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terça-feira, 14 de abril de 2020

Primeiro Grupo de Defesa Aérea completa 41 anos

Os Dijon Boys e o Mirage III

Localizado em Anápolis (GO), Esquadrão Jaguar opera as aeronaves F-5EM e se prepara para receber o F-39 Gripen

Neste mês de abril, o Primeiro Grupo de Defesa Aérea (1º GDA) – Esquadrão Jaguar, sediado na Ala 2 – Base Aérea de Anápolis (GO), completa 41 anos de atuação na Força Aérea Brasileira (FAB). A sua história surge em 1972, com os oito Dijon Boys – pilotos que realizaram, na cidade de Dijon, no leste da França, o curso de pilotagem do primeiro avião supersônico da Força Aérea Brasileira, o Mirage IIIE/D.
Atualmente o 1º GDA opera as aeronaves F-5EM e se prepara para receber o mais novo vetor de caça da FAB, a aeronave F-39 Gripen. “Nesta data que marca o aniversário de criação do 1º GDA, relembramos com orgulho dos feitos dos ‘Jaguares’ que nos antecederam e projetamos um futuro repleto de desafios com a chegada dos caças F-39 Gripen ao Esquadrão Jaguar”, salienta o atual Comandante do 1º GDA, Tenente-Coronel Aviador Leandro Vinicius Coelho.

História da Defesa Aérea

No dia 6 de abril de 1973, os oito Dijon Boys, pilotos brasileiros escolhidos e enviados à França para realizarem o curso de pilotagem da primeira aeronave supersônica brasileira, o Mirage IIIE/D, sobrevoaram Brasília (DF), a bordo de seis aeronaves Mirage III EBR/DBR. Assim, marcou-se o início de uma era onde o Brasil efetivamente passava a exercer a completa e exclusiva soberania do espaço aéreo sobre o seu território e respectivas águas territoriais, conforme afirmou à época o Ministro da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Joelmir Campos de Araripe Macedo.
O Mirage III não trazia ao Brasil apenas à era supersônica, fazia parte de um projeto muito mais ambicioso, isto é, a implantação do Sistema Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo, composto da cobertura radar do espaço aéreo, das redes Clique aqui para baixar a imagem originalde comunicações seguras e da solidificação das missões de interceptação e de Defesa Aérea.
Mirage IIIEBR – F-103E
A criação da 1ª Ala de Defesa Aérea (ALADA), localizada na cidade de Anápolis (GO), deu-se no dia 5 de abril de 1972, com o objetivo de servir como organização modelo para sediar a primeira unidade capaz de realizar, única e exclusivamente, as missões relativas à Defesa Aérea. Pouco tempo depois, a fim de se adequar à estrutura organizacional da Força Aérea Brasileira, a 1ª ALADA deixou de existir, dando origem à Base Aérea de Anápolis e ao 1º Grupo de Defesa Aérea, isso no dia 11 de abril de 1979.
O Sistema de Defesa Aérea foi colocado à prova também no mês de abril. A noite de 09 de abril de 1982 foi testemunha da primeira interceptação real da Força Aérea Brasileira. Dois Mirage III decolaram de Anápolis com a missão de interceptar a aeronave ILYUSHIN-62, que havia adentrado sem permissão no espaço aéreo brasileiro. Inicialmente, a aeronave incursora não obedecia nem respondia aos chamados dos controladores. Essa postura mudou completamente quando o piloto da aeronave interceptada foi ordenado a observar as suas asas e, então, percebeu um Mirage em cada lado de sua aeronave. A partir desse momento, a aeronave ILYUSHIN-62 acatou as ordens de pousar em Brasília para a realização das medidas de controle de solo.
Mirage 2000 da FAB
Os Mirage III (F-103) foram operados pelo 1º GDA desde o ano de 1973 (voo inaugural no Brasil) até o ano de 2005, atingindo a marca de 66.948:10 horas de voo. A partir de 2006, os Mirage 2000 (F-2000) voaram e ostentaram a bolacha do 1º GDA em suas fuselagens.
O F-2000, em conjunto com o F-5 modernizado das demais unidades de primeira linha da Aviação de Caça, foram os meios aéreos que serviram de assimilação e implementação do Combate BVR (do inglês, Beyond Visual Range – além do alcance visual, em português) na Força Aérea Brasileira.
As aeronaves F-2000 foram aposentadas no ano de 2013, mesmo ano em que foi definido o Gripen E como vencedor do Programa FX-2. Desde então, o 1º GDA opera as aeronaves F-5EM e se prepara para o recebimento da aeronave F-39 Gripen em outubro do ano que vem.
Primeiro Gripen E da FAB
FONTE: Força Aérea Brasileira

Azul Cargo cresce 36% em receita no primeiro trimestre de 2020

Azul Cargo cresce 36% em receita no primeiro trimestre de 2020

Azul Cargo
O segmento de transporte de carga aérea tem sido um importante aliado nas ações de combate à pandemia do novo coronavírus. Ágil, eficiente e seguro, o modal vem sendo utilizado para o transporte de materiais importantes, como medicamentos, itens de proteção individual para profissionais de saúde e até estruturas para hospitais de campanha. A Azul Cargo Express, unidade de cargas da Azul, registrou crescimento de 26% no volume de cargas transportadas no mês de março deste ano no comparativo com o mesmo período do ano passado, enquanto a receita teve acréscimo de 36% nos três primeiros meses de 2020 se comparado com 2019.
No comparativo ano contra ano, a empresa, que tem uma vasta gama de opções a seus Clientes diante do momento de crise, expandiu sua receita 41% (em 2019) e 61% (em 2018). Além das duas aeronaves cargueiras Boeing 737 400-F e da utilização dos porões, ou barrigas, dos aviões de passageiros, a Azul Cargo ampliou sua capacidade de oferta com a adaptação de parte da frota de aviões da Azul para o transporte exclusivo de cargas.
É o caso cinco ATR 72-600, que já são usados como cargueiros com frequência. A companhia também está trabalhando com os jatos da Embraer e dos Airbus A320neo com o mesmo objetivo e já vem utilizando as aeronaves modelo Cesna Grand Caravan, em parceria com a TwoFlex, para aumentar o alcance e a agilidade de entrega de encomendas da empresa nos mercados regionais e em rotas mais remotas. Somente em março, a Azul Cargo realizou 12 voos extras para atender a demanda adicional de cargas.
“Estamos com o nosso Time reforçado para atender esse crescimento da demanda. Além da nossa capacidade de oferta natural, com nossos aviões cargueiros e a utilização dos porões das aeronaves, também estamos trabalhando muito para transformar alguns de nossos ativos para o transporte exclusivo de cargas. Sabemos da importância do nosso negócio para a economia e para a saúde, por isso continuaremos disponibilizando a eficiência da nossa entrega e a capilaridade da nossa rede para atender todos os pedidos, mesmo em meio ao momento difícil pelo qual o país passa”, afirma Izabel Reis, diretora da Azul Cargo Express.
Operações exclusivas de carga no mercado internacional
Desde a semana passada, a Azul Cargo vem realizando alguns voos fretados e exclusivos de carga entre o Brasil e os Estados Unidos. Na última quinta, 9, a empresa transportou vacinas para Fort Lauderdale e, nesta semana, realizará um outro voo fretado, que também decolará de Campinas mas que terá como destino Orlando. As operações cargueiras serão cumpridas com as aeronaves modelo Airbus A330.

Prejuízo da aviação comercial deve chegar a US$ 314 bilhões em 2020, diz Iata

A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) divulgou uma nova projeção sobre o impacto econômico causado pela pandemia do coronavírus (Covid-19) na aviação comercial de passageiros em 2020. Desta vez, o prejuízo pode chegar a US$ 314 bilhões em receita de passageiros, um aumento de US$ 62 bilhões com relação a última projeção divulgada no dia 24 de março, que já revelava um prejuízo astronômico de até US$ 252 bilhões.
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Maioria das regiões testemunhará uma queda de receita de 50% em relação ao ano anterior, prevê a Iata
A nova previsão revela ainda uma queda de receita de 55% em relação a 2019, refletindo o agravamento da previsão de que o retorno às viagens aéreas provavelmente será mais lento do que o esperado. A receita mais baixa desta nova previsão está baseada numa queda projetada de 48% no tráfego durante o ano. “Nunca vimos uma crise tão profunda”, diz CEO da Iata, Alexandre de Juniac. ”Em nosso cenário mais recente, as receitas de passageiros no ano inteiro caem 55% em comparação a 2019, enquanto o tráfego cai 48%. Em outras palavras, metade dos nossos negócios desaparece. Isso é catastrófico”.
A maioria das regiões testemunhará uma queda de receita de 50% em relação ao ano anterior, prevê a Iata. A associação também prevê que o mercado doméstico seja retomado antes do internacional, mas ainda assim serão prejudicados pelas condições econômicas mais difíceis do que o esperado. A Iata também observou que haverá impacto muito mais profundo nos mercados da África e da América do Sul do que o esperado anteriormente, com base nas restrições de viagens.

Oportunidade Regiona

Fabricantes de aviões de até 130 assentos voltam suas atenções para o Brasil enquanto acompanham os debates sobre os modelos de fomento ao setor no Congresso Nacional


Turbo-hélice Q400
Turbo-hélice Q400, da Bombardier
O ano de 2015 promete ser de oportunidades para a indústria aeronáutica no Brasil. Com a perspectiva de expansão das rotas de menor densidade em um país de dimensões continentais, fabricantes ao redor do globo voltam suas atenções para os planos de operadores locais enquanto aguardam o desfecho dos debates no Congresso Nacional em torno das políticas de fomento para a aviação regional. Uma demonstração expressiva do interesse pelo mercado brasileiro em particular, e o latino-americano em geral, aconteceu no final de novembro último quando a Bombardier, que tem um total de 2.590 aeronaves comerciais voando pelo mundo, abriu seu escritório de Vendas e Marketing em São Paulo. “As perspectivas para o Brasil são bastante promissoras considerando a natureza geográfica do país”, explica Alex Glock, vice-presidente regional de Vendas para América Latina e Caribe da Bombardier. “A demanda hoje ainda é muito baixa, na faixa de 0,5 viagem per capita por ano. Em mercados tradicionais da Bombardier a proporção é de 2 viagens per capita por ano”. Segundo a Anac, o número de passageiros pagos transportados no mercado doméstico brasileiro em outubro de 2014 atingiu 8,5 milhões de pessoas, o maior para o mês nos últimos 10 anos, com alta de 6,8% em relação ao mesmo período de 2013.

Expansão e polêmica

De acordo com a Bombardier, o mercado brasileiro é o maior da América Latina, com estimativa de entrega de 1.100 novas aeronaves comerciais entre 2014 e 2033, sendo 54% de modelos com 100-149 assentos, 41% de aviões da categoria de 60-99 assentos e 5% de aeronaves de 20-59 assentos. “O avanço do Plano de Desenvolvimento da Aviação Regional também vem a contribuir para melhor integração das regiões, seja por meio de incentivos voltados ao aumento da acessibilidade ou pelo desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária, com a iniciativa do governo para criação ou reforma de 270 aeroportos”, acrescenta Glock.
E-Jet E2
Família E-Jet E2 da Embraer
Principal concorrente global dos canadenses e mais bem posicionada no mercado brasileiro, a Embraer também se movimenta para atender ao aumento da demanda por aeronaves regionais no país. Existem hoje em operação no Brasil 83 aviões E-Jet dos mais de 1.000 entregues no mundo, todos voando pela Azul Linhas Aéreas, sendo cinco E175, 22 E190 e 56 E195. Atualmente, a empresa de São José dos Campos possui 10 pedidos firmes para o jato E195 da geração atual feitos pela Azul, com carta de intenções para a compra de até 50 jatos E195-E2, sendo 30 pedidos firmes e 20 direitos de compra. “Também estamos conversando com as principais empresas aéreas brasileiras”, revela Paulo Cesar Silva, presidente e CEO da Embraer Aviação Comercial. “Com cerca de 70 clientes em 50 países, a unidade de negócios da Embraer voltada para a aviação comercial obtém 90% de suas receitas no exterior. Temos a convicção de que conquistaremos uma parte importante das oportunidades que venham a se apresentar no mercado brasileiro”.
A Embraer prevê que as companhias aéreas na América Latina receberão cerca de 700 novos jatos no segmento de 70 a 130 assentos nos próximos 20 anos, o que representa 11% da demanda mundial no período para o segmento, sendo 63% dessas unidades para apoiar o crescimento e 37% para substituir aeronaves mais antigas. A frota de jatos de 70 a 130 assentos aumentará das atuais 280 unidades para 750 até 2033. Segundo o fabricante brasileiro, apesar do domínio de aviões maiores, a América Latina é principalmente composta por mercados de densidades baixa e média – 80% dos quais têm volumes de tráfego de até 300 passageiros por dia. “Em 2013, mais de 50% de todos os mercados intrarregionais tiveram um ou menos voos diários utilizando jatos narrow-body. Esse desequilíbrio entre capacidade e demanda pode criar ineficiência. O uso de aeronaves no segmento de 70 a 130 assentos pode melhorar efetivamente a conectividade em mercados de densidade menor, complementando voos narrow-body fora dos horários de pico em rotas principais”, diz Paulo César Silva.
Outras empresas também disputam esse mercado, como a ATR, com mais de 50 aeronaves em operação no país, nas cores de Azul e Passaredo. Desenvolvidos na década de 1980 pela então Aerospatiale e Aeritalia, os turbo-hélices da família ATR se tornaram referência no mercado. Hoje parte do Airbus Group, a ATR lidera com ampla vantagem o mercado brasileiro, que supera o número de aviões em operação nos EUA e na Índia. No Brasil, a estratégia de Azul é utilizar o ATR como complemento a operação dos E-Jets, levando o tráfego das pequenas e médias cidades do interior para seus principais hubs em Campinas, Belo Horizonte ou Brasília. A Passaredo, que chegou a operar uma frota considerável da família Embraer ERJ-145, optou pela substituição com os modelos ATR 72. Embora sejam mais rápidos e silenciosos, os jatos regionais de até 80 assentos se tornam onerosos demais com o preço do barril do petróleo elevado.
Neste momento, porém, a principal questão que se coloca, a despeito da disputa econômica, é política. Há muita polêmica em torno de um eventual favorecimento ou não à Embraer na definição do modelo da política de fomento da aviação regional. “A criação de um programa para desenvolvimento da aviação regional é bastante válida, mas não necessariamente ótima dada a forma de aplicação da proposta”, acredita Alex Glock, da Bombardier. “Por que não subsidiar o melhor atendimento e a acessibilidade a mercados menores com incentivos diretos aos custos das empresas aéreas em itens como carga tributária ou combustível? Dessa forma você dedicaria os incentivos diretamente ao custo das empresas aéreas sem necessidade de burocracia e controle, dando à empresa aérea a flexibilidade e a oportunidade de escolher o equipamento que julgar mais apropriado para cada mercado, sem tendências na sua decisão”.

subvenções não são novidade. EUA têm seu programa de incentivo para regiões como Alasca
Para a Embraer, é fundamental que o Plano de Desenvolvimento de Aviação Regional incentive a utilização de aeronaves de porte adequado à demanda das rotas regionais. “O custo de se utilizar um avião de maior porte nestas rotas será bem mais elevado, pois as aeronaves voarão com uma grande quantidade de assentos vazios, aumentando a necessidade de apoio para que sua operação seja economicamente viável”, sustenta Paulo César Silva, da Embraer. “Claro que o programa pode gerar demanda por jatos regionais da Embraer, mas nenhum protecionismo está previsto, pois inexiste qualquer barreira, tarifária ou não tarifária, à importação de aviões no Brasil, o que significa que essa potencial demanda será disputada pela Em braer e seus concorrentes globais, exatamente como ocorre em todos os outros mercados do planeta”.

Política de subsídios

Diante das polêmicas, a Medida Provisória número 652, de 25 de julho de 2014, caducou em 24 de novembro último sem a decisão final do Congresso sobre o tema de subsídios para a aviação regional. O governo deverá apresentar uma nova versão da política pública no próximo ano, visando desenvolver o “Programa de Investimentos em Logística (PIL): Aeroportos”, lançado em dezembro de 2012, que possui, também, ações de melhoria em 270 aeroportos regionais.
O objetivo da proposta é proporcionar o acesso da população brasileira ao transporte aéreo regular em locais atualmente desatendidos, seja para o desenvolvimento econômico ou para finalidades sociais, como é o caso de algumas cidades na Amazônia Legal, onde durante a época de chuvas não há outro meio de transporte.
Dentro da ideia apresentada pela Secretaria de Aviação Civil em consulta pública, receberão auxílio governamental as rotas de densidades baixa (até 50 mil passageiros ano) e média (até 800 mil passageiros ano) ligando a aeroportos regionais ou das capitais, atendendo às empresas aéreas regulares e os táxis-aéreos que fazem ligações sistemáticas dentro de um contrato de cinco anos de duração.
Dois tipos de fomento estão em jogo na regra: tarifas e subvenção. O incentivo tarifário será realizado com a isenção de tarifas aeroportuárias e de navegação aérea, excetuando-se as tarifas de capatazia (alfandegária) e armazenamento. Já o subsídio será realizado pelo pagamento de parte dos custos do voo realizado dividido em duas partes. Uma fixa no evento do voo e outra variável, que dependerá do número de passageiros.
Em 2010, o estudo do setor de transporte aéreo do Brasil, elaborado pela McKinsey&Company e custeado pelo BNDES, já apresentava a proposta de subsídios com critérios objetivos para se eleger municípios e, principalmente, para a sua saída do programa, visando ao atendimento das rotas de baixa densidade com a meta de transformá-las em autossuficientes.

Histórico

O Brasil já proporcionou subsídios para a aviação em duas oportunidades. Em ambos os casos os objetivos previstos na política não foram atingidos. A primeira foi na década de 1960, com a criação da Rede de Integração Nacional (RIN), que ficou válida até 1968, voltada para as empresas que operavam as aeronaves DC-3, Catalina ou C-46, o Curtiss Commando. Naquela época, cerca de 300 cidades eram atendidas pela aviação regular.
A segunda, a de maior duração, foi o Sistema Integrado de Transporte Aéreo Regional (Sitar), criado em 1975. Nela o país foi dividido em cinco regiões: Norte, Nordeste, Centro, Centro-Oeste e Sudeste e Sul (veja a tabela na p. oposta). O DAC autorizou uma empresa a ser responsável por cada região, sem poder fazer voos fora dela. Foi a base para a criação de companhias aéreas, várias delas oriundas de empresas de táxi-aéreo.
O subsídio do tipo cruzado era realizado por suplementação tarifária de 3%, recolhida das passagens aéreas das empresas domésticas, sendo o Departamento de Aviação Civil responsável pela administração desses recursos, conforme a IAC 1302. O Sitar terminou quando as propostas de flexibilização e desregulamentação do setor, discutidas e aprovadas durante a V Conac, foram aplicadas em 1992, bem como quando foram emitidas as liminares para suspender o recolhimento da suplementação tarifária no final da década de 1990 e com a Portaria número 569/GC5, de 5 de setembro de 2000, que classificou as linhas aéreas como internacionais ou domésticas.

Experiência internacional

Alavancar com subvenções rotas de baixa densidade de interesse público não é uma ideia nova. Os Estados Unidos possuem o programa chamado de Serviços Aéreos Essenciais (EAS), que funciona desde 1978, uma contrapartida à desregulamentação do setor de aviação civil. Esse auxílio, controlado pelo Departamento de Transportes, possui um orçamento de US$ 241 milhões para 2014 e atende a 160 comunidades, sendo que 43 delas estão situadas no estado do Alasca.
A União Europeia também possui o seu programa de incentivos chamado de Obrigações de Serviço Público (PSO). A decisão de ofertar uma rota no programa é sempre tomada ao nível do país membro, porém, o processo é formalizado pela Comissão Europeia via licitação pública, cujo vencedor é a empresa que apresenta menor custo operacional total. Esse modelo de subsídio é aplicado, também, aos transportes terrestres e marítimos.
Turbo-hélice ATR
Turbo-hélice ATR para rotas de menor densidade da Azul

O que está em jogo?

Muito se discute se o programa da aviação regional é voltado para estimular a venda das aeronaves regionais da Embraer e proporcionar um auxílio financeiro às empresas aéreas. Seria essa a melhor resposta para empresas, cidades e aeroportos regionais no Brasil? O que mais está em pauta?
Como exemplo de análise, considere a cidade de Barcelos, no interior do Amazonas, com 27.000 habitantes, pelas informações de 2013 do IBGE, localizada a 405 km de Manaus em linha reta e 625 km por vias fluviais. Ela é servida por um aeródromo com uma pista de 1.200 m de comprimento e 30 m de largura, que não opera por instrumentos nem possui informações meteorológicas.
No contexto atual, o turismo da pesca desportiva é uma das fortes atrações locais, pois Barcelos faz parte do circuito de Fly Fishing no Brasil. Foram transportados 3.273 passageiros em 2013, quando a localidade era atendida pela Trip Linhas Aéreas, hoje Azul, usando o ATR 42-500, conforme dados do Anuário 2013 da Anac.
No portal do Banco do Brasil encontram-se os processos de licitação para as melhorias nos aeroportos regionais incluídos no PIL Aeroportos. Para Barcelos, está previsto um aeroporto de médio porte, código 4C, voltado para uma aeronave Boeing 737-800 ou similar, e como alternativa o código 3C, voltado para uma aeronave Airbus A 319 ou similar.

Empresas e Regiões do Sitar

EmpresaRegião
TABA Transportes Aéreos da Bacia Amazônica S.A.Norte
Nordeste Linhas Aéreas S.A.Nordeste, incluindo o norte dos estados de MG e ES.
Nordeste Linhas Aéreas S.A.GO, TO, DF e partes dos estados do PA, MA e MG.
Rio-Sul Serviços Aéreos Regionais S.A.Sul e partes dos estados do RJ, ES e SP.
TAM Transportes Aéreos Regionais S.A.MS e partes dos estados do MT e SP.
Fonte: “Aviação Regional Brasileira”, artigo do Informe de Infraestrutura de novembro de 2002 do BNDES (http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/export/sites/default/bndes_pt/Galerias/Arquivos/conhecimento/infra/Inf02-50.pdf)
Além disso, estima-se o transporte de 134.000 passageiros por ano e o pico de 100 passageiros por hora para o ano 2025, a implantação de um terminal de passageiros, uma torre de controle e estação meteorológica de superfície.
A licitação foi realizada e já existe uma empresa, o Consórcio PACS/ENAR, desde maio de 2014, autorizada a executar os serviços de planejamento e medições. No site do Banco do Brasil não foi encontrada, ainda, uma licitação para a execução dessas obras. Porém, somente essas obras, realizadas pelo governo federal, não seriam as únicas necessárias para dotar um aeroporto com aviação regular. Um dos gargalhos está no combustível para essas aeronaves. No caso de Barcelos, o combustível será trazido via balsas de Manaus e armazenado em local a ser criado pela distribuidora local. Esse investimento precisa de pelo menos 10 anos de consumo para cobrir os seus custos, segundo fontes do setor.
Assim, no caso de Barcelos, ao final da implantação das melhorias no aeródromo, além do ATR, que também estão presentes na MAP Linhas Aéreas, existem outros importantes concorrentes da Embraer na aviação regional como as aeronaves da Bombardier, as aeronaves das séries C, CRJ e Q, e a novidade da Mitsubishi e o seu MRJ.
Além desses fabricantes, outras empresas ainda não presentes no Brasil produzem aeronaves regionais com a capacidade de 70 a 100 passageiros. Na China, a Xi’an Aircraft Industries, com o MA700, na Índia, o recém-lançado projeto da Hindustan Aeronautics Limited para um turbo-hélice, e na Rússia, com o Antonov AN 158 e com o Sukhoi Superjet 100 (leia mais a partir da p. 68).
Bombardier CS 100
Bombardier aposta na família CSeries para uso regional

Capital estrangeiro

Dentro do tema de aeroportos regionais foram incluídos pelo relator da Medida Provisória número 652/2014 outros dois temas: a autorização de aeroportos privados e a retirada do limite do capital estrangeiro nas empresas aéreas brasileiras. A discussão de autorizar a construção de aeroportos privados, greenfield, voltados para a aviação regular é para capacitá-los para coletar tarifas aeroportuárias. Esse é o caso do Novo Aeroporto de São Paulo (NASP), um projeto da Camargo Correia e Andrade Gutierrez para a cidade de Caieiras, a cerca de 35 km de São Paulo. Na versão que não foi apreciada em plenário, o governo seria autorizado a lançar um chamamento público para autorizar as empresas interessadas, que iriam assumir a integralidade de custos e riscos da empreitada.
Sobre a retirada do limite do capital estrangeiro votante nas empresas aéreas, hoje limitado a 20% do capital com direito a voto (pelo artigo 181 da Lei 7.565/86, o Código Brasileiro de Aeronáutica), a proposta aprovada pela comissão mista do Senado e da Câmara retirou essa restrição. Esse é um tema importante que pode atrair investimentos externos para o setor, bem como proporcionar a entrada de novas empresas no Brasil. Em vários países, há uma barreira de entrada para a criação de empresas aéreas com o limite de capital estrangeiro. Nos Estados Unidos, esse limite é de 25% e na União Europeia o limite é de 49%, mas o protocolo de intenções entre os dois, assinado em 2010, já indica uma liberalização, desde que seja recíproca. Na América do Sul, o Chile é o país líder nessa quebra de paradigma. Sua política aeronáutica não impõe nenhuma restrição à entrada de empresas aéreas estrangeiras desde 1979 e libera completamente a cabotagem sem a necessidade de reciprocidade.
Por último e de grande importância para a comunidade aeronáutica, há o debate sobre a atualização da Lei do Aeronauta, em vigor desde 1984. O texto substitutivo do PLS número 432/2011 foi aprovado pela Comissão de Assuntos Sociais, em 12 de novembro. O mesmo texto do Senado foi aprovado pela Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados, em 26 de novembro, no substitutivo ao PL 4824/2012. Em ambos os casos, as principais melhorias estão na adoção do Sistema de Gerenciamento do Risco de Fadiga (Frms), no aumento do número de folgas mensais e nas alterações no repouso em voo. Na Câmara, a proposta ainda deve passar por duas comissões e pelo plenário para que possa ser encaminhada à sanção da presidente.

Comparação das principais aeronaves regionais no mercado

FabricantesEMBRAERATRBOMBARDIER
ModelosERJ 175 E2 / 195 E242-600 / 72-600C / CRJ / Q 400
Passageiros88 / 13250 / 74100-35 / 70-100 / 86
MotorTurbofanTurbo-héliceTurbofan/turbo-hélice
MTOW (Ton)44 / 5818 / 2358-65/33-41/ 29
Por Giuliano Agmont e Carlos Eduardo Pellegrino

A nova Esquadrilha da Fumaça

O que muda com a incorporação do Super Tucano pelo Esquadrão de Demonstração Aérea da FAB


As manobras da Esquadrilha da Fumaça estão de volta. Desde julho de 2015, o Esquadrão de Demonstração Aérea da Força Aérea Brasileira retomou sua agenda de apresentações. Mais de dez shows já aconteceram em diversos locais do país, com a importante missão de divulgar o trabalho da FAB. A estreia da Fumaça ocorreu de forma a preservar a sua importante missão histórica de motivar e inspirar os cadetes, pois foi realizada no dia 03 de julho na cerimônia militar de Entrega de Espadins da Turma Jaguar (primeiro ano) da Academia da Força Aérea, em Pirassununga, interior de São Paulo. Para alcançar o dia tão esperado, foram necessários mais de dois anos de implantação operacional e logística do novo protagonista: o A-29 Super Tucano.
O período de treinamento dos pilotos foi dividido em diversas etapas, com aulas teóricas sobre o novo avião – conhecidas como “Ground School” – e testes estratégicos da execução das manobras em determinados locais do país, escolhidos de acordo com os diferentes níveis de altura e temperatura. Além do processo de treinamento dos aviadores, o programa contou também com a capacitação dos mecânicos da área de manutenção, adaptando-os à nova aeronave e à preparação logística exigida por ela. 
O A-29 deu nova dimensão às manobras arrojadas da Esquadrilha da Fumaça, sendo necessárias adaptações ao display de demonstração em virtude das características de performance do avião. Nos 45 minutos de apresentação, são realizadas cerca de 50 manobras no ar. Para cada uma delas, há uma faixa de velocidade que varia entre 160 km/h e 560 km/h, tangenciando – mas nunca ultrapassando – alguns limites do A-29. As manobras começaram a ser realizadas a 5.000 pés de altura (1.524 m) até serem completamente validadas. Assim, o treinamento foi descendo em altitude até que as acrobacias pudessem ser executadas a 300 pés (91 m), como são apresentadas nas demonstrações, sempre mantendo o alto nível de segurança operacional. Vale ressaltar que duas delas foram retomadas neste novo contexto: “Chumboide” e “Lancevaque”, ambas realizadas pelo piloto da posição de número 7, o isolado.

Mais de 60 anos

A Esquadrilha da Fumaça é a terceira equipe de demonstração aérea mais antiga do mundo. Recebeu o nome oficial de Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), mas o apelido dado pelo público sempre foi a marca registrada nos corações apaixonados pela aviação. Inúmeros militares já passaram pela Esquadrilha, todos “fumaceiros” de coração, bem como quatro tipos diferentes de aviões: o T-6 Texan, com 1.225 demonstrações, o T-24 Fouga Magister, com 46 demonstrações, o T-25 Universal, com 55 demonstrações, e o T-27 Tucano, com 2.363 demonstrações. Este último pousou pela última vez em apresentações oficiais no dia 31 de março de 2013, após nada menos que 30 anos de serviço ao EDA, continuando, no entanto, como vetor de instrução aérea aos cadetes na Academia da Força Aérea.
Não foi por acaso que a Força Aérea Brasileira escolheu o A-29 Super Tucano para substituí-lo. Um avião operado pela FAB desde 2005, desenhado para cumprir as mesmas missões desempenhadas pelo Tucano, como aeronave de ataque e defesa aérea, contudo com poder de fogo e eficiência muito maiores e que, pela sua versatilidade, também substituiu o jato AT-26 Xavante na formação básica dos pilotos de caça brasileiros. O Super Tucano é a garantia da defesa das fronteiras do Brasil contra tráficos ilícitos e, desde 3 julho de 2015 – data da primeira demonstração – garantia de emoção onde a Esquadrilha da Fumaça estiver no mundo.

Vigor estrutural do Super Tucano permitiu o retorno de manobras giroscópicas avançadas, conhecidas como tumbles

Pai e filho

O Tucano e o Super Tucano, mesmo sendo a evolução de projetos realizados pelo mesmo fabricante - a Embraer - guardam grandes diferenças. Elas começam pelo cockpit. O A-29 possui um sistema aviônico bastante avançado, que permite ao piloto grande confiança nas informações de navegação. A adaptação ao Head Up Display (HUD) ocorreu tranquilamente, facilitando a gerência dessas informações. Quanto ao conforto, houve uma enorme melhora. A nacele pressurizada, o piloto automático usado nos deslocamentos e o robusto ar-condicionado, que mantém a nacele resfriada inclusive à baixa altura, fizeram muita diferença.
O vigor estrutural do Super Tucano também permitiu o retorno de manobras giroscópicas avançadas, conhecidas como tumbles, além dos emocionantes Lancevak e a Chumbóide. Os comandos de voo do A-29, tanto para o isolado quanto para o voo de ala, também são harmoniosos, com a necessidade de um pouco mais de força em função das velocidades maiores, o que deixa o voo mais estável. O pouso no Super Tucano é um misto entre paliet e o pouso por atitude, devido ao maior peso e velocidade na aproximação final. O pouso trabalhado buscando a suavidade faz com que se consuma mais pista.
Dois aspectos teóricos com reflexos práticos no desempenho e na manobrabilidade das aeronaves também foram bastante discutidos e verificados nos treinamentos: a relação potência-peso, que está relacionada à capacidade de aceleração, seja para ganho de altitude ou velocidade; e a carga alar, que reflete a capacidade de sustentação e manobra de uma aeronave. Assuntos bastante complexos, mas que merecem menção.

Com o aumento de peso do A-29 em relação ao Tucano, os topos das manobras ficaram mais elevados e as velocidades, mais altas
O A-29 possui um motor com mais que o dobro de potência, 1.600 shp contra 750 shp do T-27, no entanto, o peso também é superior, aproximadamente 4.000 kg contra 2.200 kg (configurações utilizadas nas demonstrações). Isso significa uma vantagem para o Super Tucano de cerca de 20% nessa relação. Quanto à carga alar, sabemos que a área das asas dos dois modelos é muito semelhante e que, para suportar um maior peso, verificamos na prática um aumento na velocidade de estol, nos raios e na velocidade de início das manobras. Ou seja, para compensar a perda causada com o aumento do peso, foram necessárias maiores altitudes para início de manobras, visando iniciá-las com maiores velocidades, o que, por sua vez, só foi possível graças ao incremento em potência oferecido pela motorização mais robusta.
Com isso, o gerenciamento da energia em cada ponto da apresentação foi um aspecto que ocupou grande parte do treinamento, sendo definidos parâmetros mínimos que garantem a execução de cada manobra, inclusive em localidades e situações em que o rendimento do motor é reduzido por fatores externos, como altas temperaturas e altitudes. Quem já presenciou uma demonstração do EDA com as novas máquinas pôde perceber na prática. Os topos das manobras realmente ficaram mais elevados e as velocidades, mais altas.
Todo esse processo somente foi possível com a aplicação da doutrina de demonstração aérea, absolutamente arraigada no EDA. Um show aéreo pode ser realizado por qualquer avião, basta conhecê-lo profundamente e respeitar seus limites. Conhecer profundamente significa estudar seus manuais e acumular experiência, treinar intensamente em altitude segura até que haja incontestável certeza de que aquela mesma manobra pode ser realizada a uma altitude um pouco mais baixa. Quanto ao respeito aos limites, antes de tudo, disciplina. Logo adiante, muito treinamento, para não exceder esses limites involuntariamente. O respeito à máquina e a suas limitações foram premissas intocáveis durante o processo de implantação do Super Tucano à missão de demonstração aérea.

De volta às origens

A Esquadrilha da Fumaça cresceu muito – desde os primeiros voos realizados – tornando-se um poderoso instrumento de divulgação da Força Aérea Brasileira na medida em que incentiva fortemente o amor à pátria e mostra o profissionalismo dos militares. A paixão que surgiu em 1952 no Campo dos Afonsos permanece viva até hoje. Agora, como nunca, renovada com a implantação das modernas aeronaves A-29 Super Tucano.
Foram dois anos e três meses de muito trabalho durante o processo de implantação operacional e logística do A-29 para retornarmos aos olhos do público, recompensados pela plena satisfação de termos conseguido extrair da aeronave, com segurança, um espetáculo tão belo quanto o apresentado pelo seu antecessor, o T-27 Tucano. Não houve oportunidade melhor para a retomada senão compartilhar um momento importante para os cadetes da Academia da Força Aérea: a entrega do Espadim – símbolo do Cadete – ao 1º Esquadrão. Foi muito bom para o fechamento do ciclo de transição dos projetos que os olhos tenham sido os mesmos, com a mesma motivação e inspiração de outrora, separados por 63 anos.
O processo de implantação correu de forma minuciosa, em passos cautelosos, com muito trabalho e estudo: seja por parte dos pilotos, imersos nos aspectos operacionais, seja pelos “anjos da guarda”, imbuídos em colaborar com a melhoria do projeto e com a adaptação do sistema gerador de fumaça. Além disso, a equipe administrativa garantiu o gerenciamento das atividades do Esquadrão e manteve vivo o contato com o público por meio de ações de comunicação social.
A primeira demonstração pública com o Super Tucano aconteceu numa manhã fria, nublada e uma ansiedade serena por parte de todos os integrantes do EDA. A emoção não veio em voo, pois a preparação de um piloto de demonstração também envolve o fator psicológico. Foco. A segurança voa em primeiro plano e tudo correu muito bem. As nuvens ao fundo não fizeram o melhor contraste, mas realizamos a primeira demonstração, isso que importa! Após o corte do motor, sem motivos para evitar a emoção, vimos nossos companheiros, familiares e amigos se aproximarem das aeronaves. Foram minutos longos, cumprimentando aqueles que nos acompanharam durante todo esse processo e pensando em como as manobras têm se apresentado para nossos cadetes, familiares e autoridades presentes. Fechamos o ciclo, cumprimos a missão! Já realizamos diversas outras apresentações, com céu azul. Agora, estamos prontos para demonstrar em qualquer localidade do continente americano e nos preparando para fazê-lo em qualquer lugar do mundo. Salut! Fumaça... Já!
Texto escrito pelo Capitão Aviador Thiago Romeiro Capuchinho, piloto Ala Direita na Esquadrilha e que participou da estreia da Fumaça com o avião A-29 Super Tucano na Academia da Força Aérea. 
Por Thiago Capuchinho*, especial para AERO

Um espião e o 'gordo' a bordo dos porta-aviões dos Estados Unidos

A incrível saga dos aviões terrestres que operaram embarcados em missões muito especiais


O Lockheed U-2 realizou uma série de pousos e decolagens em porta-aviões
Desde seu surgimento, nos anos 1920, os porta-aviões foram utilizados por vários aviões que não tinham nada a ver com os caças e outras aeronaves para eles especialmente projetadas.
Sem dúvida, os que ficaram mais conhecidos foram os B-25 Mitchell, que realizaram o bombardeio sobre Tóquio, em 18 de abril de 1942, liderados pelo coronel “Jimmy” Doolittle, decolando do porta-aviões USS Hornet (CV-8).
Para isso foi necessário retirar todos os outros aviões do convés e colocar os dezesseis B-25 em quatro fileiras de quatro, ficando os quatro primeiros, portanto, com menos pista para decolar.

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Em abril de 1942 a operação Doolittle decolou com 16 bombardeiros B-25 do porta-aviões USS Hornet (CV-8)
O maior avião não naval a pousar em um porta-aviões e, até hoje, um C-130 Hercules, que em 1963 foi testado pela Marinha dos Estados Unidos como um possível Super COD (sigla em inglês para “reabastecimento em porta-aviões”), a fim de substituir os pequenos Grumman C-2 Trader.
Em 1963 um C-130 realizou incríveis 21 operações de pouso e decolagem bem sucedidas a bordo do USS Forrestal
Um Lockheed KC-130 realizou 21 operações de pouso e decolagem no USS Forrestal (CVA 59), mas, apesar de comprovar a viabilidade da operação, as asas passavam muito próximas das superestruturas do navio e a operação foi considerada muito arriscada. Semanas depois o programa foi cancelado. Devido à sua baixa velocidade de pouso, o Hercules não precisou de gancho de parada e, por isso, antes do voo a tripulação escreveu na fuselagem: “Olha Mãe... Sem Gancho!!!!”
Anos depois, três jatos espiões Lockheed U-2 Dragon Lady foram modificados para operarem em porta-aviões, mas a sua operação – que já era crítica em terra – ficou pior em alto mar. Para participar do projeto Whale Tale, as aeronaves do modelo “A” tiveram o trem de pouso reforçado, receberam gancho de frenagem e spoilers nas asas.
O U-2G (N808X) durante a operação de pouso a bordo do USS Ranger
Os estrategistas da CIA acreditavam que se os U-2 pudessem ser modificados para operarem em porta-aviões, os Estados Unidos poderiam evitar os problemas políticos que envolviam a procura por autorizações para basear os U-2 em outros países.
O projeto foi cancelado após ser testado nos porta-aviões USS America, USS Ranger e USS Kitty Hawk.
Essa e outras histórias você pode encontrar no livro 100 Curiosidades da Aviação
Vídeo gravado a bordo do USS Forrestal (CV-59) mostra as operações de pouso e decolagem do C-130

Mais de 100 aviões da KLM estão estacionados no aeroporto de Schiphol

Aeronaves foram retiradas de serviço após drástica redução da demanda gerada pelo Covid-19


A maior parte dos Embraer 190 da KLM estão paralisados no aeroporto de Schiphol | Fotos: KLM/Paul Ridderhof

A holandesa KLM tem mantido a maior parte de sua frota no chão, em virtude da redução da demanda gerada pelo coronavírus. A empresa estacionou no aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, mais de 100 aviões.
A KLM tem mantido um programa de active parking, que permite a frota ter condições de retornar rapidamente aos voos regulares, além de manter o uso de parte dos aviões em regime de rodizio.

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Os Boeing 787 são um dos poucos modelos que continuam em serviço ativo na KLM
Atualmente o aeroporto de Schiphol concentra mais de 200 aviões paralisados, sendo mais da metade da KLM. A empresa holandesa tirou de serviço temporariamente todos os seus treze A330, todos os quinze Boeing 777-200 e os sete 747 restantes da frota. Da mesma forma, toda a frota de Embraer 175 (17) e um grande número de Embraer 190 (15) e Boeing 737 (34) também estão ‘groundeados’ em Amsterdã.
Atualmente alguns voos estão sendo realizados com os Boeing 777-300ER, 787-9, 787-10 e alguns 737, enquanto na malha regional estão empregando os poucos Embraer 190 que estão em operação.