Atualmente a maioria dos aviões são equipados com os mais velozes e avançados motores turbofan, porém, a realidade nem sempre foi assim, até meados da década de 1950 os motores turboélice eram soberanos e considerados a escolha padrão para as aeronaves comerciais.
O primeiro avião comercial a quebrar essa barreira a ser equipado com motores a jato foi o de Havilland Comet, aeronave na qual falaremos mais neste texto
O pioneiro da aviação comercial a jato
Imagem: Clinton Groves/Wikimedia
O Comet foi desenvolvido no Reino Unido pela empresa de aviação britânica de Havilland Aircraft Company durante as décadas de 1940 e 1950, tendo sua entrada em serviço em 1952 sendo o grande destaque nas frotas de empresas como a BOAC (British Overseas Airways Corporation) e a Air France.
O Comet foi o primeiro jato comercial do mundo, sendo projetado para ser mais rápido e eficiente do que os aviões a hélice da época, com sua inovadora tecnologia a jato. Ele tinha quatro motores a jato e era capaz de atingir velocidades de até 800 km/h, tornando-o avião comercial mais rápido do mundo na época.
Apesar do entusiasmo por trás de sua grande inovação tecnológica, o Comet acabou tendo sua reputação manchada e se tornando motivo de desconfianças e polêmicas pouco tempo após seu lançamento, acidentes como os voos BOAC 781 e South African Airways 201, ambos ocorridos em 1954 acabaram por expor uma série de problemas estruturais que o projeto da aeronave possuía.
O aprendizado com as falhas do Comet e seu legado para os futuros projetos de aeronaves com motores a jato
Os problemas estruturais do Comet foram causados por falhas de fadiga, que ocorreram nas junções das seções do avião. Essas falhas resultaram em rachaduras na estrutura, que se propagaram rapidamente e causaram a desintegração do avião em pleno voo.
As falhas ocorreram devido a vários fatores, incluindo o uso de ligas de alumínio mais finas e leves, que foram empregadas para permitir que o avião fosse mais rápido e eficiente. No entanto, essas ligas não eram tão resistentes à fadiga quanto as ligas mais pesadas usadas em aeronaves anteriores.
Além disso, o design do avião permitia que as tensões se concentrassem nas junções das seções, o que levou a rachaduras nesses pontos. O Comet também foi projetado para suportar menos pressão do ar do que outros aviões da época, o que colocou mais tensão na estrutura do avião.
Outro elemento que contribuiu para as tragédias foram as janelas projetadas para o Comet, elas possuiam um foramto quadrado e foram projetadas para serem mais resistentes do que as janelas de aviões convencionais da época, além do fato de que estas foram idealizadas para serem pressurizadas junto com a cabine, o que permitia que o avião voasse a altitudes mais elevadas do que os aviões a hélice da época.
No entanto, as janelas do Comet foram posteriormente identificadas como um dos fatores que contribuíram para as falhas estruturais do avião. As janelas eram fixadas à fuselagem do avião através de rebites, que criavam pontos de concentração de tensão ao redor das janelas. Esses pontos de tensão, combinados com o estresse causado pela pressurização da cabine, contribuíram para o surgimento de rachaduras na fuselagem.
Após os problemas iniciais com o Comet, a de Havilland redesenhou as janelas do avião para minimizar os pontos de tensão e reforçar a estrutura ao redor das mesmas. Isso foi um dos vários aprimoramentos que foram feitos no projeto da aeronave para melhorar a segurança e evitar falhas estruturais no futuro.
Finalmente, em 1958, a de Havilland introduziu o Comet IV, que incorporou várias melhorias e se tornou um sucesso comercial. Ele foi usado por companhias aéreas em todo o mundo e permaneceu em serviço até a década de 1980.
O Comet foi um marco na história da aviação, sendo o primeiro avião a jato comercial do mundo e pioneiro em muitas das tecnologias que ainda são usadas hoje em dia. No entanto, os problemas iniciais do avião mostraram a importância da segurança na aviação e levaram a uma maior atenção aos testes e ao design de aeronaves.
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