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quarta-feira, 31 de maio de 2023

Há exatos 65 anos, decolava pela 1ª vez o Douglas DC-8

 Há exatos 65 anos, decolava pela 1ª vez o Douglas DC-8

A Douglas Aircraft Company já foi a maior fabricante de aeronaves no mundo há muitas décadas atrás, principalmente após a Segunda Guerra Mundial. Com um portfólio amplo e bem-sucedido, a empresa produziu aeronaves como o best-seller DC-3, o transatlântico DC-7C Seven Seas, ou o seu primeiro jato: o Douglas DC-8, que hoje completa 65 de sua primeira decolagem.

Antecedentes

Em 1949, a De Havilland lançava o primeiro jato comercial da história: o Comet. Por conta de uma série de problemas de pressurização e outros fatores, as operações com a aeronave precisaram ser interrompidas durante um período. Naquela época, a Douglas ainda não estava desenvolvendo nenhuma aeronave a jato, mas os erros no projeto do Comet foram essenciais e importantes para o desenho de outros aviões, incluindo o DC-8.

A fabricante norte-americana iniciou os estudos para o quadrimotor de forma secreta na metade de 1952. Naquele momento, a Boeing desenvolvia o 707 e a Convair o modelo 880, ambos concorrentes diretos do novo jato da Douglas.

O anúncio oficial do DC-8 aconteceu em julho de 1955. De início, a fabricante oferecia quatro versões da aeronave, todas do mesmo tamanho, mas com opções diferentes de autonomia. O primeiro voo estava planejado para ocorrer em 1957 e a entrada em serviço para 1959. Para promover o modelo, a Douglas investiu em um marketing pesado fazendo frente, principalmente, à Boeing.

O motor JT3 da canadense Pratt & Whitney foi o escolhido para equipar o DC-8.

Primeiras encomendas

Em outubro de 1955, a Pan American Airways se tornou a primeira empresa aérea a encomendar o jato da Douglas, com 25 unidades. As companhias estavam com receio de incorporar aeronaves a jato por conta dos problemas com o Comet, mas conforme uma realizava um pedido, as outras não queriam ficar para trás e isso ajudou a alavancar o desempenho comercial não só do DC-8, como também dos outros jatos disponíveis no mercado.

A fabricante fechou 1955 com encomendas da United Airlines, National Airlines, KLM, Eastern Air Lines, Japan Air Lines e Scandinavian Airlines System (SAS) para o DC-8. A empresa iniciava com o ‘pé direito’ a comercialização de seu primeiro jato.

Interior do DC-8

Em 1958, a Douglas havia vendido 133 unidades do quadrimotor contra 150 do Boeing 707.

Início da produção e apresentação

A ideia da fabricante era produzir seu novo modelo em suas instalações no Santa Monica Airport, na Califórnia. O local era a “casa” do bem-sucedido DC-3 e havia contado com 44 mil colaboradores durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, os moradores da região não concordavam com a questão e a Douglas se mudou para Long Beach, onde deu início à fabricação do DC-8.

De matrícula N8008D, o primeiro protótipo do quadrimotor foi apresentado ao público e aos funcionários em 9 de abril de 1958.

Primeiro voo e entrada em serviço

Batizado de Ship One, o protótipo N8008D fez história ao decolar pela primeira vez em 30 de maio de 1958, às 10h10 da manhã de Long Beach. Mais de 50 mil pessoas assistiram e acompanharam o momento.

Nos controles estavam o comandante Arnold G. ‘Heimie’ Heimerdinger, William ‘Bill’ Magruder como copiloto e Paul Patten como engenheiro de voo. O engenheiro Bob Rizer também estava a bordo monitorando os parâmetros e gravadores de voo.

Foram 2h07 de operação e a aeronave voou sentido norte até o alto deserto da Califórnia. A altitude média utilizada pela tripulação foi de 21 mil pés. A aeronave pousou de volta em Long Beach, concluindo o primeiro voo teste com sucesso.

A partir de então, o DC-8 iniciou uma série de testes até obter sua certificação em agosto de 1959. No mês seguinte, a fabricante entregou suas primeiras unidades à Delta Air Lines e à United Airlines e o jato entrou em serviço comercial praticamente de forma simultânea pelas empresas. Contudo, a Delta alega que foi a primeira operadora do modelo.

Total produzidos e outras variantes

DC-8-63 da Iberia

A primeira versão produzida do DC-8 era a Series 10. Com o sucesso do quadrimotor, a Douglas desenvolveu outras variantes do modelo:

  • Series 20: nova motorização Pratt & Whitney JT4A-3 permitido maior capacidade. Apenas 33 unidades foram construídas
  • Series 30: para rotas intercontinentais com três versões -31 (motores JT4A-9), -32 (motores JT4A-9) e -33 (motores JT4A-11)
  • Series 40: nova motorização Rolls-Royce Conway 509, pequenas mudanças no desenho da asa e maior capacidade de combustível. Três versões também foram desenvolvidas: -41, -42 e -43.
  • Series 50: foi a primeira série oferecida com possibilidade de conversão de passageiro para cargueiro e o jato ganhou também novos motores JT3D-1 ou JT3D-3B. Foram produzidas as versões -51, -52, -53 e -55.
  • Series 60: a série 60 chegou ao mercado em 1967. Uma diferença notável era a fuselagem alongada, aumentando a capacidade da aeronave. A Douglas desenvolveu o -61, -62 e -63.
  • Series Super 70: a última série lançada pela fabricante foi a 70, que na verdade era uma conversão da série 60 com os novos motores CFM56-2, mais econômicos para a aeronave. As três versões lançadas foram: DC-8-71, DC-8-72 e DC-8-73.

Total produzidos: 556 (somando todas as variantes)

A aeronave ficou em produção até 1972.

Quebrando a Barreira do Som

Em 21 de agosto de 1961, o DC-8 atingiu um recorde ao quebrar a barreira do som durante uma manobra de mergulho controlado e manteve a velocidade supersônica por 16 segundos. De matrícula CF-CPG, o quadrimotor foi a primeira aeronave comercial a alcançar tal feito.

DC-8 no Brasil

No Brasil, o DC-8 foi amplamente utilizado por diversas companhias aéreas. O jato foi introduzido no País pela Panair, que recebeu seus dois primeiros exemplares do DC-8-33 em março de 1961.

Outras operadoras do DC-8 no Brasil: Varig, TCB, ABSA, Air Vias, Beta Cargo, Digex, SkyMaster, TNT Sava, Vasp e Promodal.

As duas últimas companhias do modelo em território brasileiro foram a Beta Cargo e a SkyMaster, que paralisaram suas operações em 2010.

O DC-8 hoje

Atualmente restam pouquíssimos Douglas DC-8 em atividade, menos de 10.

OperadorAtivosEstocadosTotal
AerSale Inc00101
Heavylift Cargo00202
NASA01001
Samaritan’s Purse01001
Skybus Jet00303
Trans Air Congo03003
Total:050611

A SkyBus Jet, registrada no Peru, conta com três unidades do DC-8-70 na versão cargueira e era bastante ativa com seus quadrimotores a partir de Miami para locais, como Santo Domingo, San Pedro Sula, San Jose, entre outros. No entanto, no último 26 de maio, as aeronaves foram trasladadas para o deserto em Roswell. Ainda não se sabe se a empresa está os aposentando ou se é uma parada para manutenção.

A NASA, por sua vez, revelou que já tem um substituto para o seu único DC-8: um Boeing 777. O quadrimotor deve deixar a frota da Agência Aeroespacial nos próximos meses, dando lugar ao bimotor.

Cada vez mais raros, parece que a vida útil do DC-8 está se aproximando do fim. Um lendário que fez história e marcou sua geração.

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