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terça-feira, 30 de abril de 2024

Brasil: Como são feitos helicópteros na maior fabricante da América Latina?… - Veja mais em https://economia.uol.com.br/colunas/todos-a-bordo/2024/03/25/helibras-fabricante-helicoptero-itajuba-airbus-esquilo-h125-h225.htm?cmpid=copiaecola


O Brasil é um dos poucos países do mundo com uma indústria aeronáutica avançada. Uma das principais representantes desse setor é a Helibras, localizada em Itajubá (MG).


A fabricante de helicópteros é a maior da América Latina. Praticamente, também é a única no hemisfério sul hoje em dia. Isso porque muitas empresas do ramo apenas montam as peças enviadas de outros países ou estão com a produção parada, como é o caso da sul-africana Denel.

Como funciona a linha de montagem de um helicóptero?


Helicópteros na linha da montagem da Helibras, em Itajuba (MG)


Imagem: Alexandre Saconi

Na Helibras, os principais helicópteros fabricados são os H125 Esquilo, H130 e H225. Cerca de metade dos componentes são fabricados no Brasil, enquanto outras partes são importadas.


Essa prática é comum no setor. A própria Airbus, sediada na França, tem seus aviões que são montados no país com componentes oriundos da Espanha, Inglaterra, Alemanha e EUA, por exemplo.


Os corpos dos helicópteros ficam lado a lado, e são montados parte a parte pelos funcionários da empresa. Até os cabeamentos são confeccionados em uma oficina específica da empresa.


Aos poucos, peça a peça, o helicóptero ganha vida. Entre as últimas partes a serem colocadas estão o motor e suas pás.


Após uma série de testes estáticos, ou seja, ainda no solo, a aeronave parte para um primeiro voo. Se tudo estiver em ordem, ela é entregue para o cliente, que pode treinar na própria Helibras como voar na máquina.


No caso de aeronaves militares, a empresa ainda conta com um laboratório avançado, onde pode realizar testes antes da montagem final. É o caso de testes com sistemas de câmeras, vigilância, armamentos, entre outros, que seriam inviáveis ou muito caros de serem testados apenas após a montagem.


Sigilo





Helicópteros na linha da montagem da Helibras, em Itajuba (MG)

Imagem: Alexandre Saconi

Como a empresa trabalha com projetos militares, o sigilo é um requisito fundamental. Em alguns setores, nem mesmo o próprio presidente da empresa é autorizado a entrar devido às exigências das empresas envolvidas.


Embora pareça estranho, justamente a maior autoridade da companhia não ter esse acesso, isso faz sentido. Como ele não é o responsável pelo desenvolvimento de determinados projetos que envolvem a segurança nacional, não faz sentido ele entrar em salas e departamentos onde os engenheiros estão elaborando adaptações ou trabalhando em projetos militares.


Isso visa diminuir o risco de vazamento de informações e, até mesmo, espionagem. A exigência, inclusive, faz parte de acordos militares que devem ser seguidos à risca.


Nasceu nas mãos do estado



Helicóptero do Exército sendo modernizado na fábrica da Helibras

Imagem: Alexandre Saconi

A Helibras nasceu em 1978, como uma parceria entre o governo de Minas Gerais e a antiga fabricante francesa Aérospatiale. Em 1980 se instalou definitivamente em Itajubá.


O primeiro helicóptero a ser produzido pela empresa foi o H125 Esquilo (denominado AS350 antigamente). Foram seis unidades para a Marinha. Esse é o principal helicóptero das forças públicas do país, usado entre outros pela Polícia Militar do estado de São Paulo.


Ainda na década de 1980, fechou contrato para a entrega de 41 Esquilos e outros 10 Super Pumas para a FAB (Força Aérea Brasileira). Em seus 45 anos de história, foram mais de 850 helicópteros entregues.


No ano de 2008, os governos brasileiro e francês fecharam um acordo para o fornecimento de 50 helicópteros H225 para as Forças Armadas do Brasil. Foi um forte movimento de transferência de tecnologia para o país, que levou as aeronaves a terem quase metade de suas peças nacionalizadas.


A empresa ainda se especializou em prestar serviços de modernização de helicópteros já em uso. É o caso dos Fennecs e dos Panteras, que voam na aviação do Exército atualmente.


Na década de 1990, a divisão de helicópteros da Airbus (então Eurocopter) começou a fazer parte do esquema acionário da empresa. Em 2023, o governo de MG vendeu as últimas ações da empresa, que passou a ter controle total do grupo europeu.


Participação no mercado

Helicóptero na linha da montagem da Helibras, em Itajuba (MG)

Imagem: Alexandre Saconi

A Helibras emprega hoje cerca de 500 funcionários diretamente, além de gerar outros milhares de empregos indiretos em ao menos 36 empresas fornecedoras e colaboradoras. Hoje, toda a diretoria da companhia é formada por brasileiros.


A participação da empresa no mercado brasileiro é de 47%, segundo a fabricante, totalizando 699 helicópteros. No segmento governamental, que inclui polícias, bombeiros, casa civis entre outros órgãos públicos, essa fatia sobe para 82%. Já no ramo militar, a empresa tem 152 aeronaves nas Forças Armadas, uma parcela de 76% do setor de asas rotativas.

Em 2023, a Helibras faturou R$ 1 bilhão, e a previsão é que este valor suba para R$ 1,5 bilhão em 2024. Enquanto ano passado foram 25 helicópteros entregues, a expectativa é que até dezembro sejam feitas 32 entregas.


Aproximadamente 15% do faturamento é ligado à exportação para países como Chile, Argentina, Equador, Bolívia e Paraguai. A guerra na Ucrânia e os ataques de Israel a Gaza impactam negativamente na cadeia produtiva, com peças e insumos demorando mais para serem entregues.


Hoje, o nível da engenharia da empresa permite que ela elabore e fabrique peças para qualquer local do mundo, incluindo a matriz da Airbus. Esse desenvolvimento ocorreu graças à transferência de tecnologia das últimas décadas, que transformou a companhia em uma indústria de ponta, sendo reconhecida, além da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), pela Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA), 

A fábrica, além de ter mudado a economia da região de Itajubá, coloca o país ao lado de outros países como Rússia, China, Alemanha, França e EUA, que são os principais desenvolvedores de helicópteros do mundo. Um exemplo da capacidade da engenharia brasileira é a adaptação de mísseis Exocet, uma das principais armas antinavio do mundo. Os H225 da Marinha foram adaptados para receber o armamento, e todo o projeto foi feito no Brasil.


Importância para o país

Helicóptero H125 Esquilo na linha de produção da Helibras, em Itajubá (MG)

Imagem: Alexandre Saconi

Para o presidente da empresa, Alberto Duek, é importante existir uma indústria de ponta como a do setor aeroespacial para o desenvolvimento do país. "Eu fiquei muito contente quando eu vi que o governo lançou um novo plano para a indústria brasileira, e a gente se insere nele. Aqui é uma indústria de altíssima tecnologia, e muitas delas têm utilidade tanto para o setor civil como para o militar", diz o executivo.


Ao mesmo tempo que um engenheiro da empresa desenvolve os equipamentos fabricados na empresa, ele também cria capacidade produzir coisas novas, inovações, desenvolvimento e tecnologia. Um exemplo foi durante a pandemia, onde a equipe da Helibras desenvolveu uma maca capaz de transportar portadores de Covid sem oferecer risco aos tripulantes das aeronaves, por meio de uma maca de pressão negativa, na qual o ar contaminado não se misturava com o de fora.


Nós temos que aproveitar essa tecnologia que foi transferida para cá, manter o nosso engenheiro motivado e dentro do país para que o Brasil continue a ser o único produtor de helicópteros do hemisfério sul", afirma Duek… 


Raio-X da empresa

Nome: Helibras

Ano de fundação: 1978

Empregos gerados: 500 diretos e mais de outros milhares indiretos

Helicópteros entregues: Mais de 850

Unidades: Itajubá (MG) -- Sede e fábrica; Brasília (DF) -- Escritório de representação; Atibaia (SP) -- Centro de suporte ao cliente e estoque de peças e componentes; Rio de Janeiro -- Simuladores; São Paulo -- Centro de manutenção e escritório comercial.

Fatia de mercado brasileiro: 47%, sendo uma porção de 82% dos helicópteros em setores governamentais e 76% dos helicópteros militares do país

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