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segunda-feira, 29 de abril de 2024

UM POUCO DA VIDA DO PBY-5/5A/6A CATALINA NO BRASIL

 

Uma historia infelizmente muito pouco narrada no Brasil é a passagem do Consolidated PBY-5/5A/6A Catalina (nome de famosa ilha turística na costa da Califórnia) pelo Brasil. Uma historia repleta de aventuras e serviços humanitários prestados mas pouco documentada.

Recentemente em visita ao site do Incaer/Força Aérea Brasileira, deparei-me com uma pequena obra que narra a história da passagem do aerobote/anfíbio da Consolidated pelo Brasil. Para quem conhece a aviação brasileira, minimamente, sabe da importância dessa aeronave tanto no emprego militar quanto no uso civil.

O PBY-5 Catalina

A Consolidated Aircraft Corporation, empresa fabricante dos Catalinas,  já era conhecida na fabricação de aerobotes. Seu modelo Commodore já era conhecido em nosso país desde a década de 1930, empregado pelo exército e pela Panair do Brasil.

Indiscutível, a elegância da versão militar com as duas torres de metralhadora na fuselagem (foto: tripadvisorr.com)

Enquanto isso, no Pacífico, Estados Unidos e Japão já estavam atentas ao domínio do mar e nesse contexto, o governo americano lançou uma concorrência para fabricação de uma aeronave do tipo aerobote, com 11.340 kg de peso bruto total.

Douglas, Consolidated e Martin participaram do certame e a Consolidated foi a vitoriosa, iniciando a fabricação do primeiro protótipo do XPBY-1 (X de experimental, PB de Patrol Bomber  (bombardeiro de patrulha) e Y era a letra que definia a Consolidated junto a Marinha americana) que voou pela primeira vez em 21 de março de 1935.

Cabine do Catalina ((foto: v1imags.com)

Mudanças foram realizadas nas primeiras unidades seriadas mas foi apenas no final dos anos 1930, e na forma do PBY-4, que a aeronave ganhou sua conformação final, já dotado das bolhas de observação na cauda e a torre de tiro no nariz.

Foi com a iminência da Segunda Guerra Mundial que a produção em larga escala se iniciou, com o aerobote PBY-5 sendo produzido para a Marinha americana, posteriormente as versões anfíbias PBY-5A, dotada de trem de pouso retrátil, permitindo a operação em terra.

 

A ultima variante do Catalina foi o anfíbio PBY-6A, uma aeronave com um casco mais bojudo e o leme mais alto. Embora tenha sido encomendadas 800 unidades, apenas 175 foram produzidas em 1945, com as demais canceladas em virtude do final da guerra.

No Brasil

Os primeiros Catalinas operados pela recém-criada Força Aérea Brasileira chegaram ao país em janeiro de 1943 e eram do modelo PBY-5, 100% aerobote. Sete aviões que foram distribuídos 3 para a Base Aérea de Belém, 3 para a Base do Galeão e uma unidade para a Base Aérea de Florianópolis.

Em julho deste ano, o Catalina matrícula PA-2, pilotado pelo Ten. Alberto Martins Torres promoveu a primeira baixa, ao afundar o U-199, um submarino alemão que se encontrava na costa do Rio de Janeiro. Essa aeronave foi batizada de Arará, como homenagem a um dos navios mercantes afundados por submarinos do Eixo.

O PBY-5 da primeira leva (Foto: defesaaereanaval.com.br)

Em final de 1944, a FAB recebe mais 15 aeronaves Catalina, mas agora o modelo anfíbio, e em 1948, mais seis aeronaves oriundas do Canada, da variante Canso (produzida sob licença naquele país) foram incorporadas, com o objetivo de reposição de aeronaves acidentadas e a substituição dos Catalinas exclusivamente hidro.

O Catalina permaneceu na função de patrulha antissubmarina e salvamento até 1958, quando algumas unidades foram encaminhadas aos Estados Unidos para conversão como aeronave de transporte. A principal característica era a remoção da torreta de tiro e das bolhas na traseira.

Já na década de 1960, todas as unidades da aeronave foram transferidas para Belém, onde passaram a exercer a função de transporte na região Norte.

Na Amazônia, o Catalina representou a chegada da esperança às comunidades ribeirinhas, transportando alimentos, sementes, medicamentos, médicos e até religiosos!

O FAB 6527. Essa aeronave encontra-se exposta no Museu Aeroespacial do Rio de Janeiro (Foto: tarauacanoticias.blogspot.com)

Seu pequeno calado permitia a operação em rios e a excelência da operação e manutenção da Força Aérea fez com que, a despeito da idade das aeronaves, dificuldades de peças, com dois únicos acidentes graves registrado entre as décadas de 1960 e inicio dos anos de 1980.

Chegou-se a cogitar a colocação de motores turboélice nos Catalinas, todavia a modificação era economicamente inviável e o aumento do número de pistas de operação já permitiam a operação de aeronaves terrestres como o De Haviland DHC-5 (C-115) Buffalo, que, dentre outras coisas, tinha maior capacidade de carga.

Assim, em 1981/1982 os sete Catalinas foram retirados de operação, com duas unidades preservadas no Brasil (FAB 6527 e 6552) e as outras cinco aeronaves vendidas e exportadas para os Estados Unidos.

Foto: historiadafab.rudnei.cunha.nom.br

O livro do Cel Aviador Refm Aparecido Camazano Alamino pode ser encontrado em formato PDF aqui

 

FICHA TÉCNICA DO CONSOLIDATED PBY-5A CATALINA
Propulsão2 motores radiais Pratt & Whitney R-1830 (Wasp)
Potência individual1200 hp
Velocidade de cruzeiro máxima201 km/h
Velocidade máxima288 km/h
Teto de serviço15.800 pés / 4.816 metros
Razão de subida305 m/min / 1.000 pés/min
Alcance4.030-km
Peso a seco9.485 kg
Peso máximo de decolagem16.007 kg
Envergadura31,7 m
Área alar130,1 m²
Comprimento10,46 m
Altura6,15 m
Primeiro voo26/03/1935
Tempo em produção1936~1945
Unidades produzidasSuperior a 4.000
Tripulação8 na versão militar
Número máximo de passageiros22
TiposAerobote e anfíbio com trem de pouso retrátil

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