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segunda-feira, 24 de junho de 2024

O massacre do Harrier na Guerra das Malvin

 Considerado fraco para o combate, os caças Harrier arrasaram o poder aéreo da Argentina e foram fundamentais na retomada das Ilhas Falkland pelas forças britânicas

Apesar de ser bem mais lento, o Harrier superou com facilidade os caças supersônicos da FAA (Domínio Público)
Apesar de ser bem mais lento, o Harrier superou com facilidade os caças supersônicos da FAA (Domínio Público)


Neste mês de abril, completam-se 40 anos da Guerra das Malvinas/Falkland, conflito iniciado após a tomada das ilhas no extremo sul do Atlântico pela Argentina. O Reino Unido, para surpresa geral, decidiu retomar o controle do arquipélago enviando uma força-tarefa reunida às pressas. Um dos destaques desse poderio militar foi o Harrier, um raro caça de decolagem vertical ou curta, que realizou diversas missões bem sucedidas, a despeito do ceticismo existente na época.

Em 1982, a Argentina contava com a segunda maior força aérea da América Latina, superada apenas por Cuba, então abastecida pela antiga União Soviética. Nessa época, a Fuerza Aérea Argentina (FAA) possuía mais de 200 aeronaves de combate, entre caças supersônicos, bombardeiros e aviões de ataque ao solo, além do apoio da Armada (Marinha), com mais caças e aviões de vigilância marítima.

Pelo volume de aeronaves e suas qualidades, era uma força a ser temida. No entanto, nenhum general argentino previu que essa capacidade, aparentemente formidável, poderia ser arrasada por algumas dezenas de caças britânicos de procedência duvidosa e em poucos dias.


Pouco antes do início do conflito no Atlântico Sul, a Marinha Britânica (Royal Navy), em contenção de custos, havia modificado seus porta-aviões para um padrão mais barato de operar, substituindo as catapultas de lançamento pelo convés com “ski-jump”. Isso também mudou a forma e a capacidade das aeronaves que poderiam ser embarcadas.

Com a mudança no padrão dos porta-aviões, equipados com uma curiosa rampa, a Royal Navy aposentou seus últimos caças navais F-4 Phantom e adotou o revolucionário Harrier, um avião de combate que podia pousar e decolar na vertical, como um helicóptero.

Era o início da carreira operacional do Harrier, caça que a fabricante britânica Hawker Aircraft vinha desenvolvendo desde a segunda metade da década de 1960. O avião já estava em operação com as forças britânicas há mais de 10 anos, mas ainda havia muitas dificuldades na sua condução. Era uma aeronave difícil de pilotar e de manutenção altamente complexa.

Para poupar combustível na decolagem, o Harrier pode decolar usando uma rampa (Royal Navy)
Para poupar combustível na decolagem, o Harrier pode decolar usando uma rampa (Royal Navy)

Por conta dessas dificuldades em voar com o Harrier, no início da Guerra das Malvinas muitos duvidavam de sua capacidade de combate. Ao todo, o Reino Unido despachou 42 caças para o conflito, 28 na versão Sea Harrier, de uso naval, além de 14 Harrier da Força Aérea Real, ambos embarcados nos porta-aviões Invencible e Hermes. Já a Força Aérea Argentina e a Marinha contavam com quase 120 caças.

A FAA tinha à disposição os caças supersônicos Dassault Mirage III e o IAI Dagger, além dos modelos subsônicos A-4 Skyhawk, aeronave que também era operada pela Marinha Argentina a bordo do porta-aviões 25 de Mayo. Outro temor eram os aviões de ataque ao solo FMA Pucará, fabricados na Argentina e o primeiro avião militar desenvolvido da América do Sul que entrou em combate – no mesmo conflito a Argentina fez o “batismo de fogo” do Embraer Bandeirulha, em missões de vigilância naval.

O Mirage III era uma das principais aeronaves da Argentina na Guerra das Malvinas (FAA)
A Força Aérea Argentina perdeu dois caças Mirage III nas Malvinas, abatidos pelos Harrier (FAA)

Os militares argentinos erraram em praticamente todas as previsões e ações militares realizadas durante a Guerra das Malvinas. O governo da Argentina, então liderado pelo presidente e general Leopoldo Galtieri, acreditava que os ingleses, então enfrentando uma severa crise econômica e social, não perderiam tempo e dinheiro tentando recuperar uma porção de território ultramarino tão distante, sobretudo diante do “poderoso” arsenal portenho.

A Argentina também acreditou na possibilidade de os Estados Unidos apoiarem a invasão surpresa, consumada no dia 2 de abril de 1982. Mas isso não aconteceu. Ao mesmo tempo, as forças argentinas tomaram poucas precauções para defender as ilhas renomeadas como Malvinas.

Os Pucará representavam uma das principais ameaças ao desembarque das tropas britânicas (FAA)
Os Pucará representavam uma das principais ameaças ao desembarque das tropas britânicas (FAA)

As forças argentinas invadiram a região com pouquíssima resistência, pois os britânicos mantinham apenas algumas dezenas de soldados do território, aparentemente sob nenhum risco. Três dias após a invasão, arruinando os planos diplomáticos de Buenos Aires, o parlamento britânico autorizou o envio de uma força tarefa para retomar as ilhas, e a ponta de lança da campanha era o caça Harrier, até então nunca testado em combate.

Começa o conflito

Enquanto a Marinha Real seguia a toda a velocidade para o Atlântico Sul, com uma força de cruzadores, submarinos e porta-aviões, a Força Aérea Real (RAF) iniciou uma ousada campanha de bombardeiros com os Avro Vulcan, que incapacitou a pista do aeroporto de Port Stanley, impedindo que os argentinos empregassem suas aeronaves a partir daquele ponto.

Dagger da FAA voando entre as embarcações britânicas, nas Malvinas (Domínio Público)
Dagger da FAA voando entre as embarcações britânicas, nas Malvinas (Domínio Público)

Antes do final de abril, os porta-aviões britânicos já haviam alcançado a zona do conflito e os Harrier foram lançados em voos de patrulha. Para combatê-los, os argentinos acionaram a FAA com força total. Porém, havia mais um problema: as Ilhas Malvinas também eram longe da Argentina. Para piorar, não havia no novo território uma pista com extensão capaz de receber os jatos supersônicos argentinos.

Navegando a cerca de 300 km das Malvinas, os porta-aviões Invencible e Hermes lançaram os primeiros Harrier no dia 1º de maio de 1982, em missão de bombardeio a pista em Port Stanley, então renomeada como Puerto Argentino. Em retaliação, nesse mesmo dia caças da FAA foram acionados para atacar os navios britânicos que se aproximavam. E lá foram os Harrier, agora armados como interceptadores.

A Royal Navy desativou os últimos Sea Harrier em 2006; EUA é atualmente o único operador (RAF)
A Royal Navy desativou os últimos Harrier em 2006 (RAF)

Os caças argentinos precisavam realizar uma viagem de 645 km até alcançar a zona de combate, o que limitava drasticamente o tempo em que as aeronaves podiam permanecer na zona do conflito, até alcançar o nível crítico de combustível e precisar retornar ao continente. No primeiro dia de combates aéreos, a argentina perdeu quatro aeronaves – dois Mirage III, um Dagger e um bombardeiro Canberra, abatido antes mesmo de alcançar as ilhas.

Domínio britânico

O fracasso total da Argentina na primeira batalha aérea da Guerra das Malvinas foi um duro golpe para a FAA, que não tinha mais nenhuma dúvida sobre a disposição dos ingleses em recuperar as ilhas e, sobretudo, a capacidade devastadora dos Harrier.

Apostando na alta velocidade, os caças argentinos enfrentavam os Harrier em combates frontais, uma tática que se mostrou completamente desastrosa. Não só isso, os mísseis disparados pelos aviões da FAA não conseguiam “engajar” as aeronaves inglesas, que rapidamente manobravam para a posição de contra-ataque e lançavam seus mísseis com uma precisão mortal.

O erro do primeiro combate fez a FAA recolher seus aviões e repensar suas estratégias de ataque. Enquanto isso, por mais de 20 dias os Harrier realizaram ataques a posições argentinas nas Malvinas, com bombas, foguetes e disparos de canhões. O medo e a precaução eram evidentes nas forças argentinas. Temendo o pior, a Armada Argentina recolheu o porta-aviões 25 de Mayo para uma posição próxima ao continente.

O porta-aviões 25 de Mayo por muito pouco não foi afundado pelos submarinos britânicos (Domínio Público)
O porta-aviões 25 de Mayo por muito pouco não foi afundado pelos submarinos britânicos (Domínio Público)

Ousadia e trapalhadas

Os aviões argentinos voltaram a voar na zona de guerra somente no dia 21 de maio, na tentativa de impedir o desembarque das forças terrestres britânicas. E mais uma vez, um massacre. Nesse dia os Harrier derrubaram mais quatro Dagger, um Pucará e cinco A-4 Skyhawk. Todo esforço da Argentina era em vão, com episódios dignos de trapalhadas.

Além dos mísseis não funcionarem contra os Harrier, caças argentinos realizaram ataques com bombas que foram mal armadas e não explodiram, mesmo atingindo em cheio os alvos. A força aérea argentina também não contava com tanques de combustível descartáveis no estoque e exigia que os pilotos não os ejetassem, mesmo em combate.

Outro episódio lamentável foi o abate de um Mirage III por “fogo amigo”. Após ser atingido por um Harrier, o piloto do caça argentino tentou levar a aeronave para uma pista na ilha. No meio do percurso, para aliviar o peso da aeronave, optou por alijar os tanques de combustível externos e acabou confundido pelas tropas do exército argentino como um caça britânico lançando bombas, e foi derrubado por um míssil terra-ar.

A FAA perdeu nove caças IAI Dagger, fabricados em Israel (Domínio Público)
A FAA perdeu nove caças IAI Dagger, fabricados em Israel (Domínio Público)

Nos dias 23 e 24 de maio, mais aeronaves argentinas pereceram diante dos Harriers, já chamado pelos soldados argentinos de “Muerte Negra”, devido a pintura dos caças, em tom cinza escuro. No primeiro dia, a FAA perdeu um helicóptero Puma e mais um caça Dagger e no seguinte mais quatro Dagger foram derrubados pelo caça britânico, que se consagrava a cada dia.

Um dos últimos combates aéreos do Harrier, realizado no dia 1º de junho, foi contra um C-130 Hercules, que voava em missão de reconhecimento, operação para qual o cargueiro não foi concebido.

Na ação aérea final da Guerra das Malvinas, no dia 8 de junho, os caças ingleses derrubaram mais quatro A-4, que tentavam um ataque desesperado contra as embarcações britânicas – a essa altura já praticamente estacionadas na costa das ilhas -, que no dia 14 de junho voltou a ser chamada de Falkland, após a rendição da Argentina.

As forças britânicas perderam oito Harrier, abatidos pela artilharia argentina e em acidentes (Domínio Público)
Os britânicos perderam oito Harrier, abatidos pela artilharia argentina e em acidentes (Domínio Público)

No final do conflito, os Harrier realizaram um total de 1.200 saídas e nenhum foi abatido em combate aéreo. Os argentinos, por sua vez, perderam 23 aeronaves, mas conseguiram abater com fogo de canhão e mísseis terra-ar quatro dos temidos caças ingleses. A força britânica ainda perdeu outros quatro aparelhos, acidentados devido às condições de voo praticamente proibitivas no Atlântico Sul.

Ilhas Falkland, hoje

A rápida invasão das Ilhas Falkland, como fizeram os argentinos em poucas horas em 1982, dificilmente poderá ser repetida pela Argentina ou qualquer outro candidato a conquistar o território, valorizado por suas reservas de petróleo pouco exploradas e a posição estratégica, próxima a diversas bases de pesquisa na Antártica.

A RAF mantém de prontidão caças Typhoon na base instalada no Aeroporto Mount Pleasant (Google Maps)
A RAF mantém de prontidão caças Typhoon na base instalada no Aeroporto Mount Pleasant (Google Maps)

Desde o final da Guerra das Malvinas, os britânicos mantém permanentemente na região grandes embarcações de combate e tropas do exército com armamentos pesados. O Reino Unido também instalou um sistema de vigilância avançado nas ilhas e uma base militar, onde a RAF mantém uma frota de caças Eurofighter Typhoon preparados para repelir qualquer invasor, seja de um país da América do Sul ou até uma grande potência.

Os caças do terceiro mundo

 Aeronaves de combate projetadas nos anos 1950 ainda continuam em operação pelo mundo


Muitos países ainda operam aeronaves desenvolvidas na década de 1950 (Divulgação)
Muitos países ainda operam aeronaves desenvolvidas na década de 1950 (Divulgação)

Normalmente, a vida útil de uma aeronave de caça é de 30 anos, mas esse tempo pode ser estendido com atualizações. Em alguns casos, com ajuda desses processos, aeronaves de alta performance veteranas podem alcançar idades que beiram o extraordinário.

Programas de modernização são muitos comuns na aviação militar. Praticamente todos os caças são submetidos a esse processo em algum momento de suas carreiras, em qualquer força aérea do mundo.

O famoso caça-bombardeiro F/A-18 Hornet, da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), por exemplo, já passou por duas modernizações profundas, nas quais recebeu sistemas atualizados e mudanças no design que o deixaram mais rápido. E trata-se de um avião relativamente novo: estreou em 1983.


Os programas de modernização dão aos caças sistemas de combate e voo atualizados, permitindo a instalação de armas mais avançadas, e o “pacote” muita vezes inclui modificações estruturais, colaborando para prolongar a vida útil da aeronave ou até melhorar suas performances, incorporando recursos aerodinâmicos de nova geração em projetos do passado.

Sem recursos para adquirir novas aeronaves, muitos países optam por prolongar ao máximo a vida útil de suas aeronaves de combate. Por isso, é comum que muitos caças de um passado já distante continuam em operação, mesmo em condições precárias. Conheça a seguir algumas das principais aeronaves veteranas que ainda voam:

McDonnell Douglas F-4 Phantom II

Um dos caças mais famosos dos EUA, o F-4 Phantom combateu na Guerra do Vietnã e também ajudou a proteger Israel por muitos anos. O aparelho começou a ser projetado pela antiga McDonnel Douglas (atualmente Boeing) em 1953 e voou pela primeira vez em 1958. E até hoje não parou.

Com muito custo, o Irã ainda mantém o F-4 Phantom em condições de voo (IRAIF)
Com muito custo (e muito combustível), o Irã ainda mantém o F-4 Phantom em operação (IRIAF)

O poderoso caça bimotor bateu recordes de velocidade, altitude e autonomia, além de rechear seu currículo com vitórias. O sucesso do F-4 atraiu dezenas de compradores e o modelo foi peça importante de forças aéreas de grandes potências, como Alemanha e Japão. Até 1979, a McDonnel Douglas fabricou 5.195 unidades do Phantom, das quais mais de mil foram exportadas.

Caro de manter, os F-4 começaram a ser desativados no final dos anos 1980, mas isso em países que podiam comprar aeronaves mais avançadas. O Phantom ainda está em operação na Turquia, Grécia, Egito e Irã. No entanto, nem todos esses aviões estão em boas condições, mesmo após seguidos programas de modernização, e boa parte está armazenada.

MiG-21

Caça com status de lenda projetado na década de 1950 pela fabricante russa Mikoyan-Gurevich, o MiG-21 foi operado por mais de 50 países no passado. E em pelo um quinto desses países, o modelo continua ativo.

A Croácia é o único operador do MiG-21 na Europa (Divulgação)
A Croácia é o único operador do MiG-21 na Europa (Divulgação)

O MiG-21 é o caça com motor a jato mais fabricado na história, com mais de 11 mil unidades produzidas. É um avião de altíssima performance, capaz de voar acima de 2.200 km/h, mas ao mesmo tempo de fácil manutenção, como mandava a doutrina soviética. O modelo foi declarado operacional em 1959 e foi produzido até 1985, ao menos na versão montada na URSS…

O caça também foi produzido na China, como Chengdu J-7, entre 1965 e 2013. Essa versão passou de 2.000 unidades produzidas e, assim como a versão soviética, foi exportada para diversos países, como Nigéria e Irã, onde permanecem voando até hoje.

O Paquistão opera a versão chinesa do MiG-21, o Chengdu J-7 (Divulgação)
O Paquistão opera a versão chinesa do MiG-21, o Chengdu J-7 (Divulgação)

O caça da MiG (nas versões fabricadas na Rússia e China) permanece em operação em 14 países. Alguns dos usuários mais importantes são as forças aéreas de Cuba, Índia, Coreia do Norte e Croácia. O modelo também é muito utilizado em países na África, como Uganda, Moçambique e Egito.

Dassault Mirage III/5

O Mirage III é outro antigo caça com eficiência comprovada em combate. O modelo supersônico da fabricante francesa Dassault voou pela primeira vez em 1956 e em pouco tempo provaria suas capacidades. A aeronave participou de diversos conflitos no Oriente Médio, em especial com a força aérea de Israel, e saiu vitorioso em praticamente todas as ocasiões.

As capacidades da aeronave despertaram não só o interesse das grandes força aéreas da França e Israel, que adquiriram centenas de unidades, como também atraiu diversos outros países, como Suíça, Austrália e o Brasil.

A força aérea de Paquistão ainda voa com o Mirage III (Divulgação)
A força aérea de Paquistão ainda voa com o Mirage III; as condições dos caças são desconhecidas (Divulgação)

O Mirage III foi o primeiro caça supersônico da Força Aérea Brasileira (FAB), que operou o modelo entre 1972 e 2005. A produção do aparelho, encerrada na década de 1990, alcançou 1.422 exemplares.

As forças aéreas do Paquistão e Equador são atualmente os únicos operadores da aeronave, ou que pelo menos ela costumava ser. A força aérea equatoriana, por exemplo, voa com o modelo Atlas Cheetah, uma versão bastante modificada do caça francês, desenvolvida na África do Sul. Já o Egito e Gabão operam o Mirage 5, versão simplificada do Mirage III que não possui radar.

Northrop F-5 Tiger II

Apesar da idade, o F-5 Tiger ainda é descrito como um dos melhores caças em combates próximos com outras aeronaves, os chamados “dogfights”. O aparelho foi desenvolvido pela Northrop na década de 1950 a pedido do governo dos EUA, sobretudo para reforçar países aliados em condições econômicas desfavoráveis.

O caça supersônico F-5 é o principal meio de interceptação do Brasil (FAB)
O caça supersônico F-5 é o principal meio de interceptação aérea da Força Aérea Brasileira (FAB)

Obedecendo esse critério, foi criado um caça compacto, de simples operação e manutenção e com preço baixo. O primeiro voo do F-5 aconteceu em 1959 e o modelo entrou em operação com a USAF em 1961 e de imediato foi exportado em grandes volumes.

O Tiger entrou em combate na Guerra do Vietnã com a USAF, atuando principalmente em missões de apoio próximo, e com o Irã, durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988). Nesse conflito, um F-5 iraniano abateu um MiG-25 iraquiano, na época um dos aviões mais rápidos do mundo. O modelo ainda participou de conflitos menores com o Marrocos e Quênia.

O F-5EM será o principal caça de defesa durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro (FAB)
O F-5EM será o principal caça de defesa durante as Olimpíadas no Rio de Janeiro (FAB)

O F-5 ainda está em operação em mais de uma dezena de forças aéreas pelo mundo. Um dos principais operadores é justamente a FAB, com uma frota que passa de 50 unidades. Os primeiros aparelhos chegaram ao Brasil em 1975 e atualmente a aeronave é o principal vetor de defesa aérea do país.

Parte dos F-5 da FAB é da série F-5M, versão modernizada pela Embraer com sistemas de armas, navegação e voo mais recentes. Esses modelos também passaram por uma revisão na parte estrutural, aumentando sua vida útil em cerca de 20 anos. Os primeiros F-5M estrearam em 2011.

Os F-5 modernizados em operação em Singapura são considerados os mais avançados do mundo (Divulgação)
Os F-5 modernizados em operação em Singapura são considerados os mais avançados do mundo (Divulgação)

A produção do caça da Northrop, finalizada em 1987, alcançou cerca de 3.800 unidades, volume que também contabiliza a versão de treinamento T-38. O F-5 também está ativo em países como México, Suíça, Tailândia, Turquia e Singapura.

MiG-23

Outro caça popular da Mikoyan-Gurevich, o MiG-23 é uma aeronave de combate multifuncional e extramente rápida: pode voar a mais de 2.400 km/h. O grande desempenho do avião desenvolvido nos tempos da URSS é alcançado graças a combinação de um motor muito potente e a concepção das asas de geometria variável.

O MiG-23 opera principalmente na África e Oriente Médio (Divulgação)
Os últimos MiG-23 operam principalmente em países na África e Oriente Médio (Divulgação)

Como o MiG-21, o “23” também foi produzido aos milhares, superando a marca de 5.000 unidades produzidas, entre 1967 e 1985. O caça tanto podia atuar como interceptador de alta velocidade, armado com mísseis de médio alcance, ou realizar bombardeiros de precisão.

As características do MiG-23 foram provadas pelo Iraque na guerra com o Irã, e pela dupla Líbia e Síria, em uma série de conflitos contra Israel. O caça soviético foi exportado para quase 30 países e segue em operação em nações como Cuba, Coreia do Norte, Angola e Etiópia.

Dassault Mirage F-1

Desenvolvido na década de 1960, o Mirage F1 foi a proposta da Dassault para substituir o Mirage III. Diferentemente do primeiro aparelho, com asa delta, o F1 retomou o conceito da asa enflechada, o que oferece a chance de operar em pistas menores, mas em contrapartida reduz a velocidade máxima.

O Mirage F1 ainda opera com a força aérea do Marrocos, uma das maiores da África (Divulgação)
O Mirage F1 ainda opera com a força aérea do Marrocos, uma das maiores da África (Divulgação)

O primeiro voo do F1 aconteceu em 1966 e a produção parou apenas em 1992, época em que a Dassault entregou cerca de 720 unidades do caça, a maioria para exportação. O modelo foi operado por mais de uma dezena de forças aéreas, como Espanha, África do Sul, Iraque e Equador, além da França, que desativou recentemente seus últimos exemplares.

Uma curiosidade interessante sobre o Mirage F1 é que ele foi utilizado em combate com praticamente todos os seus compradores. Com a França, operou na Guerra do Golfo, a Espanha usou seus modelos em missões da OTAN no Báltico, o Marrocos em conflitos com insurgentes e o Equador na Guerra do Cenepa, contra o Peru.

O Mirage F1, embora em condições limitadas, ainda está em operação nas forças armadas do Marrocos, Líbia, Irã e Gabão.

Douglas A-4 Skyhawk

Dono de um currículo de guerra e serviço impecável, o Douglas A-4 Skyhawk é o caça mais antigo do mundo que ainda permanece ativo. O primeiro protótipo decolou em 1954 e em dois anos a aeronave foi declarada operacional e colocada a serviço das forças armadas dos EUA.

O porta-aviões NAe São Paulo não realiza operações navais desde 2011
O porta-aviões NAe São Paulo não realiza operações navais com os caças AF-1 desde 2011 (Divulgação)

O Skyhawk não alcança velocidades supersônicas – atinge no máximo cerca de 1.100 km/h -, mas por outro lado leva uma quantidade considerável de armamentos para seu tamanho, com capacidade para até 4.000 kg. Também é reconhecido pela alta manobrabilidade e resistência.

O aparelho da Douglas foi um dos protagonistas da Guerra dos Vietnã, operando tanto com a USAF como o US Navy, em porta-aviões, e também foi uma arma decisiva a serviço de Israel em seguidos conflitos no Oriente Médio. Outro operador que disparou as armas do A-4 foi a Argentina, contra forças britânicas durante a Guerra das Malvinas.

O A-4AR é o atualmente o avião mais rápido da Fuerza Aérea Argentina (Rob Schleiffert)
O A-4AR é o atualmente o avião mais rápido da Fuerza Aérea Argentina (Rob Schleiffert)

A última vez que os Skyhawk entraram em combate foi na Guerra do Golfo (1990-1991), com as cores do Kuwait. Na ocasião, os caças ajudaram na defesa do país durante a invasão do Iraque, e posteriormente no contra-ataque, auxiliando a coalização liderada pelos EUA na operação “Tempestade no Deserto”.

Após o conflito, o Kuwait iniciou um processo de substituição de seus A-4 por caças F/A-18, e os modelos usados foram colocados à venda. Em 1997, o governo brasileiro comprou 20 dessas aeronaves para equipar a Marinha do Brasil. A Douglas produziu 2.960 unidades do Skyhawk, até 1979.

Primeiro AF-1 modernizado é entregue a Marinha do Brasil em Gavião Peixoto (SP)
Primeiro AF-1 modernizado foi recebido pela Marinha do Brasil em Gavião Peixoto (Divulgação)

No Brasil, os A-4 receberam a designação AF-1 “Falcão” e a Embraer desenvolveu um pacote de modernização para a aeronave, o AF-1M, com melhorias nos sistemas de armas e voo. Com as atualizações, a expectativa é que as aeronaves permaneçam em operação com Marinha por mais uma década. Cerca de uma dezena de aparelhos estão em condições de voo.

Além do Brasil, o último operador do A-4 é a Argentina, com uma frota de 36 aeronaves. Os Skyhawk argentinos foram modernizados na década de 1990 pela FMA (Fábrica Argentina de Aviones) com auxílio da Lockheed Martin.

IAI Kfir

Em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, Israel foi submetido a um severo embargo de compra de armas pela França, então seu fornecedor habitual. Devido a constância dos enfrentamentos com países do Oriente Médio, os Mirage israelenses necessitavam de cuidados frequentes e alto nível de prontidão, o que exige peças de reposição e eventualmente a aquisição de aeronaves adicionais.

A Colômbia é um dos últimos operados do IAI Kfir (Divulgação)
A Colômbia é um dos últimos operados do IAI Kfir (Divulgação)

Sem poder adquirir armamentos em um período de fortes tensões nas fronteiras, Israel, por meio da IAI (Israel Aircraft Industries), copiou o Mirage III. Projetos originais da aeronave foram adquiridos na França por meio de espionagem, assim como os esquemas para fabricar os motores, copiados do F-4 americano. Ao todo, entre 1966 e 1983, foram produzidos cerca de 220 exemplares da aeronaves.

O resultado dessa combinação de projetos foi o Kfir, que em hebraico significa “Leãozinho”. Não só isso, em muitos aspectos, o modelo copiado era mais avançado que o Mirage III.

O Kfir também foi exportado. O principal operador estrangeiro foi a força aérea da Argentina, que operou a versão “Nesher”, baseada no Mirage 5. Com os argentinos, o caça entrou em ação na Guerra nas Malvinas, mas foi presa fácil para os Harrier britânicos. O Equador, outro comprador, utilizou o Kfir na Guerra do Cenepa, contra o Peru.

O caça da IAI segue em operação com as forças armadas do Equador, Colômbia e Sri Lanka, mas em condições de voo limitadas. Recentemente, a Argentina manifestou interesse em adquirir um lote de aeronaves usadas de Israel, mas a proposta acabou cancelada.

Dassault Super Étendard

Outro projeto consagrado da Dassault, mas com sucesso relativo de vendas, foi o Super Étendard, uma aeronave desenvolvida para operar a partir de porta-aviões. O modelo podia ser configurado para atuar como interceptador ou bombardeiro, mas sua principal tarefa ao longo de sua carreira foi a caça de navios.

A maioria dos Super Étendard argentinos estão estocados (Armada Argentina)
A maioria dos Super Étendard argentinos estão estocados (Divulgação)

Projetado no início dos anos 1970 a partir do Étendard, da década anterior, o modelo “Super” realizou seu voo inaugural em 1974 e quatro anos depois entrou em operação com a Marinha da França. Uma das “bases” dos Super Étendard franceses foi o porta-aviões NAe São Paulo, atualmente da Marinha do Brasil, que na época se chamava FS Foch.

Na década de 1980, a França alugou uma série de Super Étendard ao Iraque, que os utilizou de forma fulminante contra o Irã. Em 1982, os modelos da Armada Argentina, outro operador do caça, mostraram ao mundo o poder devastador do míssil anti-navio Exocet, afundando importantes embarcações britânicas na Guerra das Malvinas.

O aparelho foi desativado recentemente na França, quando operava a partir do porta-aviões nuclear Charles de Gaulle. A Argentina, único país estrangeiro que de fato comprou o Super Étendard, ainda mantém o veterano caça parcialmente em condições de voo. A Dassault entregou 85 exemplares da aeronave entre 1974 e 1983.

RAF tem a menor força de combate de sua história

   


Eurofighter Typhoon da RAF

Número de caças da Força Aérea Real Britânica encolheu quase metade em apenas 12 anos

A RAF (Royal Air Force) agora tem a menor frota de combate de sua história, tendo perdido quase metade de sua aeronave nos últimos doze anos, revela o Daily Mail.

O novo caça supersônico F-35 Lightning da Grã-Bretanha acaba de completar suas primeiras missões operacionais – erradicando os remanescentes do Estado Islâmico na Síria e no Iraque em 14 missões nos últimos dez dias.

Mas após a aposentadoria no início deste ano dos últimos Tornados da Força Aérea, os 17 Lightnings do Reino Unido fazem parte de uma frota disponível de apenas 119 jatos de combate, uma queda de 43% em relação a 210 em 2007.

Isso deixa a força aérea menor do que em qualquer momento desde sua criação desde a Primeira Guerra Mundial.

A RAF disse que o número de aeronaves não equivale à capacidade e que possui os jatos necessários para cumprir seus compromissos.

Mas os analistas militares alertaram que, sejam quais forem as sofisticadas capacidades dos aviões de quarta e quinta geração, que a frota compreende agora, “nenhuma aeronave, por mais capaz que seja, pode estar em mais de um lugar a qualquer momento”.

O declínio numérico da RAF para pouco mais de 100 caças é o último capítulo de uma contração que vem acontecendo há décadas.

Durante a Segunda Guerra Mundial, cerca de 35.000 Spitfires e Hurricanes foram produzidos em seis anos para ajudar a vencer a Batalha da Grã-Bretanha e depois recuperar os céus da Europa ocupada.

Em 1989, o último ano da Guerra Fria, a RAF ainda tinha mais de 850 caças, interceptadores e caças-bombardeiros com o poder de enfrentar o poder da URSS e seus aliados do Pacto de Varsóvia, caso o pior acontecesse.

A frota era composta por Tornados, Jaguares, Phantoms e Buccaneers, além de mais de 170 jatos Harrier com capacidade de decolar e aterrissar verticalmente.

E, recentemente, em abril de 2007, os aviões da frota que estavam disponíveis para voar, que não estavam submetidos a manutenção de longo prazo ou mantidos em reserva, ainda eram 210 jatos de asa fixa.

O cavalo de batalha da RAF, o Tornado, o último dos quais foi retirado no início deste ano, representava mais de 75% da frota.

Em 2007, a RAF também tinha 32 aeronaves da quarta geração Eurofighter Typhoon: mais rápidas, mais manobráveis ​​e mais pesadamente armadas que o Tornado.

Mas os números do Tornado caíram a cada ano entre 2007 e 2019, de acordo com o MOD, já que os aviões da frota envelhecida chegaram ao fim de sua expectativa de vida economicamente viável.

Doze anos depois, a frota de combate não contém mais Tornados, e é composta principalmente pelo Typhoon FGR4, dos quais a RAF tinha 102 disponíveis recente. Espera-se também a entrega de dois esquadrões adicionais ainda este ano.

E 17 dos caças supersônicos de quinta geração, o Lightning F-35B, estão agora em serviço ativo – embora oito estejam nos EUA em fase de testes e treinamento.

O Ministério da Defesa recusou-se a responder aos pedidos de informação sobre o tamanho de sua frota depois da aposentadoria dos últimos Tornados na primavera.

Mas relatórios estatísticos detalhados nacionais publicados anualmente, juntamente com dados históricos, revelam como a força numérica da frota britânica disponível encolheu quase todo ano por mais de uma década, para uma fração de sua força numérica na era em torno do fim da Guerra Fria. e a primeira Guerra do Golfo.

Frotas de aeronaves em todo o mundo são divididas em Frota Disponível e Frota de Sustentação, com a primeira composta de aeronaves disponíveis para os esquadrões para voar e a segunda, incluindo aeronaves em manutenção de profundidade, programas de atualização e aqueles armazenados.

Uma divisão de dois terços das aeronaves na frota disponível e um terço na frota de sustentação é considerada padrão.

O Reino Unido comprometeu-se a comprar um total de 138 F-35B Lightnings. Mas mesmo o primeiro lote, de 48, não será totalmente entregue até 2024, a um custo de mais de £ 9 bilhões.

O alerta sobre o potencial da frota da RAF de mergulhar para uma baixa numérica histórica antes que o número completo dos Lightnings chegue na década de 2020, especialistas do IHS Jane’s previram há quatro anos que a frota poderia encolher para 127 caças antes de crescer novamente – na verdade, é ainda menor do que temiam.

O editor de aviação do Jane’s, Gareth Jennings, disse na época: “Embora haja alguma validação no argumento de que, como os Typhoons Tranche 2 e 3A e os F-35Bs são aeronaves mais capazes do que as que vieram antes deles, menos serão necessários”, também é bem verdade que nenhuma aeronave, por mais capaz que seja, pode estar em mais de um lugar a qualquer momento.

Um porta-voz da RAF disse: ‘Números de aeronaves não equivalem à capacidade.

F-35B da RAF

“A RAF continua a ter os caças que precisa para atender nossos compromissos operacionais globais e estamos investindo em uma força aérea de classe mundial para combater as ameaças que enfrentaremos no futuro.

“Nossos F-35 Lightning de última geração completaram suas primeiras operações na luta contra o Daesh, nós atualizamos nossos Typhoons com armas letais adicionais e vamos adicionar dois novos esquadrões dos Typhoons até o final do ano.”

O MOD disse que nos próximos anos o número de F-35 aumentará para 138 e que com a combinação de Typhoon e Lightning, a RAF é agora uma das poucas forças aéreas com a capacidade de explorar a sinergia das aeronaves de combate de 4ª e 5ª geração.

Ele disse que o Reino Unido continua totalmente comprometido com a luta contra o Daesh e a contribuição da RAF para a coalizão global.

FONTEDaily Mail