoramento e apoio tático, constituindo-se em uma capacidade estratégica essencial para forças armadas modernas. Vários países operam aeronaves equipadas com capacidades ISTAR, que incluem sensores avançados, radares, câmeras de alta resolução e sistemas de comunicação criptografada. 

Assim, surge a pergunta: poderia o C-390 Millennium preencher os requisitos indianos?
A possibilidade de as aeronaves ISTAR (Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvos e Reconhecimento) mencionadas para aquisição pela Força Aérea Indiana (IAF) serem o Embraer C-390 Millennium é plausível e será analisada nos tópicos abaixo, mas depende de alguns fatores-chave, considerando-se as informações disponíveis e o contexto do programa indiano de aquisição de aeronaves de transporte médio (MTA) e capacidades ISTAR.

O projeto ISTAR indiano é mais voltado para missões de inteligência e vigilância terrestre e aquisição de alvos em ambientes de guerra de superfície (semelhante ao JSTARS americano), não apenas vigilância aérea, o que, em tese, contraindicaria aeronaves menores e mais leves, como o Embraer Praetor 600 AEW&C, desenvolvido pela Embraer e pela IAI / ELTA Systems, cujo foco está em missões de alerta antecipado e vigilância aérea.

Interesse da Índia no C-390 Millennium  
A Índia tem demonstrado interesse no C-390 Millennium da Embraer, especialmente no contexto do programa Medium Transport Aircraft (MTA). Uma delegação de defesa indiana visitou o Brasil em novembro de 2024, e relatórios indicam que discussões sobre a aquisição do C-390 estão em andamento. A Embraer, em parceria com a Mahindra Defence Systems, assinou um Memorando de Entendimento (MoU) para avaliar a fabricação conjunta do C-390 na Índia, o que reforça a posição da aeronave como candidata forte para programas de defesa indianos.

A Embraer também estabeleceu uma subsidiária integral na Índia, sinalizando um compromisso estratégico para expandir sua presença no mercado indiano, especialmente para o programa MTA.

Em matéria de 11/04/2023, o portal indiano idrw.org  publicou que a Força Aérea Indiana (IAF) está procurando adquirir de 60 a 80 aeronaves de transporte multifuncionais (MTA) para serem usadas como transportadores de médio curso, para fabricá-las em conjunto no país sob Transferência de Tecnologia (ToT). Informou também saber que a aeronave que for selecionada será usada como uma plataforma para o desenvolvimento de aeronaves de reabastecimento em voo (FRA) e, também, de alerta aéreo antecipado e controle (AEW&C), pois a IAF planeja ter mais plataformas locais para reforçar seus requisitos enquanto a Força Aérea Chinesa (PLAAF) expande sua frota de multiplicadores de força (como são conhecidas as aeronaves AEW&C).

Em 16/12/2024, o idrw.org divulgou uma novidade importante: "A Embraer, em seu briefing para a Força Aérea Indiana (IAF) para a licitação de aeronaves de transporte médio (MTA) para 60 transportadores, apresentou uma nova proposta ousada: o C-390M Millennium equipado com hardpoints sob suas asas para transportar sistemas de armas ar-superfície. Essa capacidade, destinada a fornecer capacidades operacionais antiterrestres e antinavio, pode posicionar o C-390M como uma plataforma versátil e multifuncional, além de suas funções primárias de transporte".

Segundo declarações atribuídas à Embraer, o C-390 Millennium pode ser modificado, interna e externamente, para se adequar às exigências operacionais do usuário.

Capacidades ISTAR do C-390 Millennium  
O C-390 Millennium é uma aeronave multimissão que já possui capacidades para missões de transporte tático, reabastecimento aéreo (como KC-390) e está sendo adaptada para missões ISTAR, incluindo patrulha marítima (Maritime Patrol). Em dezembro de 2024, a Embraer e a Força Aérea Brasileira (FAB) assinaram um acordo para desenvolver uma variante específica do C-390 para missões de Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR), chamada C-390 IVR, com foco em patrulha marítima. Essa variante incorpora sistemas avançados de comunicação, sensores e autoproteção, que atendem aos requisitos de missões ISTAR.

Portugal, que aderiu ao programa em 2010 e recebeu sua primeira unidade em outubro de 2022, está participando do desenvolvimento da nova variante ISR do C-390. Esta versão integrará radar de abertura sintética, sensores eletro-ópticos e infravermelhos, sistemas de comunicação avançados e pontos de fixação externos para carga útil, com uma configuração modular roll-on/roll-off para manter a flexibilidade entre as missões. Esses desenvolvimentos foram anunciados na exposição de defesa LAAD 2025, onde foram formalizados acordos de cooperação entre a Embraer e a Força Aérea Portuguesa.

A aeronave já é reconhecida por sua versatilidade, com capacidade de carga de 26 toneladas, velocidade máxima de 470 nós e alta confiabilidade (taxa de conclusão de missões acima de 99%). Essas características a tornam adequada para as exigências operacionais de missões ISTAR, incluindo vigilância e reconhecimento.

Requisitos da Índia para sistemas nacionais  
O projeto ISTAR da Índia enfatiza a integração de sensores e sistemas eletrônicos totalmente nacionais. Embora o C-390 seja uma plataforma brasileira, a Embraer tem experiência em integrar sistemas personalizados para atender às necessidades específicas de clientes. A parceria com a Mahindra Defence Systems poderia facilitar a incorporação de tecnologias indianas, como sensores e sistemas de comunicação desenvolvidos localmente, para cumprir os requisitos de nacionalização.

A Índia já opera o Embraer ERJ-145 modificado com radar AESA israelense para alerta antecipado (Netra AEW&C), suítes de guerra eletrônica e outros equipamentos AEW&C desenvolvidos e implantados pelo DRDO. No entanto, esse é um jato regional, não um cargueiro militar, e o C-390 ainda não foi testado nesse tipo de papel, além de não haver ainda uma variante oficial sua voltada para missões ISTAR, AEW&C (Alerta Aéreo Antecipado) ou SIGINT (inteligência de sinais).

As três plataformas EMB 145 AEW&C - chamados de Netra Mark-1 ou Netra AEW&C nesse país - são produto da colaboração entre a Embraer e a estatal indiana Organização de Desenvolvimento e Pesquisa de Defesa (DRDO). São equipadas com um conjunto completo de sistemas de missão, composto por um potente radar de vigilância aérea e sistema de comando e controle, além de um conjunto completo de sistemas de apoio à missão, tais como avançados sistemas de comunicação e apoio eletrônico, link de dados, e dispositivos de autoproteção. Os sistemas de missão foram desenvolvidos pelo Centre for Airborne Systems (CABS) do Departamento de Defesa da Índia e pelo DRDO, e foram integrados com a plataforma do EMB 145, sob a coordenação do CABS. 

A menção de "gigantes da aviação internacional como Boeing ou Bombardier" pode sugerir que a Índia também pode estar considerando plataformas como o Boeing P-8 Poseidon (usado para patrulha marítima e ISR) ou outras aeronaves de transporte multimissão. O P-8, por exemplo, já é operado pela Marinha Indiana para missões ISTAR, mas é uma plataforma mais especializada e cara, projetada principalmente para patrulha marítima, e não um transporte tático como o C-390.

Concorrência e contexto geopolítico  
Entre as aeronaves de transporte, o principal concorrente do C-390 é o C-130J Hercules da Lockheed Martin, que já é operado pela Força Aérea Indiana. A escolha do C-390 pode ser influenciada por questões geopolíticas, custos e a capacidade de produção local. A Embraer enfrenta desafios para competir com a hegemonia da Lockheed Martin, especialmente devido à forte influência dos EUA no mercado de defesa global, mas o C-390 tem se destacado por sua eficiência e menor custo operacional.

A Índia também está interessada em fortalecer laços industriais com o Brasil, como indicado pela possibilidade de joint ventures para fabricação do C-390 e até mesmo discussões sobre a aquisição do caça indiano LCA Tejas e do Sistema de Artilharia Antiaérea Akash pelo Brasil, o que poderia favorecer a escolha do C-390 como parte de um acordo bilateral mais amplo.

Outras aeronaves na disputa  
A menção de "três aeronaves avançadas" e "gigantes da aviação como Boeing ou Bombardier" sugere que a Índia pode estar considerando outras plataformas, como o Airbus C-295, que já foi selecionado para substituir a frota envelhecida de Avro 748 da IAF. A Índia encomendou 71 unidades do C-295, que pode ser configurado para missões de vigilância e reconhecimento, e está em negociações para adquirir mais 10 unidades. O C-295 é uma opção mais leve (capacidade de carga de 8 toneladas) em comparação com o C-390 (26 toneladas), mas sua produção local na Índia, em parceria com a Tata, pode ser um fator decisivo.

Fontes indianas sugerem preferência por jatos executivos modificados, como o Bombardier Global 6000 ou Gulfstream G550, mais discretos e eficientes para vigilância de longa distância em zonas sensíveis. Há também relatos de tratativas entre Índia e Boeing para adaptação do P-8 ou derivado semelhante, o que colocaria o C-390 em desvantagem.

Conclusão
O Embraer C-390 Millennium pode ser um forte candidato para o projeto ISTAR da Força Aérea Indiana, especialmente devido ao interesse existente no programa MTA, à parceria com a Mahindra para produção local e aos esforços da Embraer para desenvolver uma variante ISR do C-390, que atende aos requisitos de missões ISTAR. 

A exigência de sistemas eletrônicos nacionais e a concorrência com plataformas como o Airbus C-295 (já em produção na Índia) e o C-130J Hercules (já operado pela IAF) podem representar desafios. A menção de "Boeing ou Bombardier" sugere que outras opções podem estar sendo consideradas, mas o C-390 tem vantagens em termos de versatilidade, custo-benefício e potencial para integração de sistemas indianos, como já ocorre com o Embraer EMB 145 Netra AEW&C indiano.

Embora o C-390 Millennium tenha potencial técnico para ser adaptado para missões ISTAR, ele ainda não possui versões consolidadas para essa finalidade e não há indícios de que a Índia o esteja considerando no momento. A preferência parece recair sobre plataformas já utilizadas ou adaptadas com sucesso para vigilância e inteligência. 

No entanto, se a Embraer apresentar uma proposta para um rápido desenvolvimento de uma variante específica para ISTAR, isso poderia mudar o cenário — inclusive com oportunidades futuras de cooperação Brasil–Índia.

Portanto, em tese, o C-390 Millennium poderia ser a aeronave escolhida para o projeto ISTAR, especialmente se a Índia priorizar a parceria com a Embraer e a fabricação local. A decisão final, porém, dependerá de fatores como urgência da Índia, custo, integração de sistemas nacionais indianos e alinhamento estratégico com fornecedores.