Pesquisar este blog

sábado, 31 de agosto de 2024

Pilotamos o A-29 Super Tucano da Força Aérea Brasilei

 


Apesar de perder em agilidade para seu antecessor, o T-27 Tucano, o A-29 comporta-se muito bem em manobras acrobáticas - Marcio Jumpei

no Rio Grande do Norte, para voarmos em primeira mão no então recém-chegado A-29 Super Tucano.

Na ocasião o destaque era a avançada tecnologia embarcada que destacava a FAB no mundo e elevava de forma surpreendente a capacidade de combate e treinamento. Relembre conosco esse voo memorável.

Há muitos anos não vinha a Natal (RN). Enquanto o avião que me trouxe até aqui rola lentamente pela pista de taxiamento do Aeroporto Internacional Augusto Severo, na capital potiguar, observo curioso através da pequena janela constatando a evolução que aconteceu no lugar.

Super Tucano
O Super Tucano mergulha em direção a um alvo para o lançamento de bombas: precisão garantida pelos sistemas embarcados

Logo vi cerca de uma dúzia dos novíssimos A-29 Super Tucano recentemente incorporados ao 2°/5°GAv, o esquadrão da Força Aérea Brasileira que, há muitos anos, transforma os aspirante-a-oficiais recém-saídos da Academia da Força Aérea em pilotos de caça.

O perfil da máquina lembra seu antecessor, o T-27 Tucano. Por fora, além da pintura camuflada opaca, verde-escuro na parte superior e cinza na inferior, as diferenças visíveis são: a cauda mais longa, um plexiglass maior envolvendo a cabine de pilotagem e a existência de duas metralhadoras .50 com capacidade de 250 tiros instaladas nas asas, o que lhe confere um ar briguento, sempre pronto para entrar em ação.

Sou recebido pelo próprio comandante do 2°/5°GAv, o tenente-coronel Fábio Alvarez Lannes. O Lannes é um piloto que dedicou sua carreira à aviação de caça, acumulando mais de 3.000 horas a bordo de aeronaves como o Xavante e o Mirage. Sua experiência o habilitou a comandar o grupo de profissionais que tem a missão de introduzir o mais novo avião à frota da FAB e explorar toda a sua potencialidade.

A substituição dos antigos AT-26 Xavante pelos modernos A-29 Super Tucano, especificamente nesse esquadrão, foi objeto de polêmica. O cerne da discussão residia no fato de pilotos de caça serem formados em turboélices que, indiscutivelmente, perdem em desempenho para os jatos.

Numa rápida e despretensiosa análise de custo-benefício, essa perda operacional é amplamente compensada pelo baixo custo da operação dos turboélices (280 litros/hora de combustível em vôo rasante) com relação aos jatos (640 litros/hora na mesma situação) e, principalmente, por colocar os novos pilotos de caça em contato com o que há de mais moderno no mundo em termos de aviônicos e emprego militar.

O projeto ALX (Aeronave Leve de Ataque), que ganhou a designação A-29 na FAB, foi inspirado nos protótipos (PT-ZTV e PT-ZTF) especialmente construídos para participar da concorrência internacional aberta pelo governo norte-americano, o JPATS (Joint Primary Aircraft Training System), em 1991, que tinha por objetivo treinar pilotos da Marinha e Força Aérea daquele país, facilitando a transição para aviões de caça de alta performance.

Tive a oportunidade de voar o PT-ZTV num traslado do aeroporto de Le Bourget (França) até São José dos Campos (SP), em 1997. Sem dúvida o A-29 é outro avião. A FAB solicitou vários requisitos específicos que foram incorporados ao Super Tucano, como veremos a seguir.

Super Tucano
Projetado também para missões de patrulha, o A-29 tem fuselagem totalmente blindada contra projéteis de baixo e médio calibres

Os primeiros A-29 foram entregues à Força Aérea em 18 de dezembro do ano passado. No total foram encomendadas 76 aeronaves com a opção de compra de outras 23, que serão utilizadas também no 1o/3oGAv, no 2o/3oGAv e no 3o/3oGAv, baseados respectivamente nas cidades de Boa Vista (RR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS).

Nessas localidades, o Super Tucano promete ser uma eficiente ferramenta de combate ao tráfego de aeronaves ilícitas que frequentam nosso espaço aéreo, de dia ou à noite, graças ao FLIR, um sensor infravermelho que transforma sutis diferenças de calor em imagem.

Existem dois modelos, o A-29A e A-29B, respectivamente as versões monoposto e biposto, ambos devidamente blindados para suportar impactos de projéteis de baixo e médio calibre. Nos monopostos, foi instalado um tanque de combustível no espaço que seria destinado a um segundo tripulante, aumentando sua autonomia.

A apresentação do A-29 começa pela visita às instalações de apoio. Inicialmente seguimos para a sala onde acontece o planejamento e o debriefing das missões. Refrigerada por um eficiente sistema de ar-condicionado, é espaçosa e clara, com vários computadores, que são as Estações de Planejamento de Missão, postadas em amplas mesas, onde instrutor e aluno, ou os componentes de uma esquadrilha, podem planejar confortavelmente um voo.

Super Tucano
Detalhe do compartimento de munição, embutido na asa; O Super Tucano pode contar com duas ou quatro metralhadoras .50

No A-29, cada detalhe da missão pode ser cuidadosamente planejado em terra. Numa missão Hi-Lo-Hi típica, onde a aeronave inicia a navegação numa altitude maior, para economizar combustível, segue em voo rasante quando próxima à área do ataque, para não ser percebido, e retorna para a base voando alto novamente, o piloto saberá exatamente onde estarão os sítios de SAM e radares inimigos com seus respectivos alcances.

Cada coordenada necessária ao voo é inserida no programa e a navegação ficará por conta do piloto-automático e do diretor de voo (AFDS) que são guiados por informações conjuntas do sistema inercial de navegação e do GPS. Essas informações e os dados relacionados com o armamento a ser utilizado em cada missão são todos gravados num DTC (Cartucho de Transferência de Dados), com capacidade de 128 megabytes, que o piloto leva para a aeronave.

Paine Super Tucano
Painel principal do Super Tucano, com o HUD no alto e o manche equipado com sistema HOTA

Antes de iniciar o voo, ele carrega o MDP (Computador de Missão) com o que foi planejado. Na verdade cada aeronave possui dois MDP idênticos que funcionam o tempo todo, mas só um deles atua. São componentes concebidos para suportar condições extremas, como alta temperatura ambiente, areia e excessiva umidade relativa do ar.

Ainda assim, no caso de alguma discrepância comum MDP,o segundo assume imediatamente. O MDP é a alma do Super Tucano: ele gerencia praticamente tudo, desde o motor e o consumo de combustível, até a comunicação, a navegação, a pontaria das armas, as cargas externas, os cálculos de desempenho de pouso e decolagem, enfim, onde existir um sensor, seu sinal será emitido para o MDP.

Devidamente processados, esses dados são enviados ao piloto como informação, reduzindo sua carga de trabalho e permitindo que ele tenha mais tempo para gerenciar o voo e tomar suas decisões.

Lá em cima, o piloto pode ainda inserir novas informações que julgar adequadas, ou recebê-las criptografadas de estações externas, seja do solo, ou através dos jatos R-99, também desenvolvidos pela Embraer sobre a plataforma do jato regional ERJ 145, que cumprem o papel de controle e alerta avançado.

Ao final de uma missão, os tripulantes retornam à mesma sala para o debriefing. Tradicionalmente, nessas reuniões são comentados todos os aspectos do voo, recorrendo-se exclusivamente à memória dos envolvidos na missão.

Agora, porém, todas as etapas do voo serão gravadas em vídeo digital no MMC (Cartucho de Memória Principal) que permite aos tripulantes literalmente “assistir” às imagens do voo e ouvir tudo o que foi falado, seja dentro da cabine, seja com outras aeronaves, ou órgãos de controle. Além disso, o MMC pode ainda gravar parâmetros do motor, indicações de combustível, posição dos flapes e dos freios aerodinâmicos, entre outros.

As imagens são capturadas através de uma microcâmera instalada dentro do cockpit, no posto dianteiro, apontada diretamente à frente. Essa posição, estrategicamente escolhida, registra ao mesmo tempo as imagens externas e as do HUD (Head-Up Display), dispositivo transparente que permite ao piloto olhar o espaço exterior, ao mesmo tempo em que monitora dados essenciais de navegação e emprego de armas.

Super Tucano
Note que na versão monoposto do A-29 um tanque extra de combustível é montado atrás do assento

Com o HUD o piloto não precisa mais desviar sua atenção procurando mais abaixo, no painel, informações importantes relativas ao voo. Focados no infinito, símbolos gráficos e alfanuméricos, não obstruem a visibilidade do piloto e fornecem-lhe referências de navegação e pouso, diretores de voo, simbologia de pontaria de armas, dados de atitude, altitude, velocidade e proa da aeronave.

Todas as funções do HUD são controladas pelo UFCP (Painel de Controle Superior Frontal) situado logo abaixo do HUD. Fica muito claro o efeito que um debriefing tão detalhado representa na evolução do treinamento de um piloto em formação, bem como na interpretação e avaliação dos resultados de uma missão operacional.

Em seguida, visito o prédio dos simuladores, onde técnicos israelenses da Elbit Systems, empresa responsável pelo seu desenvolvimento, instalação e manutenção, fazem ajustes no simulador já em operação enquanto montam um segundo aparelho. Embora seja do tipo estático, sem movimento, o simulador do A-29 permite um treinamento completo das mtripulações. Sentado num cockpit idêntico ao do avião real e tendo a sua frente uma enorme tela que simula o espaço externo, o novo piloto pode executar todos os procedimentos normais e de emergência antes de partir para o voo.

Durante esse processo, que inclui o uso virtual de armamento, interceptações e combates aéreos, transformam aquela sala num ambiente muito parecido com o que será encontrado fora dela. A vantagem didática e operacional do simulador é enorme, pois cada informação transmitida ao aluno poderá ter sua execução imediatamente verificada e comentada.

Super Tucano
Apesar de perder em agilidade para seu antecessor, o T-27 Tucano, o A-29 comporta-se muito bem em manobras acrobáticas 

Como tudo o que está sujeito ao monitoramento da informática, é preciso conhecer os caminhos e saber onde obter as informações durante o voo. Definitivamente não é possível sentar num A-29 e sair voando, a menos que haja a presença atenta de um instrutor de voo interagindo e fornecendo dicas a um piloto que não conhece a aeronave.

O painel é limpo e quase todas as informações estão condensadas nas duas telas de cristal líquido de 6 x 8 polegadas, os CMFD (Telas Multifunção Coloridas), que possuem 28 teclas dispostas em volta de cada uma das telas que permitem ao piloto interagir com o sistema aviônico e selecionar seus modos de apresentação.

Assim, o piloto pode optar por mostrar em cada tela um mapa de situação com a rota a ser voada, a monitoração e o controle de todos os sensores, incluindo sistemas, como os do motor (pressões, tem- peraturas e rotações), o status do sistema de armas e de precisão de acerto, comunicação, horizonte artificial, velocidade, altitude, proa, força G e muitos outros dados.

Depois de conhecer o A-29, chegou a hora de voar. Voltar a usar traje anti-G, com macacão antichama, capacete e máscara é uma grande emoção, mas não maior que o fato de ser a primeira revista brasileira a testar essa nova aeronave em voo e proporcionar esse privilégio aos leitores de AERO.

A amarração no assento ejetável Martin Baker MKBR10LCX-1/2, equipado com motor-foguete, que é capaz de tirar com segurança um piloto que ejete com zero de velocidade no nível do solo, é bem simples. Em pouco tempo o A-29 é acionado e iniciamos o táxi. Alinho o Super Tucano na pista 16 esquerda de Natal e levo lentamente a manete de potência à frente.

O motor Pratt&Whitney PT6A-68/3 vai aos poucos utilizando todos os seus 1.600 shp de potência para iniciar o deslocamento. Ao atingir 50 nós de velocidade entra em ação o ATR (Compensador Automático de Guinada) que tem a função de reduzir o esforço requerido pelo piloto para mantê-lo coordenado.


Com 90 nós, a máquina deixa o solo. Na subida, um diretor de voo me auxilia a manter a atitude correta para atingirmos o ponto inicial da navegação. Logo de cara percebo uma inovação fabulosa, o sistema HOTAS (Hands On Throttles And Stick) que me permite acionar todas as funções essenciais ao voo, incluindo o uso do armamento, sem tirar as mãos do manche nem da manete de potência.

Em sua versão de combate, o A-29 está apto a carregar cinco bombas de 500 libras sob as asas, foguetes SBAT-70, mísseis ar-ar inclusive do tipo BRV (Beyond Visual Range ou Além do Alcance Visual) e AGM (Air-to-Ground Mis- sile ou Míssil Ar-Terra). Há ainda casulos de interferência eletrônica (chaff e flare) e a possibilidade de instalar outras duas metralhadoras .50, ou dois canhões, nas asas.

As imagens do HUD são retransmitidas para mim, no posto traseiro, pelo CMFD esquerdo. A nova asa é capaz de suportar um peso máximo de decolagem de 5.400 quilos. O A-29 é ligeiramente mais pesado de asa, conferindo-lhe um pouco menos de agilidade do que o T-27 Tucano.

Ao nivelar em 6.000 pés, deixamos o piloto-automático cumprir o trajeto que definimos antes do voo, com uma velocidade de cruzeiro de 240 nós. Através do stormscope, podemos comprovar o que constatamos visualmente: o céu limpo, com poucas nuvens e nenhuma formação pesada deve nos proporcionar um voo agradável.

O sistema de ar-condicionado é bastante eficiente, bem como o OBOGS (Sistema de Geração de Oxigênio a Bordo) que permite um abastecimento adequado, mesmo voando no teto máximo, a 35.000 pés, durante cerca de sete horas, que é sua autonomia aproximada — isso se o avião estiver com os três tanques extra de combustível instalados, de 200 quilos cada.

Ficha Técnica Super Tucano

Meu instrutor resolve então demonstrar como o Super Tucano se comporta num ataque a um alvo no solo e isso pode ser feito de forma simulada: neste caso, optamos por uma ponte para realizar um ataque com bombas no modo de lançamento CCIP (Ponto de Impacto Continua- mente Calculado), isto é, uma vez designado o alvo, basta manter o gatilho pressionado que o MDP se encarrega de liberar o armamento no momento exato.

O CCRP (Ponto de Lançamento Continuamente Calculado) é outro modo de lançamento que faz do Super Tucano uma máquina especial. Com ele, é possível lançar bombas acima de uma camada de nuvens com 100% de acerto. Basta inserir a coordenada do alvo. O MDP calcula o instante exato para liberar seu arsenal, afinal ele foi programado para calcular inclusive as variações de direção e intensidade de vento nos diversos níveis. Essas informações são coletadas durante a subida e utilizadas no momento do lançamento.

Uma vez ensinado, agora é a minha vez de fazer o ataque simulado. Inicio o ataque com um balsing de 90 graus pela esquerda, defino meu alvo, estabilizo a aeronave e mantenho o botão de disparo até a bomba ser liberada.

Imediatamente após o lançamento, o resultado aparece numa página do CMFD. Um erro de 25 pés (7,62 metros) não é tão relevante para quem está há mais de vinte anos sem executar uma missão assim. Mérito do Super Tucano. Ele fez quase tudo por mim. Os índices de acerto de uma tripulação treinada são sempre altíssimos. Após a simulação de vários lançamentos de bombas e foguetes, inicio minha série acrobática.

O traje anti-G é um conforto para o piloto. São bolsas de ar situadas na região do abdômen e nas pernas que se inflam durante as manobras, impedindo que o sangue desça para os pés, mantendo o cérebro bem irrigado.

O avião comporta-se muito bem nas manobras acrobáticas. Fizemos um pouco de tudo. Todas as manobras clássicas, incluindo loopings, tunôs, oito cubano, voo de dorso, enfim, tudo aquilo que alguém que gosta de acrobacias faria num avião desses. Um dos requisitos que o A-29 atende sem restrições, é a execução da manobra Lancevaque. Outra característica é a capacidade de sair de um parafuso carregando cinco bombas de 500 libras debaixo das asas.

Enfim, o avião é muito versátil, comporta-se extremamente bem em todas as situações, perde pouca energia nas manobras e, em função de sua potência, recupera rapidamente altura e velocidade.

Voltando à base, o MDP nos informa que 112 nós seria a melhor velocidade para a aproximação. Ele comporta-se bem a baixa velocidade e o pouso é sempre duro, talvez uma herança do Tucano. Notei a falta de um reverso para fazê-lo parar mais rápido, bem como um sistema anti-skid.

Mas não há dúvida de que o A-29 Super Tucano é uma máquina especial. Fácil de voar e com uma tecnologia embarcada que o torna muito eficiente para o emprego militar. Tenho certeza também que o Super Tucano coloca a FAB em posição de destaque em relação ao mundo. O que as próximas gerações de pilotos de caça terão nas mãos é um produto que não deixa nada a dever às principais Forças Aéreas do planeta em termos de aviônicos e emprego.

Também é certo que fará um excelente trabalho protegendo nossos céus. O Diretor do Programa de Defesa da Embraer, Sérgio Horta, na empresa há 25 anos, vivenciou toda a transformação que ocorreu ao longo desses anos e destaca essa última: “A FAB passa por uma grande revolução. O A-29, o R-99 e a modernização do A-1 e do F-5 são sinais claros desse desenvolvimento. A Força Aérea, aos poucos, está conhecendo todo esse potencial e percebendo a extensão das mudanças na capacidade operacional”. Parece que começamos o novo século com o pé direito.

Domingo Aéreo da AFA será neste final de semana

 Portões Abertos promovido pela Força Aérea reúne demonstrações aéreas e exposições em Pirassununga




Evento promovido pela Força Aérea Brasileira em Pirassununga ocorrerá no próximo domingo - Divulgação

No domingo, dia 1 de setembro, ocorrerá o tradicional Domingo Aéreo na Academia da Força Aérea (AFA), realizado em Pirassununga, no interior de São Paulo. O evento que ocorre anualmente é uma oportunidade para o público conhecer de perto a rotina da AFA e as aeronaves utilizadas pela Força Aérea Brasileira.

Durante o evento os visitantes poderão assistir a diversas demonstrações aéreas, incluindo apresentações da Esquadrilha da Fumaça, além de paraquedismo e simulações de missões militares, além de contar também com exposições estáticas de aeronaves e equipamentos militares.

Dentre as atrações confirmadas estão a Esquadrilha da Fumaça, Esquadrilha Céu, os T-27M Tucano, T-25 Universal, C-95, F-5EM e Gripen F-39, além dos helicópteros H-50. A Marinha do Brasil ainda enviará o A-4 Skyhawk. Também haverá diversas apresentações de aeromodelismo. 

Além das atividades aéreas, o Domingo Aéreo contará com visitas às instalações da academia, permitindo aos participantes conhecerem os locais de treinamento dos cadetes da FAB. Stands interativos e áreas temáticas foram montados para demonstrar o funcionamento de diversos setores da Força Aérea, como controle de tráfego aéreo e manutenção de aeronaves.

O Domingo Aéreo na Academia da Força Aérea será realizado na Estrada de Aguaí, s/nº – Jardim Bandeirantes – Pirassununga, São Paulo, a partir das 9h. Contudo, é importante emitir previamente os ingressos para entrada, disponíveis no site oficial do evento. Sem os ingressos não será autorizada a entrada na Academia da Força Aérea.

 Com ganhos de peso, modificações no jato PC-24 garantem incrementos de desempenho, além da opção de colocar uma galley traseira ou um divã na cabine de passageiros




Pilatus

No final de 2023, durante a NBAA-BACE, a Pilatus anunciou que havia obtido consideráveis ganhos de desempenho para o PC-24, com ampliação da carga útil e alcance, além de melhorias no interior.

O aumento nos números ocorreu após um aprimoramento de elementos estruturais de asa e fuselagem, permitindo reduzir o peso de aproximadamente 700 componentes, que foram redesenhados ou tiveram seu método construtivo aperfeiçoado.

Assim, o PC-24, a partir das primeiras entregas de 2024, teve um alcance máximo com seis passageiros ampliado para 2.000 milhas náuticas (3.704 quilômetros), uma melhora sensível de 200 milhas náuticas (370 quilômetros), o que ocorreu após um aumento de 600 libras (272 quilos) na carga útil total de combustível e na capacidade de carga paga.

Desempenho

Com as melhorias, o PC-24 agora oferece uma carga útil total de combustível, em operação single-pilot, adicional de 1.315 libras (596 quilos) e apresenta uma capacidade de carga útil máxima de 3.100 libras (1.406 quilos).

As melhorias ainda permitiram ao PC-24 manter suas capacidades operacionais em pistas curtas ou não preparadas, podendo no peso máximo de decolagem, ao nível do mar, exigir apenas 941 metros de pista.

PC-24
O PC-24 agora oferece uma carga útil total de combustível, em operação single-pilot, adicional de 596 quilos e capacidade de carga útil máxima de 1.406 quilos.

“O aumento da carga útil foi alcançado por meio do refinamento dos elementos estruturais da asa e da fuselagem para reduzir o peso vazio da fuselagem e, ao mesmo tempo, aumentar o limite máximo de peso bruto de decolagem”, destacou Bruno Cervia, vice-presidente de engenharia da Pilatus.

Para validar as mudanças de quase 1.000 itens, a Pilatus teve de realizar uma extensa campanha de testes e ensaios em voo para permitir expandir o novo envelope de voo considerando pesos operacionais maiores e a redução no peso estrutural da aeronave. Informalmente, executivos da Pilatus passaram a considerar o PC-24 não como um jato leve, mas um jato muito leve, em uma brincadeira com o fato de a redução de peso ter tornado o avião mais capaz.

Para o Brasil, a expectativa é que a nova geração agregue mais capacidade, especialmente em operações no interior do país, onde a maioria dos aeródromos é bastante limitada em questão de comprimento de pista e infraestrutura de apoio. Não por um acaso, a Synerjet, representante da Pilatus no Brasil, realizou um tour com um PC-24 por alguns países na América Latina, demonstrando as melhorias no projeto.

Divã

O que mais chama atenção é o novo interior, que recebeu uma série de melhorias. Embora as mudanças de peso e desempenho sejam importantes, para muitos operadores, o novo interior, que inclui opção de divã, é um destaque adicional, quando não o principal.

PC-24
Lançamento do divã conquistou clientes ao redor do mundo e CEO da Pilatus, Markus Bucher, afirmou que não esperava que “as pessoas ficassem tão loucas por isso”

Embora o PC-24 já tenha o maior volume de cabine da categoria, a Pilatus conseguiu com alguns ajustes pontuais melhorar o layout do interior, além de oferecer novos acabamentos. E aqui vale um adendo, a Pilatus desde os seus robustos monoturboélices, como o PC-6 Porter, que pese ter sido projetado como um avião robusto e simples, sempre se destacou pela qualidade construtiva e acabamento, o que no fundo é uma tradição suíça. O país é famoso por sua indústria de alta precisão e produtos de elevada qualidade, indo desde relógios, passando por café torrado, até aviões.

Pilatus PC-24
Instalação do divã exige um preparo dedicado da estrutra para sua fixação, o tornando um item permanente no avião

O avião apresentado pela Synerjet não dispunha do divã, mas a própria empresa destacou sua presença e, em recente entrevista à norte-americana Aviation Week, o CEO da Pilatus, Markus Bucher, disse que a procura pelo acessório é um grande sucesso, e que a empresa não esperava que “as pessoas ficassem tão loucas por isso”.

A justificativa é plausível, o grande sofá lateral, com 1,98 metro de comprimento, pode ser convertido em cama durante o voo, além de acomodar três pessoas confortavelmente. O divã usualmente é um item comum em jatos médios ou supermédios, oferecendo um maior nível de conforto e um ambiente mais leve a bordo.

Em viagens com maior duração, especialmente no final de um dia de reuniões, o divã oferece ao passageiro uma oportunidade de descansar durante o voo. Para famílias, é uma opção para aumentar o conforto de crianças, seja em um espaço mais amplo para distração ou para permitir uma acomodação mais fácil durante o sono. E mesmo em reuniões a bordo o sofá lateral convida para uma atmosfera mais intimista, que pode ser um diferencial em determinadas conversas e acordos.

Configurações

A Pilatus ainda oferece ao todo seis opções de configuração interna, desde o layout clássico, passando pelo club seat até o divã. Outra mudança importante foi a possibilidade de uma galley traseira, que, na verdade, são dois armários adicionais instalados no local dos dois assentos padrões, chamados de commuter, no final da cabine.

PC-24 Galley

Uma das vantagens é a flexibilidade, permitindo retirar os dois últimos assentos, instalando as galleys, ou ainda usando a área livre para transporte de carga adicional. “Geralmente os clientes optam pelos cabinets ou pelos assentos commuter, porém, é possível comprar os dois e trocá-los”, explicou Priscila Belo, consultora de vendas da Synerjet.

Além disso, alguns usuários brasileiros optam por instalar os assentos executivos em todo o avião, evitando os dois finais no estilo padrão. O contra é que não é possível remover os bancos executivos apenas retirando uma trava, exigindo assim um trabalho em oficina e com maior tempo de parada. “Como a maioria desses clientes usa avião para transporte executivo, eles preferem que todos tenham o mesmo assento, evitando uma espécie de ‘menor prestígio’ para quem viaja nos últimos [assentos]”, pontou Belo.

Baixo ruído

Outro destaque do projeto atual é a declarada melhoria nos níveis de ruído ambiental pela otimização dos dutos da unidade de serviço de passageiros, dos painéis de absorção de ruído e dos dutos de entrada de ar acessórios do motor ajustados. Embora nossa equipe não tenha viajado no novo PC-24, o modelo anterior, onde fizemos um ensaio exclusivo na edição 330, já tinha um ruído interno bastante baixo.

Ainda assim, durante nossa visita, a apresentação do modelo 2024, pedimos para apenas fechar a divisória entre a galley e a cabine de passageiros, o que por si só apresentou uma nítida redução do barulho externo.

O avião estava no hangar da Synerjet e com algumas operações de manutenção ocorrendo ao lado, que não foram perceptíveis nem mesmo durante a gravação do vídeo ao lado.

Chama atenção ainda as melhorias nas áreas de armários e nos móveis, que ganharam novo acabamento e um refinamento adicional, otimizando o espaço de cabine e ainda a percepção visual.

A Pilatus fez parceria com a Lufthansa Technik para incorporar um novo sistema integrado de gerenciamento de cabine (iCMS) com um controlador de tela sensível ao toque de 10" com mapa móvel em 3D, quatro alto-falantes de cabine de alta fidelidade com opção de subwoofer, iluminação ambiente, portas USB e armazenamento de mídia.

PC_24
Cada vez mais presente nos jatos de negócios, o uso de aviônica com telas sensíveis ao toque oferecem a eliminação de diversos botões e simplificação da operação

No cockpit, uma das melhorias mais visíveis é a introdução do FMS sensível ao toque, tornando a operação mais simples e seguindo à tendência adotada em aeronaves maiores, como os modelos topo de linha de Gulfstream e Dassault.

Aliás, essa é uma característica cada vez mais presente nos jatos de negócios, o uso de aviônica com telas sensíveis ao toque e que oferecem a eliminação de diversos botões, o que na prática torna a operação mais simples e reduz o peso. Por menos que um botão pese, o sistema analógico todo somado adiciona alguns quilos a mais ao avião. Além disso, o uso de tecnologias como smartphones tornou usual e simples absorver a ideia de funções na tela.

Serviços preditivos

Por fim, segundo a Pilatus, todos os PC-24 a partir do número de série 501 serão equipados com um novo recurso para permitir serviços preditivos. A transmissão automatizada de dados importantes da aeronave diretamente para a Pilatus no momento do pouso será analisada e, se necessário, uma recomendação preditiva será feita ao operador.

“Mais alcance, maior carga útil, maior conforto e maior operabilidade foram o foco principal deste importante programa de melhoria do PC-24. A atualização do PC-24 inclui mais de 1.000 modificações em toda a aeronave. Mais uma vez, fomos até ao limite do possível, fazendo uso máximo das nossas capacidades de engenharia”, destacou Bucher.

O Brasil segue sendo um dos mercados com maior potencial para o PC-24, que já opera em regime de propriedade compartilhada e também com operadores privados, em especial atendendo voos de curta e média duração, voando entre centros urbanos e cidades do interior com pistas curtas.

Compare as principais diferenças do Airbus A319 e do A220-300

 

Fotos: Airbus

O Airbus A220 e o Airbus A319 são aeronaves comerciais de corredor único produzidos pela fabricante europeia.

Ambos são utilizados para operações de curta a médio alcance, focadas no transporte de grandes centros de conexões à cidades com menores estruturas e com menos demanda.

Airbus A319

O Airbus A319 foi o terceiro membro da Família A320 a ser desenvolvido, ele surgiu após o A320 e o A321. Posteriormente, em 2003, veio o A318, que é o menor da família.

A ideia da Airbus com o A319 era projetar uma aeronave derivada do A320 para 130-150 assentos e que viesse a atender mercados onde o A320 e o A321 não eram as aeronaves ideais, seja por demanda de passageiros ou por alguma restrição.

No Brasil, o A319 é utilizado somente pela LATAM, que opera apenas 19 unidades. O primeiro jato do modelo entregue à empresa chegou no país em 1999.

Passageiros124/156
Comprimento33,8 m (111 ft)
Envergadura34,1 m (112 ft)
Altura11,8 m (38,7 ft)
Volume27,62 m³ (975 ft³)
Peso vazio40 800 kg (89 900 lb)
Peso carregado75 500 kg (166 000 lb)
Motor(es)Série IAE V2500 ou Série CFM International CFM56-5
Velocidade máxima871 km/h (470 kn)
Velocidade de cruzeiro828 km/h (447 kn)
Alcance6 700 km (4 160 mi)
Teto máximo12 000 m (39 400 ft)

Airbus A220

Inicialmente lançado pela Bombardier como CSeries, o projeto foi majoritariamente adquirido pela Airbus e em 2016 o CS100 e CS300 foram renomeados de A220-100 e A220-300 respectivamente.

Com mais de 700 encomendas, nenhuma empresa aérea da América Latina ainda encomendou o A220, mesmo depois turnê pela região. A Airbus continua apostando suas fichas na aeronave e estuda uma versão alongada do modelo: o A220-500.

No mês de abril deste ano, o Brasil recebeu pela primeira vez o Airbus A220, aeronave que é uma das maiores apostas e sucessos atuais da Airbus.

Antes de vir ao Brasil, o HB-JCU (A220-300 nas cores da Swiss) passou por outros países latino-americanos como o México, Argentina, Chile e Panamá durante parte da sua turnê de demonstração pelas Américas. Ele chegou em terras brasileiras no começo da noite do dia 11 de abril.

Passageiros125/160
Comprimento35 m (115 ft)
Envergadura35,1 m (115 ft)
Altura11,5 m (37,7 ft)
Peso vazio33 300 kg (73 400 lb)
Peso carregado58 967 kg (130 000 lb)
Motor(es)2x turbofans Pratt & Whitney PW1500G
Velocidade máxima871 km/h (470 kn)
Velocidade de cruzeiro829 km/h (448 kn)
Alcance5 463 km (3 390 mi)
Teto máximo12 497 m (41 000 ft)