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terça-feira, 30 de novembro de 2021

Vought A-7 Corsair II, um Herói “esquecido”


Muitos aviões entraram para a história por um motivo, por uma situação especial. Mas para que esses “ditos especiais” aviões operassem a contento, sempre havia os carregadores de piano. O lendário Vought A-7 Corsair II é um deles!

O A-7 Corsair II foi construído pela Vought como um substituto do lendário A-4 Skyhawk, mas enquanto o último representava uma abordagem mais simples e básica para levar uma grande variedade de armas, o SLUF (Short, Little, Ugly, Fucker, apelido “carinhoso” do A-7) evoluiu para, sem dúvida, o bombardeiro tático de maior sucesso no conflito do Vietnã.


A versão “perfeita” do Corsair II para a Marinha dos EUA foi o A-7E, que, graças à sua resistência, precisão e um conjunto de armas, tornou-se a aeronave favorita dos “Forward Air Controllers”  (FACs) durante a Guerra do Sudeste Asiático.

A Marinha dos EUA desenvolveu o A-7E a partir do A-7D da USAF, com um motor muito mais potente e aviônicos completamente modernizados. A substituição do decepcionante Pratt & Whitney TF30 pelo Allison TF41 aumentou a potência do A-7 em quase 3000 libras de empuxo, uma alteração impressionante. O A-7E também substituiu os dois canhões Colt Mk 12 originais de 20 mm, problemáticos, por um Vulcan General Electric M61A1, que apresentava uma configuração de seis canos, semelhante à pistola Gatling do século XIX. A quantidade de munição do canhão também aumentou de pouco mais de 650 para 1000 cartuchos.

No entanto, como explicado por Norman Birzer e Peter Mersky em seu livro “U.S. Navy A-7 Corsair II Units of the Vietnam War”, para muitos pilotos da Marinha, o canhão Vulcan era um “brinquedo bacana”, mas, como se viu, não foram muito utilizados em combate principalmente pela falta de alvos “apropriados”.

Arte Profile: AircraftProfilePrints.com

Até os FACs mostraram certa relutância em permitir que “A-7 aventureiros” fizessem ataques, se a situação não o justificasse. Em contrapartida, o capitão da USAF Ralph Wetterhahn (que como primeiro tenente abateu um MiG-21 durante a ” Operation Bolo” e que mais tarde se tornou um escritor de sucesso) que fez um intercâmbio com o VA-146 “Blue Diamonds”, em 1970, adorava “colocar” o canhão do A-7E em ação.

Durante uma folga em um bar frequentado por militares, conhecido como Olongapo City, nas Filipinas, Wetterhahn foi abordado por um oficial de manutenção do A-7. “Todos nós ficamos bêbados e um chapéu branco foi colocado em mim, onde ganhei o apelido de “Capitão Messerschmitt”. Pensei que tivesse a ver com o meu nome em alemão. “Não exatamente”, ele corrigiu, sustentando que esse era realmente meu apelido entre os ‘mechs’ porque, sempre que eu voava, trazia o avião de volta imundo por disparar (muito) o canhão. Eu normalmente gostava de atirar com o M61, principalmente à noite. Em uma ocasião, os mecânicos precisavam que a munição fosse retirada por algum motivo, não lembro, e eu “resolvi”. Todos os mil cartuchos… “brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr! Disparei tudo de uma só vez…” O cordite* “colava na barriga” do A-7 e, por ser corrosivo, precisava ser limpo antes que o spray de sal (do mar) atingisse ele.

o capitão da USAF Ralph Wetterhahn relembra seu intercâmbio na Marinha com o esquadrão VA-146 Blue Diamonds.

“Mas esse não era o ponto, reclamou o oficial da manutenção. Ele e seus colegas mecânicos tiveram que limpar todo o cordite da barriga do A7. “É um verdadeiro sofrimento, capitão Messerschmitt!” “Tudo bem”, eu disse a ele. ‘Da próxima vez que eu voar, eu mesmo vou limpar a maldita barriga!’

“Duas semanas depois, de volta à linha de frente, peguei uma missão noturna com seis Mk 83 e uma carga total de 1000 ‘mike-mike’ (munição 20mm). Desnecessário dizer que o avião voltou com a barriga preta. Depois que o A-7 parou no convés após o pouso, notei um mecânico olhando por baixo, com um olhar de nojo no rosto. “Não toque”, eu disse. ‘Consiga o material necessário para limpá-lo ao amanhecer e espere por mim.’

“Fui para o debriefing, que durou cerca de duas horas. Depois, fui para minha cabine e descansei por volta uma ou duas horas, não lembro. Acordei atrasado, e ainda grogue, tropecei na cabine de comando. Devia haver cerca de 200 marinheiros reunidos em torno daquele A-7 quando eu apareci. Peguei a lata de lixo e uma pilha de trapos, passei sob a fuselagem e comecei a aplicar o solvente de limpeza.”

Após o lançamento do A-7D para a USAF, a Marinha encomendou o A-7E, versão baseada em porta-aviões que embutia modificações menos expressivas, mantendo a sonda de reabastecimento de receptáculo e o canhão M61

“Eu estava na metade do serviço e totalmente feliz pelo trabalho, quando o oficial responsável pela manutenção passou pelo meu lado e pegou um pano. ‘Nunca pensei que veria um aviador, principalmente da Força Aérea fazendo isso. Eu vou assumir – e outra coisa: Use o “Gatling” a vontade’. Comentando esse episódio, Wetterhahn concluiu observando que seus pares da Marinha não usavam a arma tanto quanto ele.

“Usei principalmente, quando tivemos missão no Vietnã do Sul. No Laos, geralmente as bombas faziam o trabalho pesado, então era necessário bombardear. Além disso, você precisava se aproximar para ser eficaz, colocando-se dentro do envelope das AAAs.”

A configuração estrutural do A-7 era adequada para missões leves a velocidades subsônicas elevadas. O enflechamento moderado das asas retardava o arrasto e garantia o alinhamento aproximado dos seis suportes com o centro de gravidade. Foto: skyhawkpc (Flickr)


GUERRA DO VIETNÃ: Richard “Steve” Ritchie, o único Às da USAF


O único piloto Às da Força Aérea dos Estados Unidos na Guerra do Vietnã, o Capitão Steve Ritchie, destruiu cinco MiG-21 durante a Operação Linebacker em 1972.

Graduando-se na Academia em 1964, Ritchie terminou em primeiro lugar na sua classe de treinamento de pilotos.

Depois de um período de treinamento em operações de voo, ele começou a voar o F-4 Phantom II, em preparação para sua primeira turnê no Sudeste Asiático.

Atribuído ao 480th Tactical Fighter Squadron na Base Aérea de Danang, Vietnã do Sul em 1968, Ritchie voou a primeira missão “Fast FAC” no programa de controlador avançado de F-4 e foi um dos responsáveis pelo sucesso do programa. Voltando do Sudeste Asiático em 1969, ele voltou a escola de armas e aos 26 anos de idade se tornou um dos mais jovens instrutores da Força Aérea.

Ritchie se alistou para uma segunda turnê de combate em 1972 e foi designado para a 432nd Tactical Reconnaissance Wing em Udorn, Tailândia. Voando um F-4D com o famoso Esquadrão de caças Táticos 555th “Triple Nickel” (níquel triplo) ele se juntou às fileiras dos assassinos de MiG quando ele derrubou um MiG-21 no dia 10 de maio, um dia muito bom para a USAF, com várias vitórias ar-ar e uma explosiva e alegre fonia. Ele marcou uma segunda vitória no dia 31 de maio, quando abateu outro MiG-21. No dia 8 de junho, depois de um clássico Dogfight a baixa altitude, ele empatou o recorde de cinco anos do veterano Robins Olds no Sudeste Asiático, quando mais dois MG-21 caíram para seus mísseis Sparrow. Então, no dia 28 de agosto, veio a missão que o colocou entre os Ases nos livros de registro. O voo consistia de uma formação de quatro Phantoms F-4D em missão MiG CAP ao norte de Hanoi para proteger a Força de ataque vindo do Sudoeste.

10 de maio de 1972

Durante a madrugada de 10 de maio de 1972, os EUA prepararam os primeiros ataques aéreos contra o Vietnã do Norte da Operação Linebacker II. Esses ataques resultaram em vários e grandes confrontos aéreos entre aeronaves dos EUA e caças da VNAF durante a Guerra do Vietnã. A primeira onda naquele dia foi lançada pelos porta-aviões USS Constellation, USS Coral Sea e USS Kitty Hawk contra alvos na área de Haiphong às 08:00 AM. Apenas uma hora depois, nada menos que 84 Phantoms e cinco F-105G da USAF, apoiados por 20 aviões-tanque KC-135 e um grupo SAR de três helicópteros, quatro A-1 e quatro Phantoms, entraram no Vietnã do Norte cruzando o norte da Tailândia e do Laos . A vanguarda desta força de ataque consistia em oito F-4D Phantom armados para o combate ar-ar. Os grupos Oyster e Balter, cuja principal tarefa era patrulhar áreas em torno dos aeródromos vietnamitas conhecidos e interceptar qualquer MiG que tentasse atacar a principal formação americana. Toda a operação foi controlada de perto por um Lockheed EC121 Warning Star, que operava sobre o Laos e o cruzador USS Chicago, em curso no Golfo de Tonkin e operando sob o sinal de chamada Red Crown.

Já durante o reabastecimento aéreo sobre a Tailândia, a vanguarda perdeu um pouco do seu poder. Balter #2 teve problemas elétricos e Balter #3 foi incapaz de reabastecer; Ambos tiveram de voltar para Udorn. Oyster #4 sofreu uma falha no radar, mas sua tripulação decidiu continuar a missão. Balter #1 e #4 uniram-se como um elemento e continuaram para o nordeste, como fizeram os quatro aviões da célula Oyster. A varredura tinha sido planejada pelo major Bob Lodge, líder de voo da Oyster, um tático e experiente piloto de combate com dois abates de MiG. As duas células de Phantoms deveriam estabelecer uma patrulha de barreira a noroeste de Hanoi, sendo Oyster em baixa altitude e Balter logo atrás e a 6.700 metros de altitude. Qualquer MiG que fosse em direção a Balter voaria sobre Oyster que esperaria para a emboscada.

O ‘kill ratio’ do AIM-7 era tão baixo que no Vietnã os pilotos sempre disparavam aos pares.

Ás 09:42 AM os caças da VNAF entraram em ação. Dois minutos mais tarde, dois MiG-21 decolaram de Noi Bai, girando para Tuyen Quang, atuando como chamarizes para os americanos. Ao mesmo tempo, quatro J-6 entraram no jogo. Passando despercebidos pelos controladores, dois MiG-21 voaram direto para Oyster, cobertos por quatro J-6 voando baixo.

Imediatamente Red Crown informou Oyster: “Bandidos múltiplos em sua área!” Voando a 4 500 m e em formação fechada, os MiG-21 juntaram-se aos com quatro J-6, Balter deu a proa em direção a Oyster para fornecer cobertura superior. Os Phantoms alijaram os tanques externos e armaram seus AIM-7 Sparrow (exceto Feezel, cujo radar falhou). Os radares de Oyster #1 e Oyster #3 fecharam nos MiGs a 24km. O erro de direção permitido na exposição do radar começou a diminuir em 13km quando o primeiro Sparrow partiu em direção ao elemento principal de MiG.

Deixando uma nuvem de fumaça branca, um AIM-7 partiu ao encalço do inimigo, mas logo detonou quando seu motor terminou de queimar. Com alcance agora de 10km, o Major Lodge disparou um segundo Sparrow que partiu e logo subiu num ângulo de 20 graus. Deixou um uma fina fumaça branca e logo veio o flash da detonação. Poucos segundos depois, um MiG-21 despencava do céu, soltando fogo e sem sua asa esquerda. O tenente John Markle a bordo do Oyster #2 também disparou um par de Sparrows. O segundo míssil começou a subir e ligeiramente para a direita. Enquanto Markle observava, o grande míssil virou forte e voou direto para o norte-vietnamita, causando outro grande flash amarelado.

Ao que parece, o primeiro Sparrow abateu um MiG-21, enquanto o segundo Sparrow destruiu um J-6. Dois norte-vietnamitas remanescentes voando acima de Oyster #1 e #2 engajaram o Oyster líder. O Major Lodge puxou instintivamente para a direita em um meio loop oblíquo que o colocou a 60m atrás do MiG. Lodge estava agora muito perto para um ataque com mísseis e seu Phantom não tinha um canhão. Manobrando sem perder energia nem o inimigo de vista, ele conseguiu aumentar a distância para o inimigo. O combate estava indo bem para a célula Oyster quando, de repente, as coisas começaram a se complicar. Caças J-6 surgiram abaixo da célula. Enquanto os pilotos de Oyster identificaram apenas quatro caças norte-vietnamitas, havia, de fato seis deles. Um J-6 inverteu e se colocou atrás de Oyster #4.

Major Lodge pensou que o MiG-21 à sua frente abrira o alcance suficiente para um tiro próximo e disparou um Sparrow, mas o J-6 atrás também abriu fogo com seus três canhões de 30mm. O F-4 foi atingido e estava perdendo velocidade, mas inicialmente sua tripulação pensou que tinha escapado com danos menores. O J-6 fechou e disparou de novo. O motor direito do Phantom explodiu. Em seguida, todos os sistemas hidráulicos do F-4 foram perdidos.

Enquanto Locher se preparava para deixar o Phantom, o capitão Steve Ritchie, voando como Oyster #3, vinha perseguindo o J-6. Sem contato visual, ele só podia confiar na informação do radar. Ritchie puxou para a direita em uma volta de 4 a 5g. Rolando para fora a 5.500m ele finalmente avistou seu alvo, quase 5.500m e a esquerda. Ele puxou para dentro da curva que o J-6 começara a fazer e disparou dois AIM-7. O primeiro passou perto do alvo sem detonar, mas o segundo marcou um impacto direto. Do banco traseiro de Oyster #3, o capitão DeBellevue viu um paraquedas amarelo quando passaram pelo J-6 em chamas e caindo.

Voando a 6.000 m, dois Phantoms da célula Balter, chegaram a tempo de ver os momentos finais da luta, com o F-4 de Lodge mergulhando em direção ao solo como um meteoro. Devido à fumaça, ninguém viu a ejeção da tripulação. Abatidos pela súbita perda de seu líder, a célula Oyster deixou da área.

Dois MiGs

Em 8 de julho de 1972, o capitão Steve Ritchie do 555th Tactical Fighter Squadron, liderou um voo de quatro F-4 Phantom, com sinal de chamada “Paula“, sobre os céus do Vietnã. Com seu oficial de interceptação de radar (RIO), capitão Charles DeBellevue, ele conseguiu derrubar dois MiG-21 durante um dogfight que durou apenas 89 segundos. Ritchie relatou:

A missão do dia 8 de julho foi a mais intensa, a missão mais excitante que eu já voei. Tudo funcionou. Durante esses 89 segundos eu fiz uso de todas as minhas experiências de vida. Cada parte da minha formação e educação se uniram naquele momento. Poucas pessoas experimentam esse momento em que tudo se une. É um sentimento difícil de descrever”.

Quando a missão começou, um dos voos MiG CAP anteriores tinha sido atingido por um MiG. O Phantom, perdendo combustível e fluído hidráulico, quebrou a formação. O piloto do Phantom berrava a sua posição e altitude na freqüência de emergência, uma idéia muito ruim, porque os vietnamitas do Norte monitoravam a freqüência de emergência e quando ouviram, e viram que o Phantom estava sozinho, eles enviaram MiGs atrás dele. Então nós fomos em socorro ao companheiro que estava em apuros quando ‘Red Crown’ e ‘Disco’ (um RC-121) chamou avisando de atividade MiG adicional na área. Meu corpo começou a bombear adrenalina. Fui para a baixa altitude e recebi a chamada “Heads Up”, o que significava que os MiGs nos tinham à vista e que estávamos autorizados a disparar.

Eu comecei a olhar ao redor, porque não os tinha à vista. Rolei para uma posição a leste e fiquei lá por cerca de 8 segundos, quando recebi um telefonema de ‘Disco’ (enquanto orbitava o Laos a 210 km de distância da minha posição). ‘Steve, 3 km ao norte de você!’ rolei imediatamente para à esquerda e peguei um MiG-21 às 10 horas. Se não fosse por Disco, eu teria permanecido na minha posição por mais alguns segundos e o MiG teria me pego por trás e eu provavelmente não estaria aqui para contar a história hoje.

Ejetei os tanques subalares e dei o pós-combustor pleno. Passamos cerca de 300 m um do outro. Eu pude ver o piloto norte-vietnamita. Era um brilhante e reluzente MiG-21, com estrelas vermelhas numa cor vermelha bem viva. Instintivamente eu quis manobrar para virar e pegá-lo, mas me contive, pois eu sabia que havia dois deles, porque Disco havia dito: ‘Two Blue Bandits’, mas eu não conseguia ver o segundo. Então, eu esperei, eu rolei em nível, empurrei o nariz e esperei. Então vi, aproximadamente a 2.400 m atrás do primeiro MiG. Imediatamente, quando ele passou, puxei 6,5g e fiz uma volta de 135 graus.

O alvo estava alto no céu azul, bom para um ‘lock’ do radar. O MiG nos viu e manobrou para baixo de nós. Eu apertei o gatilho. O primeiro míssil foi atingiu o centro da fuselagem do MiG e o segundo míssil passou através da bola de fogo. Senti o avião estremecer quando pedaços de detritos do MiG bateram no bordo de ataque da minha asa esquerda.

Mal havia estabilizado quando vi um MiG atrás do Phantom do meu companheiro, com três Phantoms da unidade atrás do MiG. Todos giravam no ar, num gigantesco círculo imaginário. Eu cortei o círculo e consegui uma posição de tiro no MiG. Coloquei-o na mira e o meu RIO (Charles DeBelleuve) disse que estava travado nele; Era tudo que eu precisava saber. O míssil saiu do avião, ziguezagueando como um Sidewinder, como se estivesse sem controle. Mentalmente xinguei-o e dizia: ‘o alvo está ali seu fdp!’ De repente, o míssil pareceu fazer uma curva de 90 graus para a direita, e acertou o MiG em cheio. Havia muita energia cinética no míssil, então você pode imaginar a explosão.

Ritchie deixou o serviço ativo em 1974 e teve uma carreira distinta na reserva da Força Aérea antes de se aposentar em 1999. Com mais de 3.000 horas de voo, sendo 800 horas do combate. Foi agraciado com quatro estrelas de prata e 10 cruzes de voo distintivas.

Embraer segue líder global no segmento de aviões leves

 Total de entregas do Phenom 300 manteve ritmo elevado ao longo de 2021

Embraer Phenom 300E

Phenom 300E mantém a liderança no segmento há quase uma década | Foto: Divulgação

A Embraer manteve a liderança no mercado de aeronaves executiva leves, com 34 entregas da família Phenom 300 ao longo dos nove primeiros meses de 2021. O jato leve se destaca há quase uma década como o mais entregue da categoria.

De acordo com o relatório trimestral do Gama (General Aviation Manufacturers Association), a associação que reúne os principais fabricantes de aeronaves ao redor do mundo, apenas no terceiro trimestre do ano a Embraer entregou dez unidades do Phenom 300E, a versão mais recente do modelo, e outras quatro do Phenom 300.

Logo atrás está o recém-chegado PC-24, o jato versátil da Pilatus, que registrou 27 entregas ao longo dos nove primeiros meses, sendo doze no terceiro trimestre, repetindo os números do semestre anterior. O modelo tem se destacado por sua elevada capacidade de operar em pistas restritas, incluindo de terra, cascalho e grama. Também chamou atenção de diversos operadores a ampla porta de cargas traseira, a maior da categoria.

Pilatus PC-24

PC-24 se destaca por performance em pistas não preparadas e por expressivo número de entregas em 2021 | Foto: Divulgação

Já o Citation CJ4 Gen2, a evolução da consagrada família CJ4, obteve vinte entregas entre janeiro e setembro, sendo oito no terceiro trimestre.

No segmento dois jatos de entrada o destaque ficou para o Citation M2, da Textron, com 26 entregas ao longo do ano, sendo dez no terceiro trimestre. Na sequência aparece o HA-420 HondaJet, da Honda Aircraft, com quinze entregas, sendo nove entre julho e setembro deste ano. Já o brasileiro Phenom 100 acumulou apenas duas entregas em 2021, uma no primeiro trimestre e outra no segundo.

HondaJet Elite S

HondaJet mantém a disputa no segmento de jatos leves, com 15 entregas em 2021

Ainda que concorra por fora, entre jatos pessoais, ou seja, aeronaves muito leves, o SF50 Vision, da Cirrus, manteve a boa campanha de vendas mesmo durante a crise, refletindo assim em 46 entregas nos primeiros nove meses do ano, com 23 ocorrendo apenas no terceiro trimestre. O monojato oferece um desempenho superior à maioria dos turbo-hélices, com capacidade para até sete ocupantes e capacidade de operar em pistas curtas.

A retomada da economia ao redor do mundo, somado ao ingresso de diversos novos operadores na aviação de negócios, proporcionou um terceiro trimestre com bons resultados para praticamente todos os segmentos da aviação geral. Muitos novos usuários do transporte privado passaram a utilizar a aviação geral no auge da crise sanitária por sua maior flexibilidade de destinos e horários, especialmente em um momento de cancelado em massa de voos regulares, assim como maior privacidade em tempos de incerteza sanitária.

A expectativa dos principais fabricantes é encerrar o ano com números bastante favoráveis e que permitam superar marcas históricas já no curto prazo.

segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Pedido da Turquia para comprar F-16s nos lembra que os F-4 Phantom ainda não são fantasmas


Negados nos F-35s e possivelmente impedidos de comprar F-16V, a Força Aérea Turca voará seus F-4Es até 2030.

Paralelamente à reunião do G-20 em Roma no início deste mês, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan e o presidente Joe Biden discutiram as tensas conversas entre EUA e Turquia e se este último poderia ser autorizado a comprar F-16s. Enquanto isso os Phantoms continuarão voando.

Que a força aérea capaz, mas rapidamente obsoleta, da Turquia precisa deles é desmentido pelo fato de que ainda voa F-4E Phantoms e irá voá-los até pelo menos 2030.

A notícia de que a Força Aérea Turca (TAF) voará com os Phantoms 56 anos após adquirir seus primeiros F-4s em 1974 veio no início da semana passada, quando o Ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, revelou a extensão do serviço em resposta a perguntas de legisladores durante um Parlamento aparição na proposta de orçamento para 2022 do Ministério da Defesa turco.

A Turquia não está sozinha na operação do venerável F-4. Coreia do Sul, Grécia e Irã ainda pilotam o caça da era do Vietnã. Com a possível exceção do Irã, todos devem (ou planejam) aposentar seus Phantoms nos próximos anos.

A Força Aérea Turca tinha tais projetos até que Erdogan avançou com a compra dos sistemas de defesa antimísseis S-400 russos em 2019, apesar da firme oposição americana. A Turquia declarou a aquisição do S-400 uma necessidade devido aos “ataques intensos” das forças curdas na fronteira com a Turquia.

A preocupação do Pentágono de que, como nação parceira e compradora do F-35, as operações da Turquia informassem diretamente a capacidade do S-400 de rastrear o caça stealth de quinta geração F-35 foi manifestada pela decisão dos EUA de expulsá-lo do programa e negá-lo. A prorrogação do Phantom pode ser atribuída diretamente a essa decisão.

Em Roma, Erdogan pressionou Biden para permitir que a Turquia comprasse um estoque de kits de atualização construídos pela Lockheed Martin, bem como F-16Vs novos. A Turquia enviou uma carta solicitando a compra de 40 F-16s e 80 kits de modernização ao Departamento de Estado no início de outubro. O presidente da Turquia sugeriu que o valor de US$ 1,4 bilhão que seu país investiu no F-35 cobririam o negócio.

O status da Turquia como membro da OTAN e aliado geoestrategicamente importante (se recalcitrante) pode influenciar o presidente Biden a obedecer, mas a forte oposição parlamentar bipartidária ao governo de Erdogan indica que um acordo pode não acontecer em breve, ou nunca.

Isso deixa a Força Aérea Turca com poucas opções. A Turquia tem trabalhado em seu próprio caça stealth nativo TF-X, que nominalmente seria lançado em 2030. Mas o progresso do projeto do TF-X ficou muito atrasado e as contendas sobre os requisitos de transferência de tecnologia também retardaram o esforço de atrair parceiros estrangeiros para o programa.

Comprar equipamento russo é uma alternativa que o ministro da Defesa, Akar, mencionou expressamente, significando que Ancara pode optar por Su-35s ou até mesmo pelo jato de quinta geração Su-57. Mas, como um recente estudo do Cato Institute apontou, o Ministério da Defesa turco avaliou recentemente a aeronave russa como tecnicamente inferior aos caças ocidentais e excessivamente cara, graças à necessidade da TAF de se adaptar do equipamento americano aos sistemas russos.

Jato F-4E Phantom armado com míssil ar-superfície AGM-142 Popeye. (Foto: Gilles Denis)

Portanto, a Turquia provavelmente perseverará com sua frota existente de F-16s, F-5s e F-4s. Para que você não pense que seus Phantoms são rainhas do hangar, considere que eles participaram do exercício Toxic Trip-2021 da OTAN no início deste mês. A TAF tem atualmente cerca de 30 F-4Es ativos, todos eles atualizados para o modelo “Terminator 2020”.

Aproximadamente 54 dos 200 Phantoms que a TAF recebeu ao longo dos anos foram atualizados para a configuração Terminator 2020 no início de 2000. A modernização estenderia a vida útil do F-4 e aumentaria suas capacidades com base no programa Phantom 2000 de Israel (Kurnass), que integrou sistemas aviônicos desenvolvidos para o fracassado Programa de Combate Nacional Lavi de Israel.

A Elbit serviu como integrador principal e a Lahav cuidou das modificações da fuselagem. As melhorias iriam, como o nome indicava, manter os Phantoms da TAF relevantes até cerca de 2020, quando o F-35 era esperado para estrear no serviço turco.

Os F-4s Terminator 2020 receberam um HUD grande angular Kairser e um radar de controle de tiro look-down/shoot-down 2032 da ELTA. Uma suíte de autoproteção passiva AN/ALQ-178 fabricada localmente foi integrada, bem como controles de voo HOTAS (Hands On Throttle and Stick), pod de contramedidas eletrônicas EL/L-8222 da ELTA e um novo barramento de rede on-board MIL-STD-1553B, permitindo direcionamento / navegação de precisão GPS / INS.

Esperava-se que a atualização estrutural acrescentasse 6.000 horas de vida útil às 5.000 horas esperadas da fuselagem do F-4E. Essa vida útil terá que ser administrada e possivelmente aumentada novamente para esticar os Phantoms até 2030 e além. A religação e os novos sistemas hidráulicos e pneumáticos associados à atualização do Terminator 2020 ajudaram a eliminar 1.653 libras de peso de cada aeronave, reduzindo marginalmente o estresse da fuselagem.

Novos monitores multifuncionais para o piloto e o operador de sistemas de armas ajudaram a gerenciar as capacidades de ataque do Terminator, alavancando munições de precisão, incluindo mísseis ar-solo AGM-65G Maverick, bombas inteligentes GBU-10/12 Paveway e mísseis anti-superfície AGM-142 Popeye israelenses. Os mísseis ar-ar israelenses Python-3/4 também foram adicionados.

A TAF opera seu Terminator 2020s (talvez eles devessem ser renomeados Terminator 2030s) em grande parte no papel de ataque, como demonstrado pelo uso de Popeyes para atingir redutos curdos no norte do Iraque em dezembro de 2007 durante a “Operação Sun”. Eles permanecem uma ferramenta regionalmente eficaz e um recurso da OTAN, embora de menos valor em ambientes de combate taticamente sofisticados como a Síria, onde até mesmo os EUA operam em grande parte com aeronaves furtivas.

Mas a necessidade significa que eles continuarão a voar até 70 anos depois que o F-4 entrou em serviço pela primeira vez nos EUA. Em 2021, é notável e surpreendente para muitos ser lembrado de que o F-4 Phantom não é um fantasma.