O bombardeiro B-2 Spirit é usado somente pela Força Aérea dos Estados Unidos e é frequentemente reconhecido como um bombardeiro Stealth (discrição), recurso exclusivo que permite a aeronave penetrar nos sistemas de defesa inimigo mais avançados, o que o torna difícil de ser detectado, rastreado e engajado.
À medida que os anos de 1960 progrediam, a Força Aérea dos Estados Unidos estava trabalhando para encontrar um substituto para o Boeing B-52 Stratofortress. Enquanto ainda como bombardeiro nuclear primário da força, a aeronave também estava em uso durante a Guerra do Vietnã usando munições convencionais.
Com o cancelamento do projeto XB-70 Valkyrie, a ênfase deslocou-se para uma aeronave que se tornaria o Rockwell B-1 Lancer. Como o trabalho avançou neste projeto no início de 1970, a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (Defense Advanced Research Projects Agency – DARPA), solicitou informações sobre tecnologias que poderiam desviar ou absorver os sinais de radar. Acreditava-se que se essas tecnologias pudessem ser incorporadas em uma aeronave e esta seria invisível a mísseis superfície-ar e outros métodos baseados em interceptação por radar.
Secretamente, junto à indústria aeronáutica, em 1974 o DARPA selecionou a McDonnell Douglas e a Northrop para avançarem no desenvolvimento de um bombardeiro “stealth”. Na mesma época a Lockheed também foi consultada, mas esta estava trabalhando no F-117 e no SR-71, incorporando tecnologia steath nele. Em 1976, o teste do stealth da Lockheed, como parte do Projeto Blue Have, levou à crença de que um grande bombardeiro stealth poderia ser desenvolvido. Estudos adicionais em 1978 e no ano seguinte foram iniciados com o programa ATB (Advanced Technology Bomber). Um projeto totalmente “black” (designação para um projeto altamente secreto – N.T.), o ATB recebeu propostas de equipes combinadas da Lockheed-Rockwell e Northrop-Boeing. Na criação de desenhos do ATB, ambas as equipes utilizaram uma configuração asa voadora. Em 20 de outubro de 1981, o projeto da Northrop foi selecionado e designadoB-2 Spirit.
O design da Northrop previa apenas dois tripulantes e era propulsionado por quatro motores General Electric F118-GE-100 montados no interior da asa para minimizar seu radar e emissões de infravermelho. A assinatura de radar mínima do B-2, de aproximadamente 0,1 m² foi alcançada através da utilização de uma variedade de materiais compósitos, revestimentos especiais, e a forma da aeronave.
Através da utilização de um desenho de asa voadora, a Northrop eliminou muitos dos bordos de ataque que podiam tornar o avião visível ao radar. Capaz de voar cerca de 6.900 milhas (11.000 km), o B-2 foi projetado para missões de longa duração e inclui um banheiro e uma pequena cozinha. Como os computadores controlam muitos dos sistemas da aeronave, apenas um membro da tripulação deve estar de plantão nas fases “leves” da missão, permitindo ao outro dormir ou realizar outras tarefas.
Possuindo uma grande capacidade de carga, o B-2 pode transportar até oitenta bombas JDAM de 500 libras (226 kg) ou dezesseis bombas nucleares orientadas por GPS B83. Além disso, ele é capaz de carregar uma variedade de armas à distância, como mísseis de cruzeiro. O radar APQ-181 pode corrigir erros de GPS e aumentar a precisão. Enquanto era projeto black, a existência do B-2 foi sugerida pelo presidente Jimmy Carter durante a eleição presidencial de 1980. A aeronave foi exibida publicamente em 22 de novembro de 1988. Seu primeiro voo foi em 17 de Julho de 1989.
Custos
Um projeto imensamente caro. O custo de pesquisa e desenvolvimento do programa Spirit foi aproximadamente de US$ 23 bilhões até o primeiro voo. A Força Aérea dos Estados Unidos originalmente planejava adquirir 132 aeronaves, mas essa ordem foi posteriormente reduzida para 75. Com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria em 1991, a principal missão do B-2 foi eliminada. Como uma grande frota de bombardeiros nucleares capazes de penetrar o espaço aéreo soviético não era mais necessária, o presidente George Bush anunciou em 1992 que apenas vinte aeronaves seriam construídas. Quatro anos depois, foi decidido converter um dos protótipos em uma aeronave operacional a um custo de cerca de US$ 500 milhões, o que aumentaria a frota para 21 aeronaves.
Ao longo da década de 1990, a Northrop e os defensores da aeronave fizeram um enorme lobby para aumentar a frota de B-2. Em 1997 o custo de aquisição de um único bombardeiro era de US$ 737 milhões. O B-2 foi considerado muito oneroso por muitos congressistas e pela liderança da USAF. Os principais líderes militares argumentaram contra a expansão afirmando que mais B-2 poderia comprometer a capacidade (financeira) da USAF de continuar a desenvolver aeronaves mais convencionais e versáteis. Apesar do desejo do Pentágono de parar a produção, o tema foi muito debatido no Congresso antes do financiamento ser finalmente interrompido.
Embora a produção fosse interrompida, o financiamento tem sido consistentemente liberado para atualizar a frota existente de B-2.
B-2 Spirit – História Operacional
O primeiro Spirit operacional foi o Spirit of Missouri, entregue à Base Aérea de Whiteman, em 17 de dezembro de 1993. Aeronaves adicionais foram entregues até novembro de 1997, quando o modelo tornou-se oficialmente operacional.
Baseado em Whiteman, a frota de B-2 revelou-se cara para manter, devido à sua complexidade dos sistemas e estrutura, bem como a sua necessidade de ser alojados em galpões climatizados para preservar o seu revestimento capaz de absorver/refletir as ondas de radar.
Em 1999, o B-2 tornou-se a segunda aeronave furtiva a entrar em combate (o F-117 teve seu batismo de fogo na Guerra do Golfo em 1991), quando participou da Operação Allied Force sobre o Kosovo. Voando missões de longo alcance, sem paradas e partindo de Whiteman, o B-2 estreou o uso de bombas guiadas por GPS e foram responsáveis pela destruição de 33% dos alvos sérvios durante as oito semanas do conflito.
Na esteira dos ataques de 9/11, o B-2 começou a voar missão em apoio à Operação Enduring Freedom (Liberdade Duradoura) no Afeganistão. Com o início da Guerra do Iraque, em 2003, os B-2 começaram a martelar alvos iraquianos. Estas missões foram lançadas a partir de Whiteman, bem como locais de operações avançadas, tais como Diego Garcia, Base Aérea de Andersen (Guam), e RAF Fairford (Grã-Bretanha). Em 23 de fevereiro de 2008, um B-2 foi perdido durante a decolagem da Base Aérea de Andersen. Enquanto a tripulação sobreviveu, a aeronave teve perda total. A causa do acidente foi atribuída a umidade nas unidades de calibração de dados do ar que levou a informação defeituosa sendo enviados para seus computadores de bordo.
Operado pela 509th Bomb Wing, o B-2 foi deslocado para o novo Comando de Ataque Global da Força Aérea no final de 2009. Em março de 2011, o B-2 voltou à ação como parte da Operação Odyssey Dawn sobre a Líbia. Trabalhando para impor uma zona de exclusão aérea definida pelas Nações Unidas, três B-2 atacaram um campo de aviação da Líbia perto de Sirte em 20 de março.
Armamento/Armas
O B-2 tem duas baias internas de armas que podem transportar até 30.000 kg de munições cada. O B-2 tem uma ampla gama de armas nucleares e convencionais, incluindo as bombas nucleares B61e B83, bombas de uso geral Mk82 e Mk84, AGM-154 JSOW, AGM-158 JASSM, Munições de Ataque Direto Conjuntas 31GBU/38 (JDAM), bem como vários outros tipos de munições. A enorme GBU-57 de 30.000 libras (13.600 kg) MOP (Massive Ordnance Penetrator) está atualmente sendo integrada no B-2 para uso contra alvos endurecidos e profundamente enterrados.
Características gerais
Tripulação – Dois
Dimensões – Comprimento: 21 m; Envergadura: 52,4 m; Altura: 5,18 m; Área alar: 478 m²
Pesos – Vazio: 71 700kg; Carregado:152 200kg; Max. de decolagem: 170 600 kg
Propulsão: Quatro motores turbofan General ElectricF118-GE-100 sem pós-combustão desenvolvendo 7 800 kg de empuxo estático cada um.
Capacidade de combustível: 75 750 kg
Desempenho – Velocidade máxima: Mach 0,95 (1 010 km/h) a 40 mil pés de altitude; velocidade de cruzeiro: Mach 0,85 (900 km/h) a 40.000 pés de altitude (13 200 m); Alcance: 11 100 km; Teto de serviço: 50.000 pés (15 200 m).
FONTES: bga-aeroweb.com; militaryhistory.com; Northrop; Aviões do Futuro
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