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sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Veja a história dos produtos da Embraer por ordem cronológica

 A Embraer, empresa aeroespacial global com sede no Brasil, celebra em agosto 50 anos de atuação nos segmentos de Aviação Comercial, Aviação Executiva, Defesa & Segurança, Aviação Agrícola.

A Companhia projeta, desenvolve, fabrica e comercializa aeronaves e sistemas, além de fornecer Serviços & Suporte a clientes no pós-venda.

Inovação sempre foi o core da companhia e, ao longo deste meio século, foram diversos lançamentos e aeronaves reconhecidas globalmente.

Confira, abaixo, uma galeria de fotos-legenda sobre as principais aeronaves projetadas, desenvolvidas e comercializadas pela empresa

Embraer Bandeirante, o primeiro avião da Embraer. Foto – Embraer
  1. Em 1969 a Embraer é criada para produção em série do avião Bandeirante, que havia sido desenvolvido pelo então CTA – Centro Técnico Aeroespacial.

 

  1. Já em 1970 foi desenvolvido o EMB-200 Ipanema, um monomotor para ser utilizado na pulverização agrícola. Atualmente a aeronave conta com mais três modelos e já forma produzidas mais de 1.300 unidades e, segundo a Embraer, o Ipanema domina 60% do mercado. O avião foi o primeiro a sair de fábrica com motores a etanol.

 

Caças Xavante.  Foto – Embraer
  1. A partir de 1971 a empresa começou a fabricar o EMB-326 Xavante sob licença da italiana Aermacchi. Este foi o primeiro avião a jato produzido no país e era utilizado para treinamento de pilotos militares e missões de ataque aéreo.

 

  1. Em 1976 o EMB-21 Xingu primeiro turboélice pressurizado fabricado pela Embraer para uso executivo, fez o seu primeiro voo. A aeronave tinha capacidade para dois tripulantes e nove passageiro.

 

Famoso Embraer Brasília.  Foto – Embraer
  1. Atendendo a demanda interna das companhias aéreas, foi lançado na década de 1980 o EMB-120 Brasília. A aeronave tinha capacidade para transporte de até 30 passageiros. Foram produzidas mais de 350 unidades.

 

  1. Voltado para área de defesa, o EMB-312 Tucano, ficou conhecido na FAB como T-27. O avião, que teve seu primeiro voo em 1980, foi totalmente desenvolvido pela Embraer para ser um avião de treinamento e ataque leve. A produção foi encerrada em 1996, com mais de 600 aviões produzidos.

 

  1. Entre 1985 e 1999 a Embraer produziu em parceria com a italiana Aermacchi, o caça subsônico AMX para ser utilizado em ataque, apoio e reconhecimento aéreo. A versão atualizada do modelo recebeu o nome A-1M.

 

Embraer ERJ 145. Foto – Embraer
  1. Após sua privatização a empresa lançou no mercado o ERJ-145, em 1995. Com capacidade para até 50 passageiros a aeronave já esteve em operação em 36 companhias aéreas de 26 países, realizando mais de 26 milhões de horas de voo. A família ERJ conta com mais três modelos de aeronaves.

 

Super Tucano fabricado pela Embraer. Foto – Embraer
  1. Em 1999 chegou o EMB-314 Super Tucano, a evolução do Tucano, que, incorpora diversas novas tecnologias para atender os requisitos exigidos pelas Forças Aéreas de diversos países, incluindo os Estados Unidos. Por aqui além do treinamento de novos pilotos da FAB a aeronave é usada para missões de ataque, vigilância e reconhecimento aéreo.

 

  1. Em 2001 chegou ao mercado a linha de jatos executivos Legacy em dias versões, o Legacy 600 e Legacy 650.

 

E195 de 1ª geração. Foto – Embraer
  1. A partir de 2002, o portfólio de aviões comerciais cresceu com a chegada dos E-Jets, que inclui os modelos E170, E175, E190 e E195.

 

  1. Lineage é o maior jato executivo produzido pela Embraer. O jato conta com múltiplas configurações de cabine interna, o Lineage 1000 pode acomodar de 13 a 19 passageiros em até cinco zonas de cabine. O primeiro voo da aeronave aconteceu em 2007.

 

Phenom 300 da Embraer. Foto – Embraer/Divulgação
  1. A chegada da linha Phenom, em 2008, marca a entrada da Embraer no mercado de jatos executivos. Tanto o Phenom 100 quanto o Phenom 300 foram desenvolvidos exclusivamente para este mercado.

 

  1. A Embraer trouxe um conceito extremamente inovador para a categoria de jatos médios com o primeiro voo do Legacy 500, em 2011. O único jato entre seus pares a ter controle de voo completamente digital fly-by-wire, tecnologia de ponta usada até então somente em modelos de aeronaves com mais que o dobro do seu preço ou caças militares.

 

Legacy 450. Foto – Divulgação/Embraer
  1. Em 2013 foi realizado o primeiro voo do Legacy 450, jato que estabeleceu um recorde de velocidade em um voo entre a Califórnia e Havaí, de acordo com a NAA, associação aeronáutica dos Estados Unidos. O voo de volta para San Francisco durou 4 horas e 27 minutos e teve velocidade máxima de 987 km/h.

 

KC-390 em voo.  Foto – Embraer
  1. Foi na área de defesa que a Embraer produziu o seu maior avião, o jato militar KC-390. A aeronave foi um pedido da Força Aérea Brasileira, que encomendou 28 aeronaves em 2009. O jato tem 35,2 metros de comprimento e capacidade para transportar até 23 toneladas de carga. No dia 3 de fevereiro de 2015, a Embraer realizou o primeiro voo do KC-390.

 

E190-E2 durante o Farnborough Airshow.
  1. A linha de jatos comerciais da empresa ganhou uma atualização em 2013 com a chegada nos jatos E-2 que trouxeram atualização nos motores e mudanças nas asas para deixar os aviões mais econômicos e eficientes. O E190-E2 foi o primeiro a ser desenvolvido, tendo feito o primeiro voo em maio de 2016.

 

Interior luxuoso da linha Praetor. Foto – Embraer
  1. Os mais recentes lançamentos da Embraer foram para sua linha de jatos executivos. Em outubro de 2018 a empresa apresentou os seus novos jatos de médio e super médio alcance o, Praetor 500 e Praetor 600, aeronaves mais disruptivas e tecnologicamente avançadas e com mais alcance.

A HISTORIA DO BANDEIRANTES

 

Bandeirante é um nome relacionado aos desbravadores, pessoas que adentraram o interior do Brasil ainda na época colonial, geralmente aventureiros que buscavam por preciosidades em novas terras.

Mas na aviação quando ouvimos a palavra “bandeirante” lembramos do início da maior indústria aeronáutica do Brasil, a Embraer, fundada em motivação da comercialização dessa aeronave com todo o planeta.

O projeto do Bandeirante teve início em 1965, através de uma iniciativa do Ozires Silva em relação ao desenvolvimento da indústria nacional durante o Governo Militar. Até então poucos falavam no nome “Bandeirante”, o projeto era identificado como IPD-6504.

https://www.youtube.com/watch?v=O8PX0lskLLg

A encomenda desse projeto foi do Ministério da Aeronáutica (existente no governo militar), a intenção era fabricar um turboélice de dois motores para 8 passageiros, e com capacidade de operar em qualquer tipo de pista, visto que a maioria dos aeroportos do Brasil na década de 60, ainda mais os regionais, não tinha pavimentação asfáltica.

Durante três anos cerca de 150 engenheiros e profissionais do CTA (Centro Técnico de Aeronáutica) ficaram a cargo de realizar os primeiros desenhos do Bandeirante, além da fabricação de componentes do primeiro protótipo. A Embraer gosta de ressaltar que boa parte da equipe era derivada de projetos brasileiros, como o avançado (para a época) Convertiplano e o helicóptero Beija-Flor, ou seja, eram pessoas com experiência em projetos de aeronaves.

Montagem dos protótipos do Bandeirante.

O primeiro ano, 1965, foi essencial para determinar as características iniciais do avião. Os engenheiros do CTA poderiam ter optado por uma solução aproximada ao Cessna Caravan, mas quiseram um avião de asa baixa, dois motores turboélice e um interior de fácil acesso para 8 pessoas.

O projeto foi liderado durante esses três anos por Ozires Silva, que era chefe do Departamento de Aeronaves (PAR), a maior parte da engenharia foi liderada por engenheiro francês Max Holstee, que era subordinado ao Ozires. Aqui ressaltamos também a participação de Guido Pessotti no projeto.

O motor, fabricado pela Pratt & Whitney, foi importado e estudado pelos engenheiros para a maior integração com a aeronave, aliás, um motor não pode ter ressonância de vibração com a asa.

O requisito de ser turboélice era compatível com o desejo que a aeronave fosse moderna e relativamente espaçosa por dentro para até 8 passageiros. Lembre-se que estou falando de uma aeronave dos anos 60.

Foto tirada cerca de uma semana antes do voo.

Um semana antes do primeiro voo a situação da aeronave era (para os leigos) de quase desesperança com a data prevista pelo CTA. A foto acima descreve bem, a aeronave estava passando por uma série revisão dos componentes para garantir que tudo estaria em ordem durante o voo.

Os motores do Bandeirante funcionaram pela primeira vez no dia 17 de outubro, incrivelmente seis dias antes do primeiro voo. Vários testes de solo foram realizados exaustivamente pelos projetistas e pilotos, para garantir a confiabilidade dos sistemas, um trem de pouso foi danificado durante um taxiamento, mas consertado antes do dia previsto.

E no dia 22 de outubro, com vários funcionários envolvidos no projeto acompanhando em solo o avião, e também com uma equipe de engenheiros em contato com os pilotos para ficar de prontidão caso qualquer problema fosse registrado.

Quem estava presente disse que a cerimônia foi emocionante, com mais de 15 mil pessoas aplaudindo e comemorando.

O primeiro voo foi realizado pelo Major-aviador José Mariotto Ferreira e o Engenheiro Michel Cury, ambos realizaram cursos na França para saber como conduzir uma aeronave experimental. Antes de entrar na aeronave e ligar os motores, os dois pilotos fizeram uma última inspeção externa, arrumaram o paraquedas e entraram no avião, para levar à frente um sonho de uma nação inteira, ser capaz de competir com fabricantes europeias e dos Estados Unidos.

Pelo rádio Mariotto e Cury descreveram o comportamento perfeito de suave do novo avião, voava como um avião já certificado, sem demais problemas.

 

Produto de série

Durantes os anos posteriores o projeto do Bandeirante foi ganhando corpo e diversas alterações, mas entre as várias etapas que o projeto passou a mais importante foi a criação da Embraer, em 1969, para a comercialização da aeronave no mercado de aviação civil, além de atender a uma encomenda da Força Aérea para 80 aviões.

Ozires Silva, que conduziu o projeto do Bandeirante, foi nomeado como presidente da Embraer no ato da sua inauguração. Até os dias atuais a Embraer fica localizada ao lado do CTA, em São José dos Campos, apesar que a expansão da empresa forçou a abrir outros locais de produção no Brasil e no exterior.

Produção em série do Bandeirante. Esse hangar existe até hoje, onde a montagem da linha Legacy é realizada.

Na Embraer o IPD-6504 virou o Bandeirante EMB-110, o nome foi sugerido pelo Brigadeiro Paulo Victor da Silva, pelo mesmo motivo citado no primeiro parágrafo deste artigo.

Em quase cinco anos de desenvolvimento, o projeto do Bandeirante ganhou diversas alterações. A fuselagem foi aumentada para levar até 12 passageiros, a parte frontal da aeronave foi atualizada para melhorar a aerodinâmica, as janelas deixaram o formato redondo para algo mais retangular, motores mais potentes, até as naceles foram atualizadas, para melhorar o desempenho aerodinâmico da asa.

Embraer 110/C-95M da FAB. Foto – André Magalhães/Aeroflap

Então o primeiro avião de série decolou pela primeira vez no dia 9 de agosto de 1972, no fim do mesmo ano a aeronave com comprovada, certificada e entregue para a Força Aérea Brasileira, a primeira cliente do avião pela Embraer.

A primeira exportação da aeronave foi em 1977, quando a Air Littoral recebeu o primeiro avião. Essa entrega abriu espaço para o Bandeirante ser certificado por agências de segurança da Europa e dos EUA.

 

Versões e atualidade

O “Bandeco” operava pela VASP. Foto de Helio Bastos, tirada em dezembro de 1973.

Com várias versões, e uso até pela TransBrasil em rotas regionais, a aeronave teve um considerável sucesso comercial para o primeiro avião da Embraer, permitindo que a empresa avançasse em outros projetos e parcerias.

Boa parte das versões era devido aos aviões de uso militar e executivo. Geralmente os militares pediam mais alterações, como o “banderulha”. Algumas versões comportam até 21 passageiros.

Ainda na década de 70 o avanço da indústria aeronáutica brasileira permitiu criar o avião agrícola Ipanema, o EMB 400 Urupema, o importante EMB 326 Xavante, e o EMB-121 Xingu.

Todos esses projetos deram força para a empresa seguir em frente e criar o EMB-120 Brasília na década de 80.

No total, foram fabricadas até 1995 cerca de 498 aeronaves, 253 aeronaves para o Brasil e 245 aeronaves vendidas para o exterior.

Vale ressaltar que os dois primeiros clientes do Bandeirante foram a TransBrasil e VASP, isso mesmo, empresas brasileiras, a TAM utilizou a aeronave em rotas regionais, para complementar o serviço dos Fokkers. Um bandeirante da TAM está no Museu de São Carlos, atualmente fechado para visitas.

Atualmente a Força Aérea Brasileira ainda voa com as aeronaves do modelo Bandeirante, no transporte de pessoas e cargas, com uma frota pro volta de 40 aviões.

 

Embraer C-95A/B/C Bandeirante

 História e Desenvolvimento. 

No início da década de 1960, a Força Aérea Brasileira estava em pleno processo de integração nacional, empregando quase sua totalidade de sua frota de aeronaves Douglas C-47 e  Beechcraft C-45 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), e também em missões assistência nas regiões mais longínquas do pais. Apesar destes modelos oriundos de projetos da década de 1940, ainda atenderem a estas demandas, carregavam o peso da idade, desgaste das células e consequente obsolescência e necessitariam ser substituídas a curto prazo. Paralelamente neste mesmo período vislumbravam se possibilidades, mesmos que remotas se desenvolver uma indústria aeronáutica nacional. Desta maneira em 1964, o Ministério da Aeronáutica encomendou ao Centro e Tecnologia da Aeronáutica (CTA), estudos sobre a viabilidade para a possível criação de uma linha de produção para aeronaves de passageiros de médio porte. Este esforço culminaria em junho de 1965 na assinatura do documento básico de aprovação do projeto do IPD-6504, que tinha por finalidade o desenvolvimento de uma aeronave regional de transporte, adequada as necessidades brasileiras. Apesar de todas as dificuldades inerentes a esta empreitada inédita, o primeiro protótipo foi construído em três anos e quatro meses, realizando o primeiro voo de demonstração em 22 de outubro de 1968, a partir do aeroporto de São José dos Campos, quatro dias depois o agora já designado YC-95 fez seu segundo voo, considerado seu voo oficial de demonstração para um público de 15 mil pessoas. Este feito seria o alicerce do desenvolvimento da indústria aeronáutica brasileira de alta tecnologia.

O próximo passo seria prover os meios necessários para a produção em série desta nova aeronave, assim em 19 de agosto de 1969, o Ministério da Aeronáutica recebeu do presidente da republica a autorização para a criação de uma empresa aeronáutica de capital misto com controle estatal que receberia o nome de a Embraer – Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. Esta nova empresa seria inicialmente destinada a fabricação seriada do avião C-95, agora batizado de Bandeirante. No dia 2 de janeiro de 1970 a Embraer começou a operar assumindo a produção da aeronave que seria designada como EMB-100 Bandeirante, neste contexto tanto o primeiro protótipo que fora produzido quase que artesanalmente, quanto a segunda célula  que alçou voo em 19 de outubro de 1960, passaram a ser alvo de estudos a fim de se implementar melhorias e ajustes no projeto e processo de produção. Os resultados deste programa se materializariam no terceiro protótipo experimental, que receberia a matricula PP-ZCN, que realizaria seu primeiro voo no dia 29 de junho de 1970.  Apesar do bom desempenho do EMB-100, verificou-se que as condições e parâmetros de mercado original com as quais o projeto fora baseado, haviam se modificado, ou seja, sua capacidade de transporte de até oito passageiros, já não eram mais necessárias as demandas do mercado comercial. Assim desta maneira a equipe de projetistas da Embraer decidiu, então, reformular o projeto, criando o EMB 110 Bandeirante, maior com 12 lugares, que ganharia também a versão militar e que contaria também com alguns avanços técnicos em relação aos primeiros protótipos.
Definidos todos os ajustes no projeto, finalmente em novembro 1971 foi iniciada a produção, com o primeiro voo da aeronave Embraer EMB-110 Bandeirante  pré serie com a matricula militar “FAB 2133”, ocorrendo em 9 de agosto de 1972. Esta nova aeronave teve sua fuselagem alongada para 14,23 m, ampliando assim como planejado a capacidade de 8 para 12 passageiros, e passava ao contrário dos YC-95 iniciais a apresentar novas janelas retangulares, estabilizador vertical, naceles dos motores redesenhados e novos motores turboélices Pratt & Whitney PT6A-27 com 680 hp. Finalizado o processo de ensaios e voo a empresa passaria a se dedicar a produção referente a encomenda de 80 unidades destinadas a Força Aérea Brasileira, mediante o contrato celebrado em maio do ano anterior com o Ministério da Aeronáutica. As primeiras unidades de produção em série começaram a ser entregues a FAB a partir de fevereiro de 1973.  Apesar da origem militar o EMB-110 Bandeirante também demonstrava vocação civil, e sua primeira versão de transporte regional para 12 passageiros, designada pelo fabricante como EMB-110C passou a conquistar seus primeiros clientes civis, entre eles a empresa regional Transbrasil que veio a receber em 11 de abril de 1973 sua primeira aeronave matriculada PT-TBA. 

O emprego operacional desta versão inicial, motivou a Embraer a estudar novas modificações no projeto, visando assim melhorar o a performance do modelo tanto no requisito de desempenho, quanto em capacidade de carga. O fruto deste estudo se concretizaria em 1975 no desenvolvimento da versão EMB 110K1 Bandeirante, que tinha como principal alvo mercado de transporte militar, esta aeronave teve sua fuselagem alongada em 0,87 cm, permitindo assim a inclusão de uma porta traseira de carga e uma porta extra para a tripulação e passageiros. Passou a contar com o novo modelo mais potente do motor Pratt & Whitney PT6A-34 com 750 shp e aprimoramentos na avionica, trens de pouso e sistemas elétricos e de combustível, esta versão receberia a designação de C-95A. Duas versões civis derivaram do modelo militar, sendo o EMB-110P1 para até 19 passageiros ou carga e o EMB-110P2 para transporte exclusivo de até 21 passageiros, que ao invés da porta de carga dispunha uma porta de serviço. Em fins da década de 1970, surgia a versão militar EMB 110P1(K) que passou a ser conhecida como C-95B, tratava-se de um modelo com aprimoramentos sobre seu antecessor, entre estes destaca-se a adoção de uma porta de serviço de 1,42 X 0,63m, embutida na porta de carga, que podia ser aberta em voo para o lançamento de cargas ou paraquedistas. Dispondo de uma capacidade de transporte de carga de até 1.700 kg o C-95B se tornaria o esteio das unidades de transporte da Força Aérea Brasileira que operaram o Bandeirante.
Em 1983 a Embraer lançaria a última versão militar, o EMB-110P1(A) Bandeirante, modelo que contemplava um melhor isolamento acústico, avionica modernizada e adoção de estabilizadores horizontais com 10°de diedro positivo, que visava aumentar a estabilidade e desempenho da aeronave, na FAB este modelo receberia a designação de C-95C.Até o encerramento da produção, no final de 1991, foram construídas 498 unidades destinadas ao mercado civil regional em oito países e também nove operadores militares, como Chile, Brasil, Gabão, Uruguai, Cabo Verde, Colômbia e Angola.

Emprego na Força Aérea Brasileira.
Como o Ministério da Aeronáutica e o governo brasileiro foram os motivadores do desenvolvimento desta aeronave, nada mais logico que o primeiro contrato fosse celebrado com Força Aérea Brasileira, sendo este termo assinado em 1970, prevendo a encomenda de 80 unidades do EMB-110 Bandeirante C-95. As primeiras aeronaves começaram a ser entregues a partir de 9 de fevereiro de 1973, quando foram apresentados as aeronaves matriculadas como  “FAB 2132 e 2134” sendo estas destinadas inicialmente ao 3º  Esquadrão de Transporte Aéreo (3ºETA). A partir de meados do ano seguinte a Embraer passou a produzir quatro C-95 por mês, esta candência fez com o modelo se disseminasse rapidamente por demais unidades de transporte da FAB. Na sequência as aeronaves foram sendo distribuídas aos demais Esquadrões de Transporte Aéreo e ao Centro de Aplicações Táticas e Recompletamento de Equipagens (CATRE), unidade esta que fora criada em janeiro de 1974 na cidade de Natal. No início de 1976 o Ministério da Aeronáutica decidiu rever seu contrato inicial, optando por alterar o último lote de 20 células para a nova versão EMB 110K1 Bandeirante englobando as matriculas ”FAB 2280 á 2299”, este novo modelo receberia a designação de C-95A Bandeirante. A primeira unidade a receber o novo modelo foi o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo (5º ETA) em outubro de 1977 na Base Aérea de Canoas. As entregas das demais unidades se estenderam até setembro de 1978, sendo as demais células alocadas nos cinco Esquadrões de Transporte Aéreo existentes naquela época.

Em fins de 1979, o Ministério da Aeronáutica fez uma nova encomenda, desta vez optando pelo mais recente modelo EMB110P1(K), compreendo agora a compra de 31 células que receberam a designação de C-95B e as matriculas “FAB 2300 a 2330”. As primeiras entregas ocorreram em fevereiro de 1980 se prolongando até outubro de 1984. As primeiras unidades operacionais da FAB a receberem o novo modelo, foram o 2º/2º Grupo de Transporte (2º/2º GT) e o 1º/15º Grupo de Aviação (1º/15º GAv) Esquadrão Onça,  que substituiu seus De Havilland C-115 Bufalo, pela nova aeronave de transporte nacional. Gradualmente mais unidades receberam o C-95B Bandeirante e criou se uma divisão interna visando concentrar o modelo inicial C-95A nos 2º, 4º e 5º Esquadrões de Transporte Aéreo, deixando os novos modelos para os 1º, 3º, 6º e 7º Esquadrões de Transporte Aéreo e para o 2º/2º GT e 1º/15º GAv, unidades estas com papel militar tático. Em 1987 seriam encomendadas mais 12 aeronaves, desta vez do modelo EMB-110P1(A), que apresentavam com principal diferença visual a adoção de estabilizadores horizontais com 10° de diedro positivo. As primeiras células começaram a ser entregues em junho de 1988, sendo designadas C-95 com as matriculas FAB 2331 á 2342, sendo onze destinadas ao 6º ETA e uma alocada como aeronave orgânica na Base Aérea de Anápolis. A última aeronave deste contrato foi recebida em agosto de 1990.
Vale mencionar que em 1991 o 5º Esquadrão de Transporte Aéreo desenvolveu um Sistema de Lançamento Múltiplo (SLM) de cargas. Este sistema consiste basicamente na instalação de trilho no piso da aeronave, onde o mecânico operador literalmente empurra até 10 fardos de 90 kg que são ejetados em menos de 10 segundos pela porta de carga, permitindo o reabastecimento de tropas com munições, viveres e suprimentos médicos em apenas uma única passagem, expondo assim o mínimo possível da aeronave ao fogo inimigo. Este sistema foi homologado pelo Centro Tecnológico da Aeronáutica em 1996, sendo então incorporado a todos os esquadrões que operam os C-95A/B/C Bandeirante . Durante mais de 30 anos os Embraer C-95 Bandeirante receberam a atribuição de representar o sustentáculo das missões de transporte aéreo, ligação, atendimento humanitário na Força Aérea Brasileira, sendo ainda empregado em tarefas de lançamento de paraquedistas, lançamento de cargas, evacuação aero médica, treinamento e conversão operacional, com atuação destacada em todo o território nacional. Em 1995 o C-95B Bandeirante “FAB 2301” pertencente ao 1º/15º GAv Esquadrão Onça, foi designado a fazer parte do pacote de arrendamento de aeronaves C-95 Bandeirante ao Exército Brasileiro, onde realizou missões de transporte e apoio a esta organização militar até o ano de 1999. 

No ano de  2007,  o Embraer  C-95B Bandeirante deixou de ser operado pelo  7º Esquadrão de Transporte Aéreo, e em 2008 começou a ser substituído no 1º/15º GAv Esquadrão Onça, pelos novos  CASA C-105 Amazonas. O avançar do processo de desativação dos primeiros C-95 Bandeirante possibilitou a concentração dos C-95A remanescentes no 1º/5º Gav Esquadrão Rumba , onde passaram a realizar as missões de formação de pilotos multimotores. Ao longo de toda sua carreira houve o registro de diversos acidentes incluindo a perda de três C-95A, seis C-95B e um C-95C, ocorrências que podem ser consideradas aceitáveis devido ao intenso emprego. Também consideramos que  seis células dos modelos C-95B e C-95C foram convertidas para o emprego em missões de calibragem e auxilio a navegação junto ao Grupo Especial de Inspeção em Voo (GEIV), onde se mantem em operação, devendo ser substituídos em breve pelos novos Embraer 500 Legacy. No início do século 21 a Força Aérea Brasileira apesar da introdução de novas aeronaves de transporte como os  CASA C-105 Amazonas,  Embraer C-97 Brasília e  Embraer C-99, ainda dependia muito do emprego dos veneráveis C-95B/C Bandeirante como vetores de transporte. Porém as células remanescente já encontravam ultrapassadas em termos de avionica e  passavam a demonstrar evidentes sinais de desgaste estrutural nas células, muito  em função do grande tempo de operação da aeronave.
Estudos foram iniciados visando uma substituição por aeronaves de porte semelhante, chegando a se derivar por inúmeros caminhos, entre eles a produção de aeronaves polonesas sob licença. Ocorre, porém, que o desafio de implementar um novo modelo não se limita apenas a aquisição e treinamento, e sim envolve um amplo processo logístico incluindo o fluxo de ferramental e peças de reposição. Diante deste contraponto optou-se por estudar a viabilidade de um processo de modernização dos  C-95 Bandeirante, e após uma análise detalhada decidiu-se por este processo englobando as melhores células disponíveis , esta opção começou a ganhar forma em setembro de 2008, quando foi assinado um contrato no valor de R$ 89,9 milhões com a empresa AEL Sistemas,  para modernização e revitalização de 38  células dos C-95B/C Bandeirante  e 12 P-95B Bandeirulha.