Pesquisar este blog

quarta-feira, 19 de junho de 2024

LATAM e Gol podem virar clientes da Embraer, finalmente

 Chefe da fabricante revelou que estão ocorrendo conversas com as duas empresas aéreas para a venda de jatos E2. Apenas a rival Azul voa com aviões brasileiros hoje

Embraer E195-E2 Tech Eagle
Embraer E195-E2 Tech Eagle (Embraer)

O CEO da EmbraerFrancisco Gomes Neto, surpreendeu nesta terça-feira, 18, ao revelar que a empresa está em conversas com a LATAM e a Gol para vender jatos E2, segundo a Bloomberg.

A incomum indiscrição do executivo, que não costuma dar detalhes de negociações em andamento, ocorre às vésperas do Farnborough Airshow, previsto para o final de julho.

O evento é palco de grandes anúncios de vendas e pode ser um indício de que a Embraer já tem algum acordo pré-acertado.

A319 da LATAM em Congonhas
A319 da LATAM em Congonhas (Gabriel Magacho)

A inclusão da Gol e da LATAM entre a lista de potenciais clientes, no entanto, é novidade. Isso porque as duas companhias aéreas brasileiras são clientes da Boeing e da Airbus e operam com aeronaves configuradas com pelo menos 138 assentos.

A única cliente dos E2 no Brasil é a Azul, que possui uma malha aérea mais abrangente que suas rivais, uma das possíveis razões para a “mudança de ventos”.

Aviões velhos

Por outro lado, tanto LATAM quanto Gol operam aeronaves já com idade média avançada entre seus jatos de menor capacidade, o que é um indicativo favorável à Embraer.

A LATAM tem 19 Airbus A319 com quase 15 anos de idade média, já a Gol opera 14 Boeing 737-700 que beiram os 19 anos em serviço.

Boeing 737-700 da Gol
Boeing 737-700 da Gol (Gol)

Enquanto o A319 é configurado com 144 assentos, o 737-700 tem 138 assentos, portanto, próximos da capacidade do E195-E2, que normalmente leva entre 132 e 136 passageiros.

Além disso, a aeronave brasileira é mais leve e consome bem menos combustível que os dois aviões, proporcionando maior margem de lucro à elas.

Há ainda o E190-E2, uma aeronave com capacidade um pouco menor e que ainda não é utilizada em voos comerciais no país.

Embraer E195-E2 da Azul
Embraer E195-E2 da Azul (Alexandro Dias/CC)

Frotas de Boeing e Airbus

Pesa contra um possível negócio o investimento em um novo tipo de aeronave, que exige treinamento extra para tripulantes e uma infraestrutura de manutenção diferente.

A Gol, sobretudo, é uma incógnita nesse aspecto já que a empresa está em recuperação judicial nos Estados Unidos, negociando dívidas bilionárias com seus credores, entre eles, arrendadores de quase todos os seus Boeing 737.

A empresa também preza pela frota única de 737, o que reduz custos operacionais. Porém, a recente aproximação com a Azul, que tem interesse em tornar-se sócia da rival, poderia ser um argumento favorável à Embraer.

Fokker 100 da TAM
Fokker 100 da TAM (Pedro Aragão)

A LATAM, por sua vez, opera aviões Airbus e Boeing, mas a fabricante europeia é exclusiva na frota de jatos de fuselagem estreita.

Uma de suas antecessoras, a TAM, manteve por muitos anos uma grande malha de voos regionais no Brasil, operando com turboélices e jatos Fokker e estreou justamente com o Bandeirante, da Embraer.

Com uma grande área territorial e população de quase 220 milhões de pessoas, o Brasil sempre foi considerado um potencial mercado para a aviação comercial, mas as regulamentações e custos elevados afastam novas companhias até hoje.

Trata-se de uma ironia que a Embraer consiga encontrar clientes no mundo inteiro, mas tenha grandes dificuldades de vender seus elogiados jatos comerciais no seu próprio país de origem. Quem sabe isso finalmente comece a mudar agora.

Nenhum comentário:

Postar um comentário