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quinta-feira, 27 de abril de 2023

“A” de ataque: Grumman A-6 Intruder

 

capa A-6Feio, bruto e capaz.

Pode-se questionar a aparência do Grumman Intruder, mas certamente não a sua eficiência em ação: capaz de levar uma grande variedade de armas e aviônicos, o A-6 raramente erra o golpe, e seus ataques são sempre arrasadores.

O Grumman A-6 Intruder foi desenvolvido na década de 50, para atender à necessidade da Marinha norte-americana de um avião de ataque médio de propulsão a jato, capaz de operar tão bem de dia como à noite, podendo utilizar armas nucleares. Seu protótipo voou pela primeira vez em abril de 1960 e foi produzido por muitos anos.

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O Intruder é capaz de carregar 8 165 kg de armamento em cinco pontos fixos externos embaixo da fuselagem, possui um sofisticado conjunto de radar e tecnologia computadorizada, que permite ao aparelho operar praticamente “cego” a baixo nível e empregar uma grande variedade de armas com grande precisão em qualquer tipo de condição meteorológica.

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Grumman A-6A Intruder (BuNo 154148, 154155) pertencente ao Esquadrão de Ataque VA-196, baseado no porta-aviões USS Constellation (CVA-64), em missão no Vietnã, em 1968

As bombas convencionais fazem parte do arsenal do A-6E, mas as últimas versões do avião podiam operar perfeitamente bem a geração de armas “inteligentes”. E, embora o míssil antinavio ar-superfície Harpoon também pudesse ser levado por ele, o HARM também foi acrescentado ao já impressionante arsenal do A-6E.

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A-6E Intruder. Observar os mísseis antinavio ar-superfície Harpoon, sob as asas.

Finalmente, uma certa capacidade de autodefesa era dada à aeronave pelo AIM-9 Sidewinder.

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Grumman A-6E Intruder pertencente ao Esquadrão de Ataque VA-75, baseado no porta-aviões USS John F. Kennedy (CV-67), desparando um míssil AIM-9L perto da Estação Aeronaval Fallon (Nevada, EUA), em 1989.

Novidades sob a pele

Nos anos que se passaram desde que o A-6 entrou em serviço, em fevereiro de 1963, sua célula básica não se alterou muito. Externamente os últimos Intruder se pareciam bastante aos que foram entregues à Marinha e ao Corpo de Fuzileiros Navais da década de 60. No entanto, os últimos A-6 abrigavam sob a velha aparência os mais novos e.sofisticados itens de dispositivos eletrônicos. Essa flexibilidade é que permitiu ao Intruder permanecer como elemento-chave das forças embarcadas da Marinha e, mais ainda, que figure com destaque nos planos da Marinha até o final do século XX adentrando o novo século.

Mas os primeiros modelos do A-6A já eram infinitamente superiores aos Douglas A-1 Skyraider, parte dos quais substituiu. O desempenho do avião foi tão bom durante a Guerra do Vietnam que muitos técnicos sugeriram que os porta-aviões da Marinha deveriam levar somente Intruder, argumentando que eles poderiam ser utilizados constantemente, mesmo em condições de tempo que obrigariam outros tipos de avião a permanecer pousados.

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E, realmente, a experiência operacional e o aumento da familiaridade com as exigências especiais do ataque em qualquer tempo contribuíram muito para o sucesso do Intruder. Isso e as constantes atualizações, principalmente nos aviônicos, ajudaram o aparelho a manter-se como o único avião embarcado de ataque médio da Marinha dos Estados Unidos por 20 anos ou mais.

Três modelos

A produção em série do Intruder restringiu-se a três modelos básicos, o A-5A, o EA-6A e o A-6E, perfazendo um total de 660 aparelhos. No entanto, algumas modificações levaram ao desenvolvimento de três variantes, a A-6B, a A-6C e a KA-6D, sendo que esta última permaneceu bastante tempo em serviço, junto com o modelo A-6E. Além disso, a célula básica do Intruder foi o ponto de partida para que a Grumman pudesse criar o que finalmente surgiu como a plataforma de contramedidas eletrônicas EA-6B Prowler (que será abordada em outra postagem – NE).

A produção do modelo original A-6A totalizou 488 aparelhos, antes que a Grumman começasse a fabricar a atual versão A-6E. Uma variante conhecida como EA-6A, porém, foi adquirida para operar no Corpo de Fuzileiros Navais, na função de contra-medidas eletrônicas. Os aparelhos desse tipo participaram de muitas ações de combate no Vietnam com o VMCJ-1 de Da Nang.

Um A-6E prestes a ser lançado pela catapulta. Esses aviões possuíam um dispositivo secreto, acionado pelo piloto ou pelo computador, que provoca a destruição do aparelho quando a tripulação o abandona e ele está em risco de cair em mãos do inimigo.
Um A-6E prestes a ser lançado pela catapulta. Esses aviões possuíam um dispositivo secreto, acionado pelo piloto ou pelo computador, que provoca a destruição do aparelho quando a tripulação o abandona e ele está em risco de cair em mãos do inimigo.

Cerca de 27 EA-6A foram produzidos entre 1966 e 1969, doze dos quais resultando de modificações de A-6A, enquanto os restantes foram construídos já nessa versão. Todos eles são facilmente identificáveis pela grande carenagem localizada na ponta da deriva, servindo para alojar várias antenas. Os equipamentos eletrônicos especializados adicionais (interferidores e emissores montados em pods) são transportados sob a fuselagem e embaixo das asas.

Na última metade da década de 70, os EA-6A foram substituídos no Corpo de Fuzileiros Navais pelos EA-6B, mais versáteis. No entanto, os EA-6A ficaram na ativa, principalmente em esquadrões de guerra eletrônica da Reserva da Marinha e do Corpo de Fuzileiros Navais, enquanto aproximadamente meia dúzia deles operava no Esquadrão VAQ-33 da Marinha, numa função que se poderia chamar “agressão” de ECM.

As modificações do A-6A para funções especializadas não acabaram com o EA-6A: outros dezenove aparelhos foram convertidos para A-6B e assumiram a arriscada função de supressão de mísseis terra-ar (SAM). Há três modelos diferentes dessa versão, todos utilizando mísseis contra-radiação, como os Standard-ARM.

Um A-6E (TRAM) aproxima-se do avião-tanque para encaixar sua sonda na cesta da lança.
Um A-6E (TRAM) aproxima-se do avião-tanque para encaixar sua sonda na cesta da lança.

Mais uma dúzia de A-6A foi transformada em A-6C e equipada com carenagens ventrais proeminentes, contendo sensores FLIR e LLLTV, como parte do conjunto TRIM. Essas aeronaves participaram também de várias ações no Sudeste Asiático, servindo para interditar a famosa Trilha Ho Chi Minh. Como os A-6A, esses dois subtipos-não estão mais em serviço.

Um outro modelo que surgiu de modificação na versão original foi o KA-6D: cerca de 51 Intruder foram convertidos para ela entre 1970 e 1971. Os KA-6D tiveram muito serviço, pois cada esquadrão da Marinha usava normalmente quatro deles durante uma missão. O ultimo modelo de ataque produzido foi o A-6E, cujo desenvolvimento começou em meados de 1967. Equipado com modernos aviônicos e sofreu constantes melhoramentos: no final da década de 70 passaram a sair os chamados A-6E (TRAM), que incorporavam um sensor FLIR, um indicador laser e um equipamento rastreador de alvo numa torreta proeminente, localizada sob o radomo do nariz. O conjunto sensor totalmente integrado ao Intruder, permitindo detectar, identificar e atacar uma variedade de alvos com precisão muito maior, utilizando tanto armas convencionais quanto as guiadas por laser. Estas últimas são capazes de atingir seus objetivos com radiação laser fornecidos pelo próprio A-6E, por outro avião ou por um operador baseado em terra. O Intruder também podia iluminar alvos para armas guiadas por laser, carregadas e disparadas por outro avião.

Facilmente reconhecível pela grande carenagem da ponta da deriva, o EA-6A biposto destina-se à ECM tática, tendo como função detectar, identificar e eliminar qualquer atividade eletrônica inimiga.
Facilmente reconhecível pela grande carenagem da ponta da deriva, o EA-6A biposto destina-se à ECM tática, tendo como função detectar, identificar e eliminar qualquer atividade eletrônica inimiga.

Programa CILOP

Além de ter fabricado aproximadamente 160 novos exemplares do A-6E até o momento, a Grumman tem levou a cabo um extenso programa CILOP, sendo atualizados para o padrão A-6E cerca de 240 A-6A, A-6B e A-6C no curso dos anos 70. Muitos desses aviões voltaram à fábrica da Grumman para serem atualizados ou para substituição de asas, inutilizadas por fraturas induzidas pela fadiga do metal.

Quanto à utilização operacional, a Marinha norte-americana teve nos anos 80 um total de treze esquadrões equipados com o Intruder, sendo que normalmente cada esquadrão ia para o mar com aproximadamente dez aparelhos da principal versão de ataque A-6E, além de quatro aviões-tanque KA-6D.

O A-6 foi o faz-tudo da aviação naval norte-americana numa pose apropriada de "mostrar o muque".
O A-6 foi o faz-tudo da aviação naval norte-americana numa pose apropriada de “mostrar o muque”.
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Imagem rara: Um A-6 prestes a tocar o convoo congelado. (Imagem: David Cenciotti)

Em condições normais, uma Ala Aérea Embarcada (CVW) incluía um esquadrão equipado com Intruder em sua formação. Mas durante o período de 1983/84 a CVW-3, a bordo do USS John F. Kennedy, foi equipada com dois esquadrões de A-6 para uma viagem de rotina pelo Mediterrâneo e pelo oceano Índico, sendo que o segundo deles ocupava o lugar dos dois esquadrões de Vought A-7E Corsair II, que normalmente estariam presentes.

Além dos esquadrões de linha de frente, a Marinha também tinha outras duas unidades que não operavam no mar. Elas se destinavam a funções de treinamento nas duas principais bases da costa: uma em Oceana, Virgínia, e outra em Whidbey Island, no Estado de Washington. Em 1990 estava planejada a entrega à Marinha e ao Corpo de Fuzileiros Navais da nova variante A-6F, que previa novos motores e nova Aviônica. Cinco protótipos foram construídos, porém o mesmo não foi adiante por falta de recursos.

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O A-6 nunca foi exportado e a sua produção totalizou, entre todas as variantes, 693 aeronaves.

Grumman A-6E Intruders from Attack Squadron VA-65 Tigers in August 1972.
Grumman A-6E Intruders (BuNo 158531, 158533) pertencente ao Esquadrão de Ataque VA-65, baseado no porta-aviões USS Independence (CVA-62), em 1972.

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Reabastecendo 2 Dassault-Breguet Super Étendard da Marine Nationale (Marinha Francesa)
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Sobrevoando o USS Kitty Hawk (CV 63), em 1970.

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