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segunda-feira, 9 de setembro de 2024

Como a Força Aérea egípcia é capaz de operar sua frota de origem mista?

 


Os novos caças Rafale egípcios.

É raro testemunhar uma força aérea voando em jatos de combate e helicópteros de diferentes origens, mas o Egito opera aeronaves da Rússia, China, Estados Unidos e países europeus.

A frota de aeronaves militares do Egito é capaz de compartilhar dados e coordenar atividades, apesar de suas origens mistas, graças a um centro de comando feito localmente, de acordo com um especialista das forças armadas egípcias.

Aeronave de alerta aéreo antecipado E-2C Hawkeye 2000.

“Quando se trata da Força Aérea Egípcia em particular, definitivamente não é possível para aeronaves de alerta antecipado E-2C Hawkeye 2000 [fabricadas nos Estados Unidos] em serviço, por exemplo, coordenar os caças MiG-29 [de fabricação russa] e trocar dados com eles, como é o caso dos caças F-16 e Rafale [de fabricação americana]”, disse Mohamed al-Kenany, pesquisador de assuntos militares e analista de defesa do Fórum Árabe para Análise de Políticas Iranianas em Cairo.

“No entanto, os dados estão sendo compartilhados entre as aeronaves de diferentes origens por meio dos centros de comando e controle que são equipados com sistemas dedicados capazes de conectar os vários sistemas de radar, aeronaves, sensores, reconhecimento e guerra eletrônica, e integrar todas as informações e dados que eles recebem em um sistema unificado chamado RISC2.”

O RISC2 é um sistema egípcio introduzido durante o EDEX 2018. (Cortesia de Mohamed al-Kenany).

O Centro de Comando de Integração e Vigilância do Radar foi feito pelo Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento do exército egípcio, Benha Electronics, que é filiada ao Ministério da Produção Militar; o Colégio Técnico Militar; e as Forças de Defesa Aérea do Egito.

O RISC2 foi introduzido durante a Egypt Defense Expo 2018 e tem como objetivo automatizar tarefas de controle e comando. A plataforma está equipada com ferramentas para planejamento de voo, sistemas de controle de radares e vários sensores de monitoramento (incluindo aeronaves dos Estados Unidos, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Egito), um sistema de rastreamento automático de voo, um sistema de gerenciamento de rede e segurança cibernética.

Caças F-16 fabricados nos EUA.

Al-Kenany disse que, além de conectar aeronaves, o sistema permite que as plataformas militares de combate terrestre e marítima compartilhem dados.

“Este sistema permite a troca dinâmica de dados integrados com vários centros de comando e controle, com a próxima geração de sistemas de proteção cibernética e firewalls … bem como o centro de comando de mísseis superfície-ar egípcio para analisar e avaliar o riscos e ameaças aéreas, e [determinar] o tipo de sistemas de defesa aérea necessários para lidar com essas ameaças”, acrescentou.

Jatos franceses Mirage 2000 da Força Aérea Egípcia.

Ele não observou nenhum problema com os sistemas de defesa aérea do Egito, diferenciando as aeronaves inimigas das aliadas. “Os vários tipos de IFF [sistemas de identificação amigo ou inimigo] produzidos por diferentes empresas para as forças armadas do Egito são projetados para serem compatíveis com todos os sistemas e equipamentos operacionais no país e, portanto, identificar suas frequências e códigos específicos como amigáveis, o que impede disparo de armas em aeronaves amigas”, explicou.

Para contornar atrasos no compartilhamento de dados, a Força Aérea Egípcia recorreu ao Rafale “para interligar aeronaves de diferentes origens durante o voo, uma vez que está equipado não só com link de dados Link 16, mas também com outras soluções para países não-OTAN operarem de forma integrada [ambientes] operacionais com todas as plataformas e com meios de combate amigáveis ??e comando e controle aerotransportado, o que permite operar em harmonia com os modernos caças russos operando para a Força Aérea egípcia”, explicou al-Kenany.

Caças MiG-29M/M2 fabricados na Rússia.

Ele também apontou para o satélite de comunicações TIBA-1 do Egito, que foi lançado a bordo de um foguete Ariane 5 em novembro de 2019 para comunicações governamentais e fins militares. Ele disse que o satélite vai facilitar o compartilhamento de dados entre caças e helicópteros da Força Aérea Egípcia de diferentes origens.

O que o Egito está voando?

Em termos de sistemas ocidentais, a Força Aérea egípcia opera atualmente 24 caças Rafale (e quer dobrar esse número), 20 caças F-16 Block 52, 10 helicópteros AH-64D Apache Longbow (com planos de dobrar seu estoque), 15 Jatos Mirage 2000 e oito aviões E-2C Hawkeye de alerta antecipado.

Do leste, o serviço opera 46 caças MiG-29M, 46 helicópteros de reconhecimento armado Ka-52 Alligator e um número desconhecido de helicópteros multimissão Mi-24, que apareceram pela primeira vez no serviço egípcio em 2018. A Força Aérea também encomendou 24 jatos Su-35S Super Flanker, mas recebeu apenas cinco até agora, de acordo com a mídia russa.

Helicópteros Mi-24 e AH-64.

O Egito voltou-se para a Rússia depois que os EUA não aprovaram seu pedido de aquisição de cerca de duas dúzias de caças F-35, disse um oficial militar egípcio à Associated Press em 2019. O acordo russo com os Su-35s pretendia diversificar os fornecedores de armas do Egito, porque Os EUA já haviam interrompido a assistência militar por questões de direitos humanos, disse outro oficial.

“Mudar para diversificar as fontes de equipamento militar e especialmente jatos de combate é uma consequência direta de embargos de países específicos, ou monopólio de tecnologia e abstenção de transferência de tecnologia”, disse o membro libanês do Parlamento Wehbe Katicha, um general aposentado do Exército, ao Defense News.

Ka-52 egípcios a bordo do navio da Classe Mistral da França.

Mas a frota mista não afetou significativamente o treinamento entre o Egito e os membros da OTAN, disse al-Kenany.

“Os exercícios estão acontecendo conforme programado entre o Egito e os países da OTAN, mas é importante notar que eu nunca notei uma aeronave russa nos exercícios com os países ocidentais, ou uma aeronave ocidental nos exercícios com a Rússia. A única exceção a isso foi a presença de Ka-52 com os treinamentos no Mistral francês.”

Conheça as Forças Aéreas da Realeza

 Existem diversos reinos espalhados pelo mundo. Conheça algumas curiosidades das respectivas forças aéreas da Realeza mundial




A RAF é a força aérea mais famosa e está agora sob comando do Rei Charles III - RAF

Embora a Grã-Bretanha seja mundialmente famosa por sua Família Real, diversos países ainda mantêm a posição de reinos e impérios, onde suas forças armadas são ligadas diretamente ao monarca. No caso Britânico, a chamada Commonwealth agrega diversos países, que mesmo independentes, como Canadá, Austrália e Nova Zelândia, ainda são súditos da Vossa Alteza Real, o agora Rei Charles III.

Royal Air Force (Reino Unido)

RAF Eurofighter
Caça europeu Eurofighter Typhhon é uma das pontas de lança da RAF e de diversas Reais Forças Aéreas

A Royal Air Force (RAF) é a mais famosa entre os diversos reinos do mundo, justamente pela fama do Reino Unido. Fundada em 1918, é uma das mais antigas instituições aéreas de cunho militar e passou por duas grandes guerras mundiais. Seu grande destaque ocorreu entre 1939 e 1945, quando com seus icônicos caças Spitifire, defendeu Londres da invasão alemã na Segunda Guerra Mundial.

Hoje, a RAF opera, além dos Typhoon, os caças de quinta geração norte-americanos F-35 Lightning II. Uma ironia do destino, afinal, os Estados Unidos eram uma simples colônia inglesa.

Koninklijke Luchtmacht (Holanda)

F-16 Koninklijke
Holanda substituirá seus atuais F-16 pelo moderno F-35A | Divulgação

A Real Força Aérea é uma das mais tradicionais e modernas do cenário europeu. Fundada em 1953, em sua história, operou diversas aeronaves. Na aviação de combate destaca-se o F-16 Fightning Falcon e os recém comprados F-35A.

Luftforsvaret (Noruega)

F-35 da Noruega
Caças F-35A estão sendo incorporados à aviação de caça da Noruega | RNAF

Svenska flygvapnet (Suécia)

Gripen E
Reino da Suécia se destaca pelo uso de aviões fabricados localmente, como o Gripen E | Saab

A coroa sueca também entra na lista, não apenas pelo legado de independência do país nórdico, já que a Suécia é um dos reinados mais antigos da Europa, que embora tenha se formado como nação moderna em 1523, sempre prezou por sua autocapacidade militar. O país se destaca pela independência na produção de aeronaves militares, hoje representada pela família Gripen.

Fundada no ano 1926, a Svenska flygvapnet (literalmente Força Aérea Sueca) ou apenas Força Aérea, como é chamada, ainda é inspirada pelo legado dos Vikings e tem hoje como principal vetor os caças Saab Gripen C/D, mas prevê incorporar em breve os novos Gripen E, assim como o Brasil.

Ejército del Aire (Espanha)

Typhoon Espanha
Espanha planeja adquirir mais unidades do caça europeu Eurofighter | Ejército del Aire

A Espanha também é um reinado, um dos mais antigos do mundo, com um grande legado militar e de pioneirismo. Sua força aérea faz parte da lista que compõe as forças de defesa aérea da Otan.

Fundada em 1913, o Ejército del Aire y del Espacio opera atualmente com caças Eurofighter Typhoon e o EF-18 Hornet, com a letra "E" sendo alusão a versão espanhola do F/A-18.

Royal Australia Air Force (Austrália)

F/A-18 Super Hornet
A Austrália segue investindo em sua frota de aeronaves militares - RAAF

A Austrália embora seja um país tecnicamente independente do Reino Unido, mantém fortes  ligações com a realiza britânica, sendo um dos membros mais ativos da Commonwealth. Não por um acaso a Real Força Aérea da Australiana (RAAF, na sigla em inglês) tem esse nome. Criada em 1921 a RAAF sempre teve um importante papel geopolítica na região do Indo-Pacífico, hoje principalmente como contrapenso a China.

Atualmente, a RAAF opera modernos caças F/A-18 Super Hornet, EA-18G Growler e também o modelo F-35A. O avião de alerta aéreo antecipado e controle E-7A Wedgetail foi criado pela Boeing especialmente para atender as necessidades da RAAF, mas o modelo deverá ser também o novo avião AEW&C dos Estados Unidos.

Royal New Zealand Air Force (Nova Zelândia)

T-6 Texan
Apesra de não ter caças, a Nova Zelândia opera aeronaves de instrução T-6 Texan II | NZAF

A Nova Zelândia é famosa por seu clima e paisagens, além do kiwi (o passáro) e seu espiríto guerreiro. Como parte da Commonwelth sua força aérea é chamada oficialmente de Royal New Zealand Air Force (NZAF), mas também é conhecia localmente como Tauaarangi o Aotearoa, que na língua maori quer dizer Os Guerreiros do Céu da Nova Zelândia.

Criada em 1913 a NZAF e opera atualmente uma frota de apenas 47 aviões, mas não incluí nenhum caça de primeira linha. A proteção do espaço aéreo da Nova Zelândia é feita pela RAAF, em um acordo com a Austrália.

Kong Thap Akat Thai (Tailândia)

F-5 Tailândia
Assim como a FAB, a Tailândia ainda utiliza caças Northrop F-5 Tiger II | Divulgação

A Força Aérea Real Tailandesa (RTAF, na sigla em inglês), ou Kong Thap Akat Thai na transliteração, merece destaque na Ásia. Estabelecida em 1913, como uma das primeira do mundo, a Royal Thai Air Force tem ampla história e se envolveu até mesmo na Guerra Vietnã, onde recebeu ajuda dos Estados Unidos.

Atualmente frota de caças da RTAF inclui os caças norte-americanos F-16, F-5 e o sueco Gripen JAS 39C.

Royal Canadian Air Force (Canadá)

CF-18 do Canadá
A força aéra do Canadá nomeia todos seus aviões começando com a letra C, como o CF-18, em alusão ao nome do país

Do outro lado do Atlântico o Canadá também é parte da Commonwealth, o que justifica a designação Royal Canadian Air Force (RCAF). Um ponto curioso é ser uma das únicas forças aéreas do mundo com dois nomes, já que também é chamada de Aviation royale canadienne (ARC), lembrando que o Canadá também tem o francês como lingua oficial. Fundada em 1924, faz parte do Comandos Aéreo da Otan, sendo uma das mais importantes forças aéreas do mundo. Entre suas responsabilidades está a defesa do norte das Américas e do Ártico, pontos estratégicos no enfrentamento com os russos.

Outra curiosidades, a frota da RCAF se caracteriza pela letra "C" antes da nomenclatura oficial dos aviões, como CF-18 Hornet, CC-117 Globemaster III, entre outros. Recentemente, o caça furtivo F-35A foi escolhido como novo caça.

A Força Aérea Real Saudita (Arábia Saudita)

F-15SA Saudi
Caças F-15SA dos sauditas são produzidos exclusivamente para as necessidades da força aérea | Divulgação

A Arábia Saudita é um dos reinos mais importantes do mundo, sendo considerado um país estratégico na geopolítica global, especialmente por suas reservas de óleo e gás, assim como poder dentro do cartel da Opep, a organização dos países produtores de petróleo. 

Sua força aérea, chamada oficialmente de Al-Quwwat Al-Jawiyah Al-Malakiyah as-Su’udiyah, transliteração para A Força Aérea Real Saudita (sim, incluí o artigo como parte do nome) foi criada em 1920 e ao longo de um século realizou diversas operações contra rivais, inclusive tendo participação fundamental na Operação Tempestade do Deserto, contra o Iraque, em 1991. A frota do país consiste basicamente de caças F-16, F-15S, Eurofighter Typhoon e ID Tornado. A designação "S" no F-15 é alusão a versão destinada aos Sauditas.

Royal Bahraini Air Force (Bahrein)

F-16 Bahrein
O caça norte-americano F-16 é o principal vetor aéreo da proteção aérea do Bahrein | RBAF

O Bahrein fundou sua força aérea há pouco mais de 40 anos, em 1977, e para proteger o seu diminuto espaço aéreo utiliza os caças norte-americanos F-16C. A Força Aérea Real do Bahrein oficialmente usa tanto o nome em árabe quanto em inglês, sendo conhecida internacionalmente como Royal Bahraini Air Force (RBAF).

A RBAF receberá em breve a a versão mais moderna, o F-16 Block 70, mantendo assim suas capacidades de defesa.

Real Força Aérea de Omã (Omã)

Typhoon Omã
Assim como em diversas forças aéreas reais o Eurofighter Typhoon é um dos caças de Omã | Divulgação

Omã é outro pequeno país da Península Arábica, que está situado ao sul da Arábia Sautita, em uma região de constante instabilidade política e militar. Criada em 1959, a Silāḥ al-Jaww as-Sulṭāniy ‘Umān ou Real Força Aérea de Omã, opera com modernos caças há vários anos, incluindo os F-16C, Eurofighter Typhoon e o BAe Hawk.

Uma curiosidade é que a Real Força Aérea de Omã não adota o equivalente em inglês, tendo apenas seu nome em árabe.

Força Aérea do Kuwait (Kuwait)

Eurofighter Kuwait
Atualmente o Kuwait opera com caças Eurofighter Typhoon e F/A-18 Hornet

Sob o lema de Deus, País e Emir, justamente nesta ordem, a al-Quwwat al-Jawwiya al-Kuwaitiya, transliteração de Força Aérea do Kuwait, foi criada em 1953 e participou de importantes campanhas militares. Um dos mais emblemáticos confrontos ocorreu contra a força aérea iraquiana, quando o governo Saddam Hussein invadiu o país em agosto de 1990.

Na ocasião a força aérea do Kuwait operava com uma frota composta pelos English Electric Lightning, Hunter FGA.57, Mirage I e A-4KU Skyhawk, sendo que este último foi vendido para a Marinha do Brasil no final da década de 1990, onde voam até hoje.

Uma curiosidade final, a força aérea do Kuwait também tem seu nome oficial em inglês, como Kuwait Air Force.

Cinquentão, caça F-15 ainda é uma plataforma de respeito

 



Grande e pesado, o F-4 desempenhava bem a função de um caça-bombardeiro de longo alcance, com uma generosa carga útil de bombas e mísseis. No entanto, o conflito no sudeste asiático deixou claro que o Phantom não era tão bom no combate aéreo quanto os MiGs fornecidos pela antiga União Soviética. Pequenos e ágeis, os MiG-21 Fishbed, entre outros modelos, tinham vantagens sobre o jato norte-americano. 

No Vietnã, caças F-4 não tiveram uma boa performance no Vietnã. F-15 Eagle foi desenvolvido para corrigir essas e outras deficiências. Foto: Força Aérea Americana.
No Vietnã, caças F-4 não tiveram uma boa performance no Vietnã. F-15 Eagle foi desenvolvido para corrigir essas e outras deficiências. Foto: Força Aérea Americana.

Em paralelo, uma nova ameaça aérea surgia na URSS. Contrastando com os pequenos MiG-21, outro caça grande e altamente veloz ameaçava os modelos ocidentais. Era o MiG-25 Foxbat, que até hoje detém o título de caça mais rápido a entrar em serviço, capaz de ultrapassar os 3100 km/h. Na época, os generais acreditavam que, além da velocidade, o MiG-25 também extremamente manobrável. 

Com essas necessidades em mente, a USAF criou o Projeto FX. Envolto em segredos, o projeto deveria entregar um caça mais rápido e mais manobrável que o F-4, capaz de enfrentar com folga as principais aeronaves da URSS e garantir a superioridade aérea no campo de batalha. 

McDonnell 

Os requerimentos da USAF foram publicados em setembro de 1968, com quatro empresas respondendo às demandas com projetos diferentes: Fairchild Republic, General Dynamics, McDonnell Douglas e North American Rockwell.

A proposta da General Dynamics (que anos mais tarde criou o F-16) foi eliminada e a USAF concedeu contratos para refinamento de projetos às companhias restantes. Após a entrega dos desenhos técnicos em junho de 1969, a Força Aérea escolheu, no final daquele mesmo ano, a McDonnell Douglas para fabricar seu novo avião de caça. 

YF-15A, protótipo do Eagle, em seu primeiro voo em julho de 1972. Foto: Força Aérea Americana.
YF-15A, protótipo do Eagle, em seu primeiro voo em julho de 1972. Foto: Força Aérea Americana.

Em junho de 1972, o F-15 Eagle era apresentado ao mundo, cumprindo seu primeiro voo no mês seguinte. O jato possuía dois motores Pratt & Whitney F100 e poderia transportar oito mísseis ar-ar de curto e médio alcance, orientados por calor ou radar. Quatro anos depois, a Força Aérea Americana introduziu os primeiros F-15 em serviço. 

Plataforma consolidada

Embora não fosse tão rápido quanto o MiG-25, o F-15 certamente ganhava nos demais quesitos. Era melhor armado, muito mais ágil e seu “recheio eletrônico” também estava anos à frente. Na verdade, sua contrapartida da URSS veio mais tarde, na forma do Sukhoi Su-27 Flanker, modelo que também é destaque atualmente. 

Altamente capaz, o F-15 logo chamou atenção do mercado externo. O modelo chegou a ser oferecido ao Irã – que na época tinha relações bem melhores com Washington – mas o F-14 Tomcat levou o contrato. Israel, por outro lado, preferiu o Eagle que logo foi posto em atividades, ao lado dos já veteranos F-4.

Saiba mais: F-15 que pousou sem uma asa há 40 anos segue voando em Israel

Foi uma decisão acertada: nas mãos dos aviadores israelenses, o F-15 conquistou o primeiro de seus 104 abates, a maioria dos quais também foi pela Força Aérea de Israel. Os mais de 100 aviões derrubados, sem nenhuma perda de um F-15 para outro caça,  lhe garantiram o apelido de ‘Matador de MiGs’. Ainda hoje o F-15 mantém esse escore, além de ter derrubado até mesmo um satélite. 

Agora, o país está adquirindo 50 novos F-15 e ainda vai modernizar seus F-15 Ra’am (Strike Eagle). O acordo, ainda a ser assinado, é estimado em US$ 18,8 bilhões. 

Stealth

Em 1997, o F-22 Raptor da Lockheed Martin fazia seu primeiro voo. Primeiro caça stealth do mundo, o Raptor era o substituto original do F-15, mas o fim da Guerra Fria mudou os rumos do projeto, que acabou ficando até mais caro. Enquanto isso, o F-15 continuou em serviço e recebeu atualizações para permanecer relevante no Século 21.

Anos mais tarde, foi a vez do F-35 Joint Strike Fighter chegar. O projeto, no entanto, acabou encarecendo ainda mais que o F-22, tornando-se o programa de defesa mais caro em toda história. Atrasos e percalços no desenvolvimento do avião trouxeram resultados negativos que refletem ainda hoje.

F-22 foi projetado para substituir o F-15, mas fim da Guerra Fria mudou os rumos do projeto. Foto: Sgt. Ben Bloker/USAF.
F-22 foi projetado para substituir o Boeing F-15, mas fim da Guerra Fria mudou os rumos do projeto. Foto: Sgt. Ben Bloker/USAF.

Aproveitando os problemas do F-22 e F-35, a Boeing chegou a oferecer uma versão stealth do F-15E, chamada de F-15 Silent Eagle, que acabou não vingando. No entanto, os aprimoramentos à plataforma seguiram adiante, mais tarde dando origem à duas versões avançadas para clientes no Oriente Médio, o F-15SA e F-15QA, para a Arábia Saudita e Catar, respectivamente. 

O que a Boeing aprendeu com estes dois modelos foi aplicado no projeto F-15X, uma grande atualização para o veterano caça dos anos 1970. O upgrade virou o F-15EX Eagle II que conhecemos hoje, parte da série Advanced Eagle.

Veterano atualizado e relevante

Por fora o F-15 pode parecer inalterado, mas as diferenças tornam ele quase outro caça. Começando pelos motores, o jato agora tem um par de turbofans F110 da General Electric, cada um com 29 mil libras de empuxo, permitindo que o Eagle II ultrapasse com folga Mach 2.5 (2,5 vezes a velocidade do som). 

A capacidade de armamentos também aumentou, com a adição de mais dois pontos duros em cada asa, permitindo que o F-15EX carregue até 12 mísseis ar-ar. Com cabides duplos, esse número pode subir para 22, porém, com prejuízos à performance do avião por conta do peso das armas e o arrasto aerodinâmico. 

O cockpit é para dois tripulantes, como no F-15E Strike Eagle, mas os painéis agora são dominados por uma tela panorâmica sensível ao toque (LAD) de 25 cm × 48 cm, similar à encontrada no F-39 Gripen e F-35 Lightning II. O uso do LAD melhora a apresentação das informações ao piloto e Oficial de Sistemas d’Armas (WSO). Os tripulantes também usam o capacete Joint Helmet Mounted Cueing System II (JHMCS), que apresenta as principais informações táticas e de voo na viseira do piloto, permitindo também a pontaria e disparo de mísseis. 

Cockpit do F-15 Advanced Eagle, com display panorâmico sensível ao toque. Foto: Boeing.
Cockpit do F-15 Advanced Eagle, com display panorâmico sensível ao toque. Foto: Boeing.

O radar é o AN/APG-82(V)1 da RTX, de varredura eletrônica ativa (AESA). Além de detectar alvos aéreos e em solo, o radar trabalha junto da suíte de guerra eletrônica Eagle Passive Active Warning Survivability System (EPAWSS), da britânica BAE, para garantir uma operação segura em ambientes altamente contestados, usando os recursos avançados para identificar, monitorar e bloquear ameaças. 

Outro componente importante é o computador de missão Advanced Display Core Processor II (ADCP II). Segundo a Força Aérea Americana, o ADCP é baseado em tecnologia comercial. Ele permite a integração avançada de sistemas, maior eficácia da missão, tolerância a falhas aumentada, estabilidade aprimorada do sistema e capacidade de sobrevivência da tripulação.

O primeiro pedido para o F-15EX veio da própria Força Aérea Americana, encomendando 144 aviões. O contrato chegou a ser reduzido para 80 unidades e mais tarde aumentado para 104 aeronaves. A Arábia Saudita comprou 84 F-15SA e o Catar assinou para 36 aviões. 

A já reconhecida alta performance do F-15, aliada a uma robusta atualização de aviônicos e componentes vitais deu uma sobrevida ao F-15. Embora não tenha a furtividade do F-35, também usado por Israel, o Eagle tem mais alcance, velocidade e não tem restrições para carregar determinados armamentos que extrapolam as medidas das baias de armas do modelo stealth. 

Em termos de preço, o F-15 é um jato mais caro. A Boeing diz que o F-15EX pode chegar a US$ 97 milhões em unidade, enquanto o F-35A do Lote 13 é estimado em US$ 79 milhões. Por outro lado, já existem mil unidades de F-35 entregues, enquanto o F-15EX tem mais de 100 apenas encomendadas,, lembrando ainda de eventuais problemas e atrasos de projeto, que são comuns. 

A Guarda Aérea Nacional do Oregon, uma unidade da reserva da Força Aérea Americana, já tem seus dois primeiros F-15EX em serviço. A apresentação pública dos caças marca o início do fim dos modelos clássicos F-15C/D Eagle e uma nova era na história do lendário caça norte-americano. Meio século após seu primeiro voo, o F-15 ainda é um modelo que impõe respeito no campo de batalha.