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segunda-feira, 23 de julho de 2018

Chile e Brasil voarão jatos de alto desempenho na próxima década; Argentina negocia um supersônico coreano de menores préstimos; Peru e Colômbia estão indecisos e Venezuela sem dinheiro

Caças F-16 chilenos
Por Roberto Lopes


A notícia surgida nesta quinta-feira (02.11) de que a Força Aérea do Chile está estudando opções para atualizar sua frota de 46 caças Lockheed Martin F-16, redigida por Jose Higuera, do serviço noticioso IHS Jane’s Defence Weekly, ajuda a compreender o quadro do equilíbrio militar aéreo que se desenha na América do Sul para os anos de 2020.
Segundo a apuração feita por Higuera, o objetivo dos chefes militares chilenos é manter a sua principal aeronave de combate atualizada até a década de 2030.
De acordo com o articulista, “fontes militares seniores em Santiago” garantem: qualquer programa tendente a melhorar o desempenho dos F-16 está fadado a se tornar prioridade na Aviação Militar do Chile.
O plano de aumento das capacidades do caça supersônico ainda não foi lançado oficialmente.
Isso só deve acontecer em algum momento entre 2018 e 2021, mas as metas técnicas já estão, grosso modo, definidas:
– um pacote eletrônico de missão construído em torno de um radar de varredura eletrônica ativa (AESA), de abertura sintética;
– um novo sistema de planejamento e gerenciamento de missões;
– sistemas eletrônicos de contramedidas (ECM)/Medidas de apoio eletrônico (ESM); e
– atualizações no cockpit do jato.
As mesmas fontes contaram a Higuera que os estudos ora em curso na Força Aérea Chilena (FACH) também consideram a conveniência de (1) a Instituição adicionar de seis a oito aviões à sua atual frota de dez F-16 Block 50 (o modelo mais poderoso dos chilenos), e de (2) aplicar recursos na atualização de todos os antiquados F-16 A/B MLU M4 comprados em 2006 à Aviação Militar da Holanda.
Um F-16 biposto, para voos de Instrução
As informações de Higuera indicam o seguinte cenário nas cinco principais forças aéreas sul-americanas:
Chile – O aumento de dez para 16 ou 18 supersônicos F-16 Block 50 na Aviação de Caça chilena manteria essa Força como uma das duas mais poderosas da América do Sul. Estudos acadêmicos de Defesa que vêm sendo publicados nos Estados Unidos apontam a FACH como a corporação sul-americana mais bem qualificada a, no futuro, receber um esquadrão de caças F-35 – ainda que essa aquisição, por seu altíssimo custo, seja, hoje, absolutamente impraticável para os chilenos.
F-16 chilenos
Brasil – A Força Aérea Brasileira será fortemente revigorada pelo recebimento, no período de 2019 a 2024, de 36 caças Gripen E/F (28 monopostos e oito bipostos) – seu maior upgrade operacional em 40 anos. Mas esse fortalecimento não se resume à entrada em operação dos Gripen. Também há que ser considerado o início dos voos dos jatos cargueiros KC-390 que, além da função primária de transporte, cumprirão missões táticas de alta relevância, como o reabastecimento no ar de helicópteros.
“Mock up” (em tamanho real) de um Gripen E, visto em um galpão da Base Aérea de Santa Cruz, no Rio, em 2015
Argentina – Informações extraoficiais dão conta de que o governo Mauricio Macri incluiu no orçamento para 2018 uma verba reservada ao início dos pagamentos de um esquadrão de supersônicos sul-coreanos KAI FA-50 (12 unidades) – aptos a, pelo menos, atualizar o adestramento dos pilotos de combate argentinos (que hoje simulam o disparo de mísseis BVR a bordo dos seus jatos subsônicos Pampa…). O problema é que, na atual Administração platina, tudo o que diz respeito ao cumprimento dos programas de modernização das Forças Armadas é muito incerto. Os brigadeiros argentinos requisitaram de Macri a compra de dois lotes de jatos FA-50 mas, por enquanto, foram avisados para contar somente com o primeiro.
KAI FA-50
Peru – O problema mais urgente na Aviação Militar Peruana não é receber novos jatos de combate, mas arranjar recursos para dar manutenção e revitalizar as frotas de Mig-29 e de Mirage 2000 (foto abaixo). Os generais da Força Aérea Peruana mostraram interesse em conhecer melhor o caça sueco Gripen. Os russos lhes propuseram versões atualizadas do Sukhoi Su-30 ou o modelo Mig-35, que ainda não é operacional. Os militares do Peru também foram  assediados pela Dassault Aviation, que lhes propôs dois lotes dos caros caças-bombardeiros Rafale.
Colômbia – Os militares colombianos estão satisfeitos com a revitalização de nove dos seus 20 caças Kfir. É com essas aeronaves que eles planejam alcançar a segunda metade da década de 2020, plano que só será alterado caso a Venezuela anuncie alguma novidade no campo da Aviação de Combate que os ameace. Os chefes da Aviação Militar local parecem, nesse momento, indecisos entre comprar o caça Lockheed Martin F-16 e o SAAB Gripen E/F. A opção por jatos Gripen C/D usados não está descartada. A instalação de uma fábrica de aeronaves suecas no município paulista de Gavião Peixoto parece impressionar muito a Força Aérea Colombiana.
Venezuela – A qualidade da manutenção e o grau de prontificação da Aviação de Caça venezuelana constituem um mistério. O país está na bancarrota, com uma dívida externa entre 140 e 150 bilhões de dólares. O Comando da Aviação Militar Bolivariana anunciou a compra de novos interceptadores russos tipo Su-30 e de supersônicos leves L-15 chineses. Mas até agora nenhuma dessas aeronaves apareceu. Os Su-30 comprados pelo Chavismo nos anos de 2000 estão operacionais, mas não se sabe quantos se encontram nessa situação. Os jatos venezuelanos que mais voam são os subsônicos treinadores de pilotos K-8, fabricados na China. Os F-16A/B operam com diversas limitações, e servem, basicamente, aos exercícios de guerra aérea, figurando como “agressores”.
Aeronaves Su-30, da Venezuela

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