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quinta-feira, 8 de junho de 2023

As operações da SAS – Scandinavian Airlines no Brasil

 As operações da Scandinavian Airlines - SAS no Brasil

Você sabia que o Brasil foi um dos primeiros destinos intercontinentais da Scandinavian Airlines? Conheça a trajetória de 45 anos de operações da SAS no País.

Início dos Voos

A SAS – Scandinavian Airlines surgiu a partir da fusão de três empresas aéreas: Det Danske Luftfartselskab, da Dinamarca; Den Norske Luftfartselskap, da Noruega; e a Svensk Interkontinental Lufttrafik AB, da Suécia. Portanto, a companhia possui três nacionalidades e é a empresa aérea de bandeira da Escandinávia, região que abrange a Dinamarca, a Suécia e a Noruega.

A princípio, a nova companhia operaria apenas voos de longo curso e em setembro de 1946, começou a realizar ligações para Nova York. Quase duas semanas depois, foi a vez da América do Sul entrar para o mapa de rotas da novata. Batizada de “Linha 1693”, o longo trajeto era operado pelo Douglas DC-4 Skymaster, que acomodava 28 passageiros, e se iniciava em Estocolmo, terminando somente em Montevidéu, no Uruguai, com paradas em Copenhagen, Genebra, Lisboa, Dacar, Natal e Rio de Janeiro. A primeira operação aconteceu em 30 de novembro de 1946.

DC-4. Foto: SAS Scandinavian Airlines

Após cruzar o Atlântico, o quadrimotor pousava em Natal às 00h45 e decolava para o Aeroporto do Galeão ainda na madrugada, às 01h45. A etapa entre Natal e o Rio durava 7 horas, algo inimaginável atualmente a bordo de uma aeronave a jato. O DC-4 tocava o solo carioca às 8h45 e decolava para sua última etapa até Montevidéu às 10h.

A partir de abril de 1947, a SAS estendeu a rota e Buenos Aires passou a ser o ponto final do trecho. Nesse período, a odisseia até os países sul-americanos era efetuada de forma quinzenal.

Mais frequências

De acordo com a companhia, até 1950, a rota até a América do Sul não era lucrativa. A disponibilidade de apenas 28 assentos, as múltiplas escalas e panes constantes, estavam entre os motivos para tal resultado.

Em 1949, o panorama começou a mudar e a SAS passou a voar para o Brasil duas vezes na semana e com uma novidade: a bordo dos então novíssimos e luxuosos DC-6B Super Cloudmaster. Os quadrimotores eram pressurizados e mais velozes que o DC-4, proporcionando assim um maior conforto ao passageiro.

Com a introdução do DC-6B no trecho, a Scandinavian fez algumas mudanças, como a troca de Natal por Recife e a linha passou a ser: Estocolmo, Oslo, Copenhaguen, Frankfurt, Genebra, Lisboa, Dakar, Recife, Rio, Montevidéu e Buenos Aires. As ligações partiam da Escandinávia às terças e aos sábados e chegavam ao Brasil às quartas e aos domingos.

Em 1951, a empresa incluiu mais paradas na rota, adicionando Zurique e Santiago, que agora era a última parada da linha antes do regresso à Europa. No total, a ligação contava com 11 escalas, passando por nove países. Um verdadeiro pinga-pinga. Posteriormente, Hamburgo, na Alemanha, também foi incluída na “trilha” até a América do Sul.

A Chegada Era a Jato

Antes de iniciar voos com aeronaves a jato em suas rotas sul-americanas, a SAS ainda voou para cá com o Douglas DC-7C Seven Seas, que chegou na companhia em 1956 e começou a voar para o Brasil no ano seguinte. O quadrimotor era 100 km/h mais veloz que seu antecessor e uma de suas novidades era o radar meteorológico. Ainda em 1957, a Scandinavian e a Varig assinaram o primeiro de uma série de acordos. A parceria possibilitava com que o passageiro comprasse voos da SAS para a Europa, bem como entre a Europa e a América do Norte nas lojas da Varig em todo o Brasil.

Foto: SAS Scandinavian Airlines

Batizados de Jet Express, os primeiros Douglas DC-8-33 da aérea escandinava chegaram em 1960, marcando a incorporação dos primeiros jatos de longo curso da companhia. Em dezembro de 1961, os quadrimotores passaram a voar para a América do Sul, substituindo os Seven Seas. A empresa completava 15 anos de voos para o Brasil em grande estilo.

Nesse período, a SAS contava com três voos semanais para o País, sendo um com aeronaves próprias e dois em acordo com a Swiss. O serviço próprio da Scandinavian partia às terças-feiras de Estocolmo e fazia escalas em  Oslo, Copenhaguen, Praga, Genebra, Lisboa, Dacar, Rio, onde chegava às 9h30 da quarta-feira, Montevidéu, Buenos Aires e por fim terminava a jornada em Santiago. Em 1964, a SAS deixou de operar com aeronaves próprias para o Brasil e os voos passaram a ser feitos somente pelos jatos da aérea suíça. Contudo, em 1965, a empresa retornou ao País com serviços próprios e uma mudança foi feita: a parada na África passou a ser em Monróvia, capital da Libéria, no lugar de Dacar, no Senegal.

Crescimento no Tráfego

Em 1968, a companhia colocou seus novíssimos DC-8-62 de melhor alcance para voarem na rota para a América do Sul e aproveitou para adicionar Viracopos em seu pinga-pinga. O acordo com a Varig foi ampliado e a aérea brasileira também conectava o Brasil com a Escandinávia, mas por meio de uma outra rota, parando em Lisboa, Frankfurt e Copenhague, e voava com o Boeing 707.

O tráfego entre as localidades estava em pleno crescimento e, em 1971, a SAS retomou a segunda frequência semanal. Até o final dos anos 70, poucas mudanças aconteceram na malha da companhia nas rotas sul-americanas. Vez ou outra, o comprido DC-8-63 também era escalado para cumprir a linha.

Foi só em 1979 que a Scandinavian passou a voar com o DC-10 em seus voos para o Brasil, isso porque o governo brasileiro não permitia que empresas estrangeiras voassem com aeronaves de duplo corredor para o País se a Varig não tivesse as mesmas condições. A medida visava proteger a aérea brasileira e quando a Varig introduziu o DC-10 nos voos para a Escandinávia, a SAS foi autorizada. Os trijatos acomodavam 270 passageiros em duas classes.

Com a chegada do widebody na rota para a América do Sul, a empresa cortou diversas cidades de sua odisseia e passou a operar a linha Copenhague-Lisboa-Rio-Viracopos-Montevidéu-Buenos Aires. No início de 1980, a companhia decidiu eliminar Viracopos da rota e manteve voos no Brasil apenas para o Rio de Janeiro.


Voos Diretos

Em 1990 a empresa fez suas últimas mudanças significativas em seu trecho sul-americano. Com a chegada de uma dupla de Boeing 767-200ER (Extedend Range) e com capacidade ETOPS, a SAS passou a voar sem escalas entre a Escandinávia e o Brasil. Outra mudança foi a substituição do Rio por Guarulhos, além do acréscimo de uma terceira frequência semanal. Agora, a companhia contava com partidas às 22h das terças, sextas e domingos de Guarulhos até Copenhague. Uma peculiaridade era a configuração do 767 da empresa: 77 assentos na Executiva e 73 na Econômica. Isso possibilitava com que o bimotor ficasse mais leve e pudesse realizar o voo com melhor eficiência. Com cerca de 13h10 de duração, a rota Guarulhos-Copenhague foi durante algum tempo a mais longa partindo do Brasil.

Foto: Torsten Maiwald via Wikimedia

Gianfranco “Panda” Beting, Publisher da Flap International, experimentou os serviços em 21 de dezembro de 1990. Ele voou a bordo da “Royal Business Class” do 767-283ER matriculado SE-DKP e batizado de “Sigrid Viking”. Em sua experiência, Panda conta que as refeições, o ótimo atendimento e o conforto dos assentos fizeram com que a longa viagem passasse rapidamente.

Um ano após a grande mudança, a SAS deixou de operar no Brasil. Em dezembro de 1991, depois de 45 anos de serviços entre a Escandinávia e a América do Sul, a empresa colocou um ponto final no trecho. Entre os motivos para a suspensão, a invasão do Kuwait em janeiro de 1991 e a crise no Brasil causaram uma queda na demanda, que acabou afetando diretamente a rota da Scandinavian.

Voos Cargueiros e de Repatriação

Quase 30 anos após a paralisação de seus voos no Brasil, a SAS voltou ao País em 2020 com o A350 ao operar um voo de repatriação, que partiu de Copenhague e passou por Natal e pelo Rio de Janeiro, buscando cidadãos nórdicos e refazendo o trajeto, que há muitas décadas, era efetuado com o DC-4.

Posteriormente, em 2021, a empresa iniciou uma série de voos para o Brasil, mas agora cargueiros. Também operados pelo A350, as operações conectavam Copenhagen a Guarulhos e ocorreram uma vez na semana durante alguns meses ao longo de 2021. Desde então, a empresa não realizou nenhuma outra passagem pelo Brasi

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