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segunda-feira, 13 de março de 2017

Morane-Saulnier MS.406

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O Morane-Saulnier MS.406 foi o primeiro caça moderno no inventário do Armée de l' Air. Embora comparável ao seu contemporâneo Hawker Hurricane britânico e modelos iniciais do Messerschmitt Bf 109, era incapaz de enfrentar as mais recentes e poderosas versões do Bf 109. 

Construído pela Aéroplanes Morane-Saulnier a partir de 1938, era numericamente, o caça mais importante do Armée de l'Air (Força Aérea Francesa) no período que antecedeu o inicio da Segunda Guerra Mundial e durante a Batalha de França. Era uma aeronave robusta e altamente manobrável, porém com pouca ou nenhuma blindagem, sem tanques de combustível auto-selantes, com um motor de fraca potência e um armamento pobre e ineficaz quando comparado com seus contemporâneos. Entre estes encontrava-se o mais recente Messerschmitt Bf 109E alemão contra o qual o MS.406 era incapaz de se opor.
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Ano
1935
Pais de Origem
França
Função
Caça
Variante
MS.406 C-1
Tripulação
1
Motor
1 x Hispano-Suiza 12Y-31
Peso (Kg)
Vazio
1893
Máximo
2470

Dimensões (m)
Comprimento
8,13
Envergadura
10,61
Altura
2,71

Performance (Km)
Velocidade Máxima
486
Teto Máximo
9850
Raio de ação
900
Armamento
1 x Canhão Hispano-Suiza HS9 de 20mm com 60 tiros
2 x Metralhadoras de 7.5mm MAC 1934, com 300 tiros cada
Países operadores
França, Alemanha, Finlândia, Croácia, China, Itália,  Suiça, Turquia, Tailândia
Fontes
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GALERIA
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MS.406C-1, GC III 6, Armée de l Air, 1940
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MS.406C-1, Armée de l Air, 1940
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MS.406, Forces Aériennes Françaises Libres
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MS.406/D-3800, Suíço
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D-3803, Suíço
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MS.406/D-3800 na atualidade
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HISTÓRIA
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Apesar de ser o mais numeroso de todos os caças ao serviço do Armée de l'Air na Batalha da França (os outros eram o Dewoitine D.520, o Bloch MB.152Curtiss H.75), o MS.406 foi o que obteve menos vitórias, apenas 191 confirmadas e 83 prováveis.

Em contrapartida as perda foram pesadas. Cerca de 400 MS.406 foram destruidos, dos quais 150 em combate ou sob fogo antiaéreo, 100 no solo em ataques aéreos inimigos e os restantes deliberadamente destruídos por militares franceses para impedir que caíssem em mãos inimigas.

MS.405 C1
A aeronave surgiu em 1934, em resposta a um concurso do Service Technique Aéronautique (Serviço Técnico de Aeronáutica) do Armée de l'Air para um novo e moderno caça monoposto, monoplano com trem de aterragem retrátil . A proposta da Morane-Saulnier, que tinha uma longa história de produção de aviões de guerra que remontava a Primeira Guerra Mundial, apesar de no período entre-guerras, se terem concentrado em projetos civis, foi o MS.405 desenvolvido pelo engenheiro-chefe Paul-René Gauthier.

O MS.405 foi para a Morane-Saulnier o seu primeiro monoplano de asa baixa, com um cockpit fechado, e o trem de aterragem retrátil (antes disso, os seus desenhos mais modernos tinham sido monoplanos com asa em parassol como o MS.230).

Era uma aeronave de construção mista, com cauda de madeira coberta de tecido, e a restante fuselagem com estrutura em tubos de duralumínio, com revestimento em Plymax (folha fina de duralumínio colada a uma folha mais grossa de contraplacado). O protótipo MS.405-1 dispunha de uma hélice de três pás Chauvière que era accionada por um motor de 12 cilindros do motor em V com refrigeração líquida Hispano-Suiza 12Ygrs que desenvolvia 850 cv.

O armamento consistia num canhão de 20mm Hispano-Suiza HS9, montado no eixo da hélice com capacidade para apenas 60 tiros (o reduzido numero de munições era a sua grande fraqueza), e de duas metralhadoras de 7.5mm MAC 1934 cada uma com 300 tiros.

O primeiro protótipo, M.S. 405-1, que voou em 8 de agosto de 1935, mas o segundo MS. 405-2 com um motor de 860cv Hispano-Suiza 12Ycrs, apenas voaria a 20 de Janeiro de 1937, quase um ano e meio mais tarde. Com o novo motor, o caça chegou a 443 km/h, rápido o suficiente para garantir uma encomendade mais 16 protótipos de pré-produção, cada um incluindo melhorias em relação à versão anterior.

Corte esquemático do MS.406 C1
O resultado dessas melhorias foi o MS. 406. As duas principais melhorias em relação ao MS.405 foram a inclusão de uma nova estrutura de asa que possibilitou a redução do peso da aeronave, e um radiador retrátil sob a fuselagem. O MS.406 era motorizado por um motor de 860 cv Hispano-Suiza 12Y-31, com o qual a aernave atingiu os 489 km/h.

O armamento era o mesmo do MS.405 de pré-produção no entanto as MAC 1934 revelariam ter tendência a congelar em altas altitudes acima de 6000 metros pelo que foram adicionados aquecedores nas armas para uso em altitude.

A eminência da guerra com a Alemanha ficou era evidente em finais da década de 1930, e por isso o Armée de l'Air encomendou 1000 aeronaves MS.406 em março de 1938. A incapacidade da Morane-Saulnier de produzir esse numero de aeronaves na sua fábrica, conduziu a instalação de uma segunda linha de produção na recém nacionalizada Société nationale des constructions aéronautiques de l'ouest (SNCAO) em St. Nazaire. A produção começou apenas no final de 1938, e o primeiro exemplar voou apenas em 29 de janeiro de 1939. A produção era lenta, mais, devido a lenta entrega dos motores do que a produção das fuselagens. Em abril de 1939, as linhas de produção entregavam seis aeronaves por dia, e quando a guerra para a França, em 3 de setembro de 1939, a produção diária era de onze aeronaves, tendo já sido entregues e entrado ao serviço 535. A produção do MS.406 terminaria em março de 1940, após a entrega da 1000 unidades da encomenda do Armée de l'Air, e mais 77 para os utilizadores estrangeiros (30 para a Finlândia e 45 para a Turquia e dois para a Suiça). Encomendas adicionais para a Lituânia e Polônia foram cancelados com a eclosão da guerra.

MS.406 H C-1, uma das aeronaves exportadas para a Suiça
Enquanto decorria a produção do MS.406 o projeto continuou a ser trabalhado para incluir um conjunto de atualizações, o resultado seriam cinco aeronaves de pré produção MS.410, que incluíam asas mais fortes, um radiador fixo mais simples substituindo o do projeto anterior retrátil, quatro metralhadoras MAC 1934 com cinta de alimentação, em vez das duas alimentadas por tambor anteriores e ejetores de escape para o impulso adicional que permitia aumentar a velocidade maxima até aos 509 km/h. O MS.410 tinha acabado de entrar em produção quando a França caiu, e embora tenha continuado sob supervisão alemã apenas cinco foram efetivamente concluídos, alguns MS.406 anteriores seriam convertidos para o padrão 410, mas a maior parte apenas recebeu novas asas.

Foi construído um exemplar (MS.411) com um motor de 920 cv Hispano-Suiza 12Y-45 e foi iniciada a construção de outro (MS.412), que não seria concluído até final da Guerra, para utilizar um motor Hispano-Suiza 12Y-51 de 1000cv.

Seria ainda em 1936 construído um protótipo MS.450, modificando uma aeronave MS.410 para receber um motor Hispano-Suiza 12Z cujo objetivo era melhorar a performance em altitude, porém o motor nunca entraria em produção, e o novo Dewoitine D.520 era já a aeronave de eleição do Armée de l'Air.

MS.406C1/D-3801 de construção Suiça
Entretanto a Suiça adquirira uma licença para produção local do MS.406, a partir da duas aeronaves fornecidas em setembro de 1938 e em abril de 1939, usadas como padrão para o designado D-3800. O D-3800 mantinha a asa do MS.405, mas era equipado com o mais recente motor Hispano-Suiza 12Y-31, fabricado localmente pela Adolph Saurer AG, que movia uma nova hélice Escher Wyss-EW-V3 totalmente ajustável, os instrumentos foram substituídos por versões suíças e as metralhadoras MAC 1934 foram substituídas por armas alimentadas por cinto projetadas e construídas localmente, de modo eliminar as protuberâncias da asa da versão francesa, e evitando os problemas de congelamento. A pré-produção começou com um lote de oito aeronaves primeira das quais concluída em novembro de 1939. Os modelos de pré-produção foram seguidos de uma encomenda de mais 74 exemplares, entregues até 29 de Agosto de 1940, e mais dois em 1942 montados a partir de peças de reposição excedentárias.

Em 1944, as aeronaves foram modificadas com um novo sistema de arrefecimento de radiador fixo (semelhante ao MS.410) e instalações hidráulicas, e foram equipados com ejetores de escape. Estas modificações correspondiam à adaptação, com exceção do motor, ao padrão da versão D-3801, entretanto desenvolvida. A versão D-3801, da qual foram produzidas 224 aeronaves entre 1941 e 1948 fazia uso de uma versão local do motor Hispano-Suiza HS 12Y-51 construído sob licença pela Dornier Werke Altenrhein AG, que desenvolvia 1074 cv, possibilitando que a aeronave atingisse a velocidade de 534 km/h (equivalente a do Dewoitine D.520 ou do Hawker Hurricane).

MS.406C1/D-3802 de construção Suiça
A versão D-3802 baseada no MS.450, teve o protótipo a voar pela primeira vez no Outono de 1944, com um motor Saurer YS-2 de 1250 cv. O motor revelaria várias deficiências, que limitariam a produção do D.3802 a apenas 12 unidades apesar de a aeronave conseguir atingir a velocidade de 630 km/h. O último desenvolvimento suíço deste avião foi o D-3803, com um motor Saurer YS-3 de1.500 cv e fuselagem dorsal modificada para melhorar a visibilidade do piloto. O D.3803 estava armado com três canhões HS-404 de 20 mm (um no nariz, dois nas asas), além possuir suportes sob as asa capases de alojar até 200 kg de bombas ou foguetes. Apesar de não ter um motor potente quando comparadop com outras aeronaves contemporâneas era capaz de atingir os 680 kmh a 7.000 m de altitude.

Apesar do bom desempenho o projeto apresentava vários problemas que conduziram ao seu abandono logo que no pós guerra os North American P-51 Mustang foram disponiobilizados aos suiços.

No final da guerra, as aeronaves existentes na foram usados ​​para formação até serem desativados em 1954.

MS.406 da Força Aérea Finlandesa, 1942
Entre 4 e 29 de Fevereiro de 1940 a França enviou 30 Morane-Saulnier MS.406 para a Finlândia e em 1943 os finlandeses adquiriram a Alemanha um adicional de 46 MS.406 e 11 MS.410 de que tinham tomado posse depois da ocupação de França.

Por esta altura os caças já tinham dado provas de estarem obsoletos porem os finlandeses estavam tão desesperados a braços com a invasão Soviética e com a falta de aeronaves úteis que decidiram iniciar um programa de modificação dos seus Morane-Saulnier elevando-os a um novo padrão. O projetista de aviões Aarne Lakomaa tornaria o obsoleto MS.406 num caça de primeira linha que seria designado por Mörkö-Morane (também por vezes referido como o "La-Morane"). A fuselagem foi reforçada e a carenagem do motor foi modificada para ser mais aerodinâmica e para permitir alojar um motor Klimov M-105P com 1050 cv (uma versão soviética licenciada do HS 12Y), capturados pelos Finlandeses, cuja potência adicional (250 cv) permitiria um aumento significativo do desempenho. Outras mudanças incluíam uma hélice Vish-61P totalmente ajustável, um novo sistema de refrigeração a óleo retirado do Bf-109, a substituição do canhão francês do eixo da hélice por um alemão MG 151/20 de 20mm (devida ao reduzido numero de unidades disponíveis deste canhão várias aeronaves receberiam em sua substituição a metralhadora soviética de 12,7 mm Berezin UBS capturada ao exercito vermelho) e a instalação de 4 metralhadoras nas asas alimentadas por cinta a semelhança do MS.410.
Mörkö-Morane da Força Aérea  Finlandesa, 1944

O primeiro caça modificado, MS-631, faria o primeiro voo em 25 de janeiro de 1943, com resultados surpreendentes: a aeronave era 64 km/h mais rápido do que a versão original, atingindo os 525Km/h, e o teto de serviço aumentou de 10,000 para 12,000 metros. Originalmente, tinha sido planeado converter todos os 41 restantes MS.406 e MS.410, mas até o fim da Guerra de Continuação em 1944, apenas três exemplares tinham sido convertidos (incluindo o protótipo original). Porém o processo de conversão continuou a tempo dos Mörkö-Moranes participaram da Guerra da Lapónia contra a Alemanha (1944-45) como aeronaves de reconhecimento e de ataque ao solo. Após o fim da guerra, o programa de conversão terminou tendo até essa altura sido convertidas um total de 41 aeronaves que se mantiveram ao serviço para instrução avançada de pilotos no TLeLv 14 até setembro 1948. Em 1952, todos os Morane-Saulnier tinham sido abatidos ao serviço.

O MS.406 equipava 16 “Groupes de Chasse” (GC) e três “Escadrilles” em França e no exterior quando a França entrou em guerra com a Alemanha. A aeronave era muito manobrável e era capaz de suportar pesados danos em combate, porém não era adversário a altura do Bf-109 e as perdas foram pesadas (150 aviões perdidos em combate e 250-300 perdido por outras causas).

MS.406 do contingente Polaco no Armée de l'Air, 1940
Após o armistício, apenas uma unidade de Vichy, GC 1/7, seria equipado com o MS.406, alguns dos quais seriam usados na Síria contra a RAF. Antes do inicio da guerra do Pacifico as autoridades de Vichy na Indochina francesa utilizaram varias unidades de MS.406 aí estacionados na disputa fronteiriça com Tailândia, entre 1940 e 1941 tendo abatido alguns caças tailandeses antes da Força Aérea Francesa abandonar o teatro. Alguns exemplares do MS.406 seriam capturados pela Força Aérea da Tailândia.

Após a capitulação francesa a Alemanha tomaria posse de um numero significativo de MS.406 e MS.410, alguns dos quais seriam usados pela Luftwaffe para instrução de pilotos, e os restantes vendidos à Finlândia, à Itália, e cerca de 48 à Croácia, em 1943. Os Morane-Saulnier Suiços e Turcos também foram usados em combate, os suíços nomeadamente derrubaram uma série de aeronaves tanto alemães quanto Aliadas, que eram apanhadas a violar o seu espaço aéreo.

O MS.406 teve uma carreira paralela na Finlândia. Em fevereiro de 1940, os primeiros 30 caças franceses integraram o LeLv 28, e foram usados ​​em combate durante a Guerra de Inverno, contra a URSS realizando 259 missões de combate nas quais foram abatidos 16 aviões soviéticos. A versãp modificada do MS.406, o Mörkö-Morane teria pouco envolvimento na posterior Guerra de Continuação mas seria utilizado na Guerra da Lapónia contra a Alemanha (1944-45) como aeronaves de reconhecimento e de ataque ao solo.

EM PORTUGAL
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DESENHOS
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PERFIL
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FONTES

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