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terça-feira, 18 de junho de 2024

Base Aérea de Anápolis: dos “Dijon Boys à nova geração de caças


Unidade militar, instalada em Anápolis no começo da década de 70, hoje, é uma das mais importantes da Força Aérea Brasileira

A Base Aérea de Anápolis começou a ser projetada no final da década de 60. Estudos realizados à época pelo Sistema de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Sisdacta), apontaram que o Município reunia condições necessárias – principalmente climáticas – para a implantação da unidade da aeronáutica.

A construção do complexo aeronáutico começou em nove de fevereiro de 1972. Em março daquele ano, na França, era realizado o primeiro voo do Mirage com o cocar da Força Aérea Brasileira. No mês de maio, oito pilotos brasileiros foram para Dijon participar dos treinamentos visando adaptação às aeronaves recém-adquiridas e ficaram conhecidos como os “Dijon Boys”.

om a vinda da Base Aérea, Anápolis foi elevada à condição de área de interesse da Segurança Nacional. E, de acordo com a legislação da época, não poderia eleger os seus mandatários políticos. Os prefeitos eram indicados. Com a redemocratização do País, os anapolinos reconquistaram o direito de eleger os seus representantes para o Executivo Municipal.

Em 27 de março de 1973, foi realizado em Anápolis o primeiro voo do supersônico F-103 Mirage, fato que oficialmente deu início às atividades da 1ª. Ala de Defesa Aérea (1ª. Alada). Mais tarde, ela foi transformada no 1º Grupo de Defesa Aérea (GDA), também denominado Grupo Jaguar. Este grupo tem como missão, executar operações de defesa aérea, como o propósito de impedir a utilização do espaço aéreo brasileiro para a prática de atos hostis contra seu território ou contrários aos interesses nacionais.

A partir de julho de 2002, a Base Aérea de Anápolis passou, também, a sediar o 2º e 6º Grupo de Aviação, integrantes do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam), com as modernas aeronaves R99-A e R99-B, equipadas com radares e equipamentos de sensoriamento remoto.

Desde o início de 2017, a Base Aérea de Anápolis (BAAN) mudou de denominação, passando a se chamar ALA 2. Essa mudança foi decorrente do processo de reestruturação organizacional da Força Aérea Brasileira. Com a Portaria nº 1.362/GC3, foi criado e ativado o Terceiro Grupo de Defesa Antiaérea (3º GDAAE), “Grupo Defensor”, com a finalidade de ser empregado na Ação de Defesa Antiaérea, subordinado operacionalmente ao Núcleo da Brigada de Defesa Antiaérea (NuBDAAE) e administrativamente à Base Aérea de Anápolis (BAAN), agora ALA 2.

O Esquadrão Carcará (1º/6º GAV), sediado em Recife (PE), também foi transferido para Anápolis. A unidade tem 65 anos de existência, atuando em ações de reconhecimento aéreo e busca e salvamento em todas as regiões do Brasil. Operou as lendárias aeronaves B-17, as “Fortalezas Voadoras”, o RC-130 Hércules, R-95 Bandeirantes e, na atualidade, opera o R-35A/AM Learjet, realizando missões de reconhecimento por imagens e reconhecimento eletrônico.

KC-390 e Gripen

No dia 04 de setembro de 2019, o Presidente da República, Jair Bolsonaro, esteve em Anápolis participando da solenidade de incorporação do KC-390 Millenium à Ala 2. O evento contou com a presença ddo Prefeito Roberto Naves; o Governador Ronaldo Caiado; do comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar, Antonio Carlos Moretti Bermudez; do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva e vários outros ministros de Estado; deputados estaduais e federais; oficiais das três armas- Marinha, Exército e Aeronáutica; representantes de embaixadas estrangeiras; dentre outras autoridades.

No dia 29 de novembro de 2022, 50 anos após a chegada do primeiro Mirage, a Base Aérea de Anápolis registrou, pela primeira vez, o pouso das duas primeiras unidades operacionais do F-39 Gripen, o FAB 4103 e o FAB 4104.
Essas duas aeronaves chegaram ao Brasil no dia 25 de setembro de 2022 e foram desembarcadas de um navio vindo da Suécia, no Porto de Navegantes, em Santa Catarina. De lá, elas foram transportadas para ao Centro de Ensaios em Voo do Gripen (Gripen Flight and Test Centre – GFTC), na planta da Embraer, em Gavião Peixoto (SP).

m solenidade realizada no dia 19 de dezembro de 2022, os caças F-39 Gripen matrículas 4103 e 4104 fizeram, oficialmente, o primeiro voo operacional na Base Aérea de Anápolis (BAAN).

O pouso, a decolagem e o tradicional batismo com jatos d´água ocorreu durante a cerimônia de início das atividades operacionais das aeronaves, que fazem parte do projeto FX, de renovação da frota de caças da Força Aérea Brasileira (FAB).
O evento contou com a presença do comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida Baptista Junior, além de dezenas de autoridades militares da FAB e do Exército, representantes da empresa Saab, da Suécia- fabricante dos aviões- bem como representações da Embraer e da Embaixada da Suécia no Brasil.
Pontualmente, às 10 horas os dois caças Gripen decolaram na pista da BAAN e fizeram um voto breve, retornando em seguida. Em solo, as aeronaves receberam jatos d’água para marcar o “batismo” delas.

O governo brasileiro iniciou, em 2014, o contrato para a aquisição de 36 Gripen, batizados no Brasil de F-39. O início das atividades do Gripen na Base Aérea de Anápolis escreve mais um importante capítulo da aviação de caça no país, história essa iniciada lá no começo da década de 1970, com a chegada dos F-103 Mirage III, de fabricação francesa. Depois veio a segunda geração, com o Mirage 2000. E, após serem “aposentados”, o caça F-5 foi o sucessor para esperar a chegada do Gripen.

O comandante do 1º Grupo de Defesa Aérea (unidade que abriga os caças) e um dos pilotos a fazer o primeiro voo oficial, o tenente-coronel Gustavo, disse ter sido “uma satisfação muito grande” em participar desse momento histórico. Segundo ele, agora, o foco do 1º GDA estará concentrado nas atividades operacionais e no treinamento de pilotos.

Segundo informações da FAB, o F-39 Gripen é reconhecido pela sua eficiência, baixo custo de operação, elevada disponibilidade e tecnologia avançada.

O caça é utilizado por diferentes Forças Aéreas em todo o mundo, como vetor responsável pela soberania e proteção das nações.
Ainda de acordo com informações da FAB, o F-39 Gripen é uma aeronave multimissão, portanto, pode ser utilizado em várias ações como, por exemplo, defesa aérea, ataque ao solo e reconhecimento.

Dessa forma, é uma aeronave projetada para desempenhar as chamadas missões ar-ar, ar-mar e ar-solo, sob quaisquer condições meteorológicas.
Futuramente, a FAB será pioneira na operação da versão de dois assentos, em projetos a serem desenvolvidos conjuntamente pelo Brasil e a Suécia.

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