Último Mirage III em condições de voo na Europa realiza seu voo final na Suíça

 

Componentes obsoletos e falta de empresas especializadas em revisão de motores marcaram o fim de uma era. O jato não voará mais nos céus suíços.

Um lendário caça Mirage IIIDS da Força Aérea Suíça realizou no dia 25 de maio seus dois últimos voos, decolando de Payerne, Suíça. A retirada antecipada se deve ao envelhecimento de alguns componentes.

O Escritório Federal de Aviação Civil da Suíça explicou que em todo o continente europeu não existe mais uma empresa disposta a reformar um motor a jato tão antigo.

Os últimos voos com passageiros ocorreram no final do ano passado. Atualmente, o modelo Mirage IIIDS (J-2012 / HB-RDF) foi pilotado por Thierry Goetschmann, ex-comandante de um esquadrão de reconhecimento com jatos Mirage III, após o que a aeronave desligou permanentemente o motor.

Os caças Mirage III na Suíça foram usados ??como interceptadores e reconhecimento pela força aérea. Após a aposentadoria no serviço militar, o “HB-RDF” decolava cerca de 24 vezes por ano para levar passageiros apaixonados para um voo supersônico, dispostos a pagar 15.000 francos por pessoa para um passeio panorâmico a bordo do lendário caça.

O último Mirage III da frota pertence ao Payerne Air Force Museum e é gerido pela associação Espace Passion. Seu presidente Peter Egger acompanhou Goetschmann como passageiro no último voo. Graças a uma autorização de voo especial, ele pôde sobrevoar os céus suíços pela última vez.

A história dos caças Mirage na Suíça começou há cerca de 60 anos, quando em 1961 o Parlamento aprovou a compra de 100 unidades pelo valor de 871 milhões de francos. No entanto, as contas não bateram e os gastos saíram do controle, já que em 1964 o governo teve que pedir um crédito adicional de 576 milhões de francos.

Um escândalo aos olhos dos cidadãos suíços que levou à demissão do então ministro da Defesa, Paul Chaudet, bem como a uma redução drástica do contingente aéreo.

Em 1970, 57 aeronaves foram entregues. Ao longo dos anos, de um total de 61 Mirages adquiridos pela Confederação, dez foram destruídos em acidentes. Até o final da década de 1990, esses caças formavam a espinha dorsal da Força Aérea Suíça. Os últimos 16 aviões foram desativados há exatamente 20 anos.