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segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

XB-70 Valkyrie, o avião que veio do futuro

 

O Valkirye não entrou em operação, mas permanece até hoje no imaginário dos amantes da aviação como um poderoso e fantástico avião.


Em agosto de 1960, a Força Aérea dos EUA contratou junto a North American Aviation um protótipo XB-70 e 11 aeronaves de desenvolvimento pré-produção YB-70. Em 1964, no entanto, o programa foi reduzido para dois XB-70A e um XB-70B. Apenas dois foram realmente concluídos.

O B-70 foi projetado como um bombardeiro estratégico Mach 3+ capaz de voar a mais de 21.000 metros. Como o seu contemporâneo, o Lockheed Blackbird, o Valkyrie era tão avançado que estava além do estado-da-arte. Novos materiais e processos tiveram que ser desenvolvidos e novas máquinas industriais projetadas e construídas.

O XB-70A era uma aeronave muito grande com uma configuração delta-canard, construída principalmente em aço inoxidável e titânio. Possuía aletas verticais duplas que combinavam as funções de estabilizadores e lemes (a peça era toda móvel, como no A-5 Vigilante). O protótipo XB-70A Valkyrie media 58,95 m de comprimento (incluindo o tubo de pitot), com uma envergadura de 32 m e altura total de 9 m. A envergadura do canard era de 8,78 m e era dotado de flap, enquanto a asa delta usava vários elevons separados para controle de inclinação e rotação.

A asa delta tinha um ângulo de incidência de 0° e o bordo de ataque era enflechado em 65,57°, com 0° de enflechamento no bordo de fuga. As asas tinham um máximo de -2,60° de torção. As asas do Valkyrie 62-001 não tinham diedro, mas o segundo B-70 (62-0207) tinha 5° diedro. A área alar era de incríveis 585 m².

O diedro do canard também era de 0° e o bordo de ataque era enflechado em 31,70° para trás, enquanto o bordo de fuga tinha 14,91° para frente. A superfície canard totalizou 38,61 m². Os flaps do canard podiam ser baixadas para até 20°.

As aletas verticais móveis mediam 4,57m de altura, com o bordo de ataque enflechado em 51,77° e o bordo de fuga em 10,89°.

O B-70 foi projetado para “surfar” em sua própria onda de choque supersônica (também conhecido como sustentação por onda de choque). As pontas da asas, cada uma com 6,09 m, podiam ser abaixadas para um ângulo de 25° a 65° para o voo de alta velocidade. Embora isso fornecesse estabilidade direcional adicional, tal ajuste comprovou o aumento na sustentação, que suportava até 35% do peso do avião em voo.

NAA XB-70A-1-NA Valkyrie decola na Base Aérea de Edwards em 17 de agosto de 1965.

O primeiro protótipo (62-001), tinha um peso 104.877 kg e seu peso máximo de decolagem era de 236.347 kg.

O XB-70A era propulsado por seis motores General Electric YJ93-GE-3, dispostos lado-a-lado na cauda, sendo que todos era dotados de ppos-combustão.

O YJ93-GE-3 gerava 8.000 kg de empuxo seco e 9.000 kg com pós-combustor. O Valkyrie queimava um combustível especial de alta temperatura, o JP-6. O YJ-93 media 6 m de comprimento, com 1,37 m de diâmetro e pesava 2.368 kg.

O 62-0001 tinha velocidade de cruzeiro de 2.016 Km/h a 10.688 metros e alcançou a velocidade máxima de 3.187 km/h (Mach 2.97) a 24.094 m. Durante os testes de voo, o XB-70A atingiu um máximo de Mach 3,08 com uma altitude sustentada de 22.555 metros.

XB-70A-1-NA Valkyrie 62-0001

O combustível era transportado em 11 tanques internos nas asas e na fuselagem e a capacidade máxima foi de 165.218 litros, dando ao bombardeiro um alcance de combate sem reabastecimento de 7.000 km.

O B-70 foi projetado para transportar duas bombas nucleares B-53 em sua baia de bomba interna. Um máximo de 14 bombas menores poderia ser carregado.

O XB-70A-1 62-0001 voou pela primeira vez no dia 21 de setembro de 1964 e ultrapassou Mach 3 pela primeira vez em seu 17.º voo (14 de outubro de 1965). Seu voo final foi em 4 de fevereiro de 1969.

O segundo protótipo, XB-70A-2-NA 62-0207, foi destruído em uma colisão no ar. O 62-207 já era diferente do primeiro em muitos aspectos. A aeronave se chocou no ar com um F-104N Stafighter no dia 8 de junho de 1966 durante um voo de formação com quatro outras aeronaves: um F-4 Phantom, um F-5A, um T-38 Talon e o F-104 Starfighter, todos para uma sessão de fotos para a General Electric. O acidente não só matou dois pilotos, mas também anunciou o fim do projeto Valkyrie. A colisão ocorreu a 9.000 m acima da cidade de Barstow na Califórnia. O terceiro Valkyrie, XB-70B-NA 62-0208 foi cancelado durante a fabricação.

Teste de pós-combustão de um dos motores turbojato General Electric YJ93-GE-3 do 62-001
Valkyrie 62-0001 em velocidade de cruzeiro em alta altitude
concepção artística inicial da NAA para o XB-70. O avião mais parecia um F-108 em escala maior.

O XB-70 Valkyrie 62-0001 está em exposição no Museu Nacional da Força Aérea dos Estados Unidos. Ao todo, ele realizou 83 voos, acumulando apenas 160 horas e 16 minutos de tempo total de voo.

Se a USAF/SAC tivesse mantido a ordem e o B-70 houvesse entrado em operação, ele teria sido um alvo extremamente difícil de abater. Uma coisa é rastrear um objeto a mach 3, outra é abater. E os soviéticos sabiam disso, tanto que desenvolveram o MiG-25.

“Ride of the Valkyrs”, de John Charles Dollman, 1909. Na mitologia nórdica, as valquírias eram figuras femininas imortais que escolhiam quem entre aqueles que morreram em batalha eram dignos de serem levados para o Valhalla.

Embora o Valkyrie fosse impressionante, a verdade é que ele foi superado pela tecnologia dos ICBMs (Intercontinental Ballistic Missile), que podiam voar no limiar da atmosfera e 5.500 km custando 1/3 de um B-70.








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