A Itapemirim Cargo chegou a operar 6 Boeings 727 nos anos 1990. Imagem ilustrativa. Foto: Vito Cedrini.
O empresário Sidnei Piva, presidente da Itapemirim, anunciou um aporte de US$ 500 milhões (R$ 2,1 bilhões) de um dos fundos soberanos dos Emirados Árabes Unidos. Segundo o empresário, o montante será investido sobretudo para a criação da companhia aérea do grupo, que deve receber a primeira aeronave comercial de passageiros em 2021.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), afirmou que oito empresas que participaram da missão empresarial aos Emirados Árabes Unidos fecharam negócios que devem movimentar US$ 3,2 bilhões (R$ 14 bilhões) para companhias paulistas nos próximos 12 meses.
Segundo a fonte “foram encomendadas 35 aeronaves da Bombardier com dois tipos de configuração: 15 com capacidade para cerca de 80 passageiros e o restante para cerca de 100”.
O empresário pretende oferecer um serviço integrado de ônibus e avião para transporte de carga e passageiros. “Algo que não existe em outro lugar do mundo”, afirmou.
O projeto de Piva também contempla participar das duas concessões dos 21 aeroportos regionais do estado. “Nossa meta é adquirir um ou os dois lotes do que o governo de São Paulo acaba de lançar”, disse.
Boeing 727 com as cores da Itapemirim Cargo durante decolagem. Imagem ilustrativa.
Além da Itapemirim, o governador João Doria afirmou que os setores que conseguiram aportes nos Emirados Árabes Unidos são os de transporte e logística, agronegócio, serviços, calçados, bens e consumo, construção civil e mercado financeiro.
O escritório de São Paulo em Dubai também já possui nove empresas entre suas associadas. Para fazer parte da iniciativa é preciso pagar uma anuidade de US$ 15 mil (R$ 65 mil) por no mínimo dois anos.
“A empresa se associa e passa a receber uma série de serviços básicos. Vamos ter também uma série de produtos de prateleira e com prestação de serviço adicional. Isso tem funcionado muito bem no escritório da China e vamos fazer o mesmo aqui”, disse Wilson Mello, presidente da InvestSP.
João Doria diz que a meta é chegar a 30 empresas associadas até abril. “Não tem almoço grátis. As empresas devem fazer esse investimento”, disse o governador.
Esta seria a terceira do Grupo Itapemirim de ter uma companhia aérea. Na década de 1990  empresa criada em Cachoeiro do Itapemirim chegou a criar a Itapemirim Cargo, que chegou a operar em várias cidades do país até perder seu registro no início dos anos 2000.
Imagem ilustrativa Assessoria VoePass.
Em março de 2017, o grupo Itapemirim – já em recuperação judicial e sob o comando dos
empresários Sidnei Piva e Camila Valdívia – comprou a empresa de aviação regional
Passaredo (hoje Voepass). A ideia na época também era integrar rotas de avião e de ônibus. A aquisição, no entanto, acabou cancelada em setembro do mesmo ano por falta de cumprimento de cláusulas do contrato por parte da Itapemirim.
Sonho do grupo, a criação da uma companhia aérea, porém, não é fácil. Além da necessidade de investimentos vultuosos – o que é ainda mais difícil para uma empresa em dificuldades financeiras como a Itapemirim -, é preciso superar uma série de procedimentos legais da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para conseguir a concessão. É preciso, por exemplo, que a empresa tenha ” todas as condições técnicas e operacionais definidas pela Anac e atenda as demais leis e normas infralegais aplicáveis”, informa o site da agência reguladora.