A Dassault Falcon completa seis décadas de existência neste ano de 2023. A empresa, com esse nome e dedicada exclusivamente à produção de jatos executivos surgiu há exatos 60 anos, em 1963, quando lançou justamente seu primeiro jato executivo, o Mystère-Falcon 20. Mas a origem do fabricante francês remonta aos anos 1930.
No início daquela década, foi fundada na França a Société des Avions Marcel Bloch, para fabricar aviões civis e militares e, em 1947, a empresa teve seu nome modificado para Avions Marcel Dassault.
O motivo é curioso. Seu fundador Marcel Bloch mudou seu sobrenome para Dassault, para homenagear o irmão, o general Darius Paul Bloch, que na Resistência Francesa – durante a Segunda Guerra Mundial – usou o codinome de “Char d’assault” (carro de assalto/tanque).
Depois do Mystère-Falcon 20, a Dassault lançou mais de 20 modelos diferentes, todos eles com as mesmas linhas aerodinâmicas, além da confiabilidade e facilidade de pilotagem associadas à eficiência que caracterizaram aquele primeiro modelo.
Após adquirir o também fabricante de aviões francês Breguet, em 1971, criando a Avions Marcel Dassault-Breguet Aviation, a empresa lançou o Mercure, um jato comercial destinado a concorrer com o Boeing 737-200.
O Mercure voou pela primeira vez em 28 de maio de 1971, mas os únicos doze aviões construídos foram usados apenas pela Air Inter. Essa foi a única tentativa do fabricante de entrar no mercado da aviação comercial.
Dez passageiros
Em dezembro de 1961, Marcel Dassault recebeu autorização para produzir um jato executivo para dez passageiros. O Dassault-Breguet Mystère 20 (Falcon 20, a partir de 1966), o primeiro jato executivo da empresa, que realizou seu voo inaugural em 4 de maio de 1963, era um avião de asa baixa com os dois motores Pratt & Whitney JT12A-8 montados nas laterais da seção traseira da fuselagem.
A versão melhorada Falcon 200 caracterizava-se pelos motores mais avançados e outras importantes modernizações destinadas a aumentar seu alcance, sua capacidade e o seu conforto. A aeronave se mostrou tão popular, que ficou em produção até 1988, quando foi substituída por desenvolvimentos mais avançados da família Falcon. Até aquela data haviam sido fabricados 473 Falcon 20 e 35 Falcon 200.
Posteriores desenvolvimentos do Falcon 20 incluíram o Falcon 10, que era menor, e os modelos para trinta passageiros Falcon 30 (apenas um protótipo construído), Falcon 40 (versão para clientes não norte-americanos, não construída) e o trimotor Falcon 50. Em 2012, um Falcon 20 foi o primeiro jato civil a voar com biocombustível ao realizar um teste de voo para o National Research Council, do Canadá.
As variantes civis do Falcon 20 incluem o Mystère/Falcon 20 (protótipo, um construído), Mystère/Falcon 20C (versão inicial de série), Falcon 20CC (semelhante ao Falcon 20C, equipado com pneus de baixa pressão), Mystère/Falcon 20D (motores mais possantes, mais capacidade e menor consume de combustível, Mystère/Falcon 20E (motores mais possantes e peso sem combustível mais alto, Mystère/Falcon 20F (slats em todo o bordo de ataque e maior capacidade de combustível), Falcon 20FH (designação original do protótipo Falcon 200), Falcon 20H (designação original do Falcon 200), Falcon 200 (variante melhorada com motores turbofan, primeiro voo em 1980), Fan Jet Falcon (nome do Falcon 20 comercializado nos Estados Unidos), Falcon Cargo Jet (Falcon 20 convertidos em cargueiros para a Federal Express) e Falcon 20C-5, 20D-5, 20E-5, 20F-5 (Falcon 20 equipado com diferentes tipos de motores e sistemas).
Em 1977, foi iniciada a produção do Dassault Mystère/Falcon 10. Embora seja considerado às vezes uma versão menor do Falcon 20, ele foi um projeto novo, com fuselagem não circular, novas asas com flaps com fenda, uma porta de carga e muitos circuitos mais simplificados que os do Falcon 20. A produção terminou em 1988.
As variantes civis do Falcon 10 incluem: Minifalcon, nome original do Dassault Falcon 10; Falcon 10 (aeronave executiva); e Falcon 100 (projetado para substituir o Falcon 10, a Série 100 tinha peso máximo de decolagem mais alto, maior peso máximo de decolagem e glass cockpit).
O primeiro protótipo do Falcon 50 voou em 7 de novembro de 1976. Era um jato executivo de longo alcance, da classe super midsize, e com configuração trimotor com duto em “S” para o motor central sob a deriva. Tinha a mesma seção transversal da fuselagem e capacidade semelhante à dos bijatos Falcon 20, mas com asas de projeto avançado.
O Falcon 50 foi posteriormente substituído pelo Falcon 50E, que realizou seu voo inaugural em 1996 e o último exemplar foi entregue em 2008. Caracterizava-se pelos motores mais possantes e outros melhoramentos que lhe proporcionavam maior alcance.
Nova geração
O Falcon 900, que incorpora materiais compostos em seu projeto, é uma evolução do Falcon 50, mas com seção transversal da fuselagem bem maior. Ele voou pela primeira vez em 21 de setembro de 1984. As versões melhoradas são o Falcon 900B, com motores mais potentes e maior alcance, e o Falcon 900EX (Extended Range), com motores ainda mais possantes, alcance estendido e glass cockpit. O Falcon 900C é uma versão econômica do Falcon 900E e substitui o Falcon 900B. As variantes mais recentes são o Falcon 900E EASy e o Falcon 900DX. Em 2008, a Dassault anunciou mais uma versão da série 900: o Falcon 900LX, incorporando winglets da Aviation Partners, certificados para serem instalados nos modelos anteriores.
Em 4 de março de 1993, voou pela primeira vez o bimotor Falcon 2000, um desenvolvimento ligeiramente menor e com alcance intercontinental do trijato Falcon 900. As variantes civis da aeronave incluem o Falcon 2000EX (certificado em 2003 com novos motores turbofan e maior alcance); Falcon 2000EX EASy (designação de marketing de um 2000EX com aviônica avançada e mudanças nos sistemas de pressurização e oxigênio, certificado em 2004);
Falcon 2000DX (versão modernizada certificada em 2007 e baseada no 2000EX EASy); Falcon 2000LX (variante de 2009 com maior alcance do Falcon 2000EX EASy, com winglets da Aviation Partners); Falcon 2000S (variante com características de pousos e decolagens curtos que começou os testes em 2011); Falcon 2000LXS (substituto de maior alcance do 2000LX que será oferecida em 2014 e com as características de pistas curtas do 2000S).
O Falcon 7X, que realizou seu voo inaugural em 5 de maio de 2005, entrou em serviço em 15 de junho de 2007 e o 100º exemplar foi entregue em novembro de 2010. O Falcon 7X é o primeiro jato executivo totalmente fly-by-wire e está equipado com a mesma suíte de aviônica Honeywell Primus EPIC “Enhanced Avionics System” (EASy), que foi usada o Falcon 900EX e, posteriormente, no Falcon 2000EX.
A aeronave, que foi o primeiro Falcon a sair de fábrica com winglets, também se caracteriza pelo seu projeto em grande parte projetado por computador e o fabricante afirma que é o primeiro avião a ser totalmente concebido em uma plataforma virtual, usando os produtos CATIA e PLM da Dassault Systèmes.
Durante a European Business Aviation Convention & Exhibition (EBACE) 2014 a Dassault anunciou o lançamento do Falcon 8X, uma versão aprimorada do Falcon 7X, contando com asas redesenhadas, fuselagem 1,1 metro mais comprida e equipado com os motores Pratt & Whitney Canada PW307D.
O avião alcance é de até 11.945 quilômetros, se tornando o primeiro modelo da família Falcon com capacidade de ultralongo alcance.
Após cancelar o programa Falcon 5X, lançado em 2013, mas que sofreu com falhas no projeto dos motores Safran Silvercrest, a Dassault anunciou, em 2017 uma versão aprimorada e remotorizada, batizada de Falcon 6X. Além de uma cabine mais ampla e recursos adicionais, o novo avião foi equipado com os motores Pratt & Whitney PW812D. O primeiro voo ocorreu em março de 2021, em plena crise sanitária, com a campanha de ensaios em voo ocorrendo dentro do planejado. A expectativa é que o primeiro avião seja entregue ainda neste primeiro semestre de 2023. O Falcon 6X conta com uma cabine com 2,58 metros de largura, com capacidade de voar a Mach 0.90 e alcance de até 10.200 quilômetros.
Ainda em 2021, em maio, a Dassault anunciou o lançamento do Falcon 10X, criado para competir com os recém-lançados Gulfstream G700 e Bombardier Global 8000. Um dos diferenciais do projeto é sua cabine ultralarga, sendo a com maior seção transversal criada para um jato de negócios, contando com 2,03 metros de altura e 2,77 metros de largura. Isso torna a cabine do Falcon 10X mais larga que do jato comercial E-Jet, da Embraer e superior a qualquer um dos seus rivais diretos. Além disso, o alcance será de 13.900 quilômetros e velocidade de cruzeiro de Mach 0.85 e a máxima de 0.925.
O Brasil conta com um centro de serviços Dassault. O DAS (Dassault Aircraft Services) São Paulo, mas conhecido como “Falcon do Brasil”, é uma instalação inaugurada em 2009, e localizada no Aeroporto de Sorocaba, no estado de São Paulo.
Ele conta com as peças, ferramental e certificações necessárias da Anac, FAA e BDCA, para realizar até os cheques “A” dos F10, F200, F50/50EX, todas as séries Falcon 2000 e 900, e o Falcon 7X. A Falcon do Brasil pode realizar a manutenção de até quatro aeronaves ao mesmo tempo. Além disso, a DAS – São Paulo excede todos os critérios para qualificá-lo com um Line Service Center e planeja continuar seu crescimento e aumentar os serviços por ele oferecidos.
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