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segunda-feira, 13 de março de 2017

O Mig-21

Mig-21

A União Soviética já foi o maior produtor de aviões de combate no mundo. Sua produção deveria equilibrar as forças da Otan com as do Pacto de Varsóvia, porém do lado ocidental, além dos EUA, a França, Espanha, Inglaterra, Itália e Alemanha sempre produziram aviões de combate, mas do lado oriental, a URSS tinha que suprir além de sua própria força aérea, a dos outros países que integravam o Pacto de Varsóvia, pois esses não tinham tecnologia para o desenvolvimento e produção de aeronaves militares de alto desempenho.
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Migs-21 da URSS
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A produção de aviões de combate da URSS ultrapassou as 25 mil unidades, sendo que desses, ao menos 20 mil eram caças e dentre eles o Mig-21 foi o mais numeroso, atingindo a quantidade de 10.839 unidades (10.645 na URSS e 194 na Tchecoslováquia)
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Mig-21 produzido na Tchecoslováquia durante a época da Guerra Fria
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 O Mig-21 é um caça leve de 2º geração produzido entre 1959 a 1985. A Índia e a China também chegaram a produzir alguns modelos, essa última, produziu sua versão de Mig-21 até 2004, e ainda testa um modelo com fuselagem e concepção similar.
 Chengdu J-7 da PLAAF
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 Ao todo a produção do Mig-21 deve ter chegado a 14 mil unidades, se somando os soviéticos, os tchecos, os chineses e os indianos. Hoje o Mig-21 está em serviço ativo ainda, sendo que algumas versões, como o Lancer-C da Força Aérea Romena, teve sua aparelhagem eletrônica e armas atualizadas por Israel para que o avião se torne comparável aos modernos caças de 4º geração em atividade na Europa atual.
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 Mig-21 Bison  produzido pela Índia
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Além dos numerosos caças, a URSS e os demais fabricantes também produziram uma série de Migs-21 biplaces, para o treinamento de pilotos. Assim como o Mig-21 de combate, esses modelos biplaces (Mig-21U, UM e UMD) ainda são largamente empregados mundo afora. 
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Mig-21U versão biplace de treinamento
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 Tecnicamente o Mig-21 tem o projeto dentro da 2º geração de caças, o desempenho de um de 3º geração e as versões atuais, e os modernizados tem armamentos e radares de 4º geração, como o Lancer romeno e o Mig-21 Bison da Força Aérea Indiana. Apesar de controverso, o avião ainda é utilizado por 23 países (somando os F-7 chineses) e se mantém entre as 10 aeronaves de combate mais notáveis da História da Aviação de Caça.
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Guerra do Vietnam
 O debut de combate do Mig-21 foi na Guerra do Vietnam entre os anos de 1966 a 1972. Acumulando a cada combate vitórias perante aviões muito mais capazes como o F-4 Phantom, forçaram os EUA ao desenvolvimento de um avião com características similares, o F-16 Fighting Falcon, que voou pela primeira vez em 1974. No fim da Guerra do Vietnam, foram perdidos cerca de 86 MiG-21 contra 761 F-4 Phantom dos EUA.
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Pilotos vietnamitas ao lado de um Mig-21 durante os anos de guerra
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O desempenho do Mig-21 é até hoje contestado pelos EUA, porém qualquer um sabe que os EUA contestam tudo que possa lhes denegrir, mas o fato que é incontestável foram várias perdas norte americanas (inclusive da própria guerra) e um desespero em conseguir Migs-21 a qualquer custo para o treinamento de pilotos e o desenvolvimento de novos aviões.
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 Um Mig-21 capturado, testado e usado como avião de testes pela USAF após a Guerra do Vietnam. 
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Os EUA alegam que apenas 529 F-4 Phantoms, dos 761 perdidos, foram abatidos em combate, mas não dizem o n° exato de F-4s perdidos em batalhas aéreas para os Mig-21, porém o Vietnam com 250 MiG-21s perderam 86 na contagem americana e 85 na vietnamita, sendo que também de acordo com fontes vietnamitas, esses 250 MiGs recebidos da URSS abateram 244 aviões americanos.
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Apesar de ser um avião muito mais capaz, o F-16 acima teve como base de desenvolvimento o Mig-21 capturado pelos EUA durante a Guerra do Vietnam. Assim como o Mig-21 o F-16 é um monomotor pequeno e manobrável, ideal para missões onde o custo de vôo é menor. Os F-16 são numericamente importantes para a USAF, pois são comumente usados em missões rotineiras onde não há a necessidade de se utilizar um caça de grande porte como o F-15 ou F-22.
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Hoje dos 250 Migs-21 transferidos pela URSS durante a guerra, cerca de 144 ainda fazem parte da Força Aérea Popular do Vietnam (acima), desses amo menos 100 foram modernizados na Índia para o padrão Bison.
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Países árabes
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Desde os conflitos de 1964 os Mig-21 usados pelos países árabes entraram em combate contra os aviões da Força Aérea Israelense. 
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Síria e Egito
Mig-21 egípcio
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Inicialmente seu desempenho foi baixo devido a inexperiência árabe em todos sentidos, assim durante a Guerra dos Seis Dias em 1967, quase todos Mig-21 egípcios e sírios foram destruídos, em sua maior parte no solo antes de decolarem, imagem abaixo:
 Nessa primeira parte da guerra, mais de 135 Migs 21 foram destruídos, 100 em solo e cerca de 35 em combates aéreos, a Força Aérea Israelense perdeu entre 14 a 18 aviões. O número exato de perdas israelenses é difícil estimar, pois Israel alega menos que perdeu, e os países árabes reivindicam um número maior que o realmente abatido.
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A URSS alarmada com a notícia enviou pilotos para o auxílio das forças árabes, que entre 1967 a 1970 derrubaram um total de 21 aviões israelenses. Nesses conflitos morreram três pilotos soviéticos em combate. A utilização de novas táticas forçou Israel a um cessar fogo para reformular sua estratégia aérea.
Acima o Mig-21 sírio após a deserção do piloto em 2012. O piloto sírio fugiu do conflito pousando o avião na Jordânia.
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Com novas táticas de emboscada, os pilotos israelenses tiveram sucesso sobre os Mig-21 árabes em 1973, quando se iniciaram novamente as hostilidades. Até então, os Mig-21 árabes combatiam aviões como os Mirage III, A-4 Skyhawk e F-4 Phantom, na Guerra do Yom Kippur em 1973 os Mig-21 enfrentaram o IAI Nesher, uma versão israelense modificada do Mirage III. 
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 Acima um Mig-21 Sírio abate um IAI Nesher
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No final da guerra cerca de 30 aviões foram perdidos para ambos os lados, que forçaram Israel a adquirir novos caças como o F-15 Eagle e o F-16 Fighting Falcon. Novamente entre 1979 a 1982 ocorreram batalhas aéreas entre os Mig-21 árabes e os F-15 e F-16 israelenses, dessa vez o antigo caça soviético de 2° geração não obteve vitórias sobre os modernos caças americanos de 4° geração.
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 Acima o MiG-21 nas cores da Forca Aérea Síria.
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Hoje o Egito ainda mantém 56 e a Síria 160 caças MiG-21 de várias versões, além do MiG-21bis que foi o mais recente, esses países utlizam-se dos modelos MF mais antigo, o UM de treinamento e o MiG 21R de reconhecimento.
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Líbia
Durante o conflito entre a Líbia e o Egito entre 1977 a 1979, alguns Mig-21 líbios enfrentaram caças egípcios e mesmo tendo um uso muito pequeno um foi perdido em combate contra um Mirage 5 egípcio. 
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 Mig-21bis da Líbia nas cores atuais (2013)
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Após a intervenção norte americana em 1986 e a guerra civil em 2011, 7 caças Mig-2bis ainda permanecem em serviço. 
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Yêmen
Os 52 Mig-21 usados hoje pelo Yemen foram adquiridos de segunda mão da Ucrânia entre 2005 a 2007. Esses aviões foram usados na guerra civil iemenita no ano de 2009.
Um Mig-21 iemenita (acima) foi perdido durante a guerra. O governo alega que o avião caiu devido a problemas técnicos, porém os rebeldes alegam que o caça foi abatido por um sistema de míssil portátil.
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América Latina
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Cuba
Cuba que já foi uma pedra nos sapato dos EUA durante a Guerra Fria, hoje é mais um ponto turístico no Mar do Caribe que não necessita de uma força aérea equipada. Dos 60 Mig-21 cubanos restantes dos 270 recebidos, 12 são MiG-21bis e 6 do treinador MiG-21UM.
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Recentemente um carregamento de açúcar em um navio norte coreano foi interceptado no Panamá devido a suspeitas de transportar armas ao país que está sendo boicotado pela ONU.
Em meio a toneladas de sacos de açúcar, foram encontrados dois Mig-21 desmontados dentro de contâineres além de quinze motores para esse tipo de avião. As peças e motores dos Mig-21 atuais não são compatíveis com modelos mais antigos como esses utilizados por países ainda comunistas.
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Ásia
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Coréia do Norte
Coréia do Norte que recentemente foi notíciatransportando tanto motores, peças e até os próprios Mig-21 desmontados em um cargueiro, possuem hoje cerca de 150 Mig-21 de fabricação soviética e 40 F-7 de fabricação chinesa. A Korea do Norte gosta particularmente desse avião pois com ele abateram três aviões norte americanos durante a Guerra do Vietnam, sendo que dois eram caças F-4 Phantom.
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Índia
A Índia é hoje a nação que mais utiliza o Mig-21, e confia nele, mesmo com todos seus defeitos e problemas relativos ao muitos e muitos anos de uso. O Bison, como é conhecido o Mig-21 fabricado pela Hindustan, é um avião que só se assemelha ao modelo soviético externamente... pois o Bison é um avião de configuração 100% indiana, fabricado pela Índia e usado pela Índia. Ao todo cerca de 247 MiG-21 ainda permanecem ativos na Índia.
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Leste Europeu
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O Leste Europeu, berço do extinto Pacto de Varsóvia já foi o lar de inúmeros MiG-21 pois a maioria dos países não possuía uma tecnologia o suficiente para projetar e muito menos fabricar um avião de combate nesse nível. Hoje o MiG-21 está caindo em desuso em favor de caças mais novos e multifuncionais, porém ele ainda tem sua presença garantida por mais alguns anos nos céus do leste europeu.
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Bulgária
A Força Aérea Búlgara que recebeu 224 caças Mig-21 durante o período soviético hoje ainda mantém três MiG-21bis como o da foto acima na função de caça.
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Croácia
A Croácia mantém 7 MiG-21bis (acima), modernizados, em serviço e certamente algumas unidades do treinador MiG-21UMD.
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Sérvia
Dos remanescentes da Guerra da Iugoslávia, nos anos 90, sobreviveram na Força Aérea Sérvia 19 MiG-21bis e 12 Mig-21UM.
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Romênia
Atualmente a Romênia é o país que possui os MiG-21 mais avançados e equipados, todos os 36 MiG-21 que permanecem em serviço na Força Aérea Romena são dos modelos Lancer, das versões A, B e C, modificados por Israel. O MiG-21 Lancer possui tecnologia de um caça de 4° geração, de soviético ele só tem o design, fuselagem e motor, pois o restante da aparelhagem é 100% ocidental.
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África
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Etiópia
A Força Aérea Etíope mantém em 2015 12 caças MiG-21bis modificados em Israel para o padrão Lancer A, similar aos usados pela Romênia, que possuem até um radar multimodo que lhe permite ataques ao solo.
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Angola
Angola 24 Mig-21bis em 2015.
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Zambia
Zambia 10 MiG-21MF em 2015.
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Uganda
 O comando aéreo, braço das Forças Armadas de Uganda mantém 6 MiG-21bis atualizados por Israel.
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Moçambique
As Forças Armadas de Moçambique utilizam-se em 2015 de 6 MiG-21 como o da foto acima modificados pela Aerostar (Romênia) e 2 MiG-21U para treinamento.
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O Mig-21 definitivamente não é um super caça como as feras de 4° e 5° geração, porém é uma aeronave notável e de aceitação inigualável em toda a História dos Aviões de Combate, certamente até 2020 ou 2025 ainda haverão alguns desses caças em serviço em algum canto distante do mundo.
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Abaixo segue a tabela comparativa do MiG-21 (dados do Mig-21bis) com outros aviões de época e função similar:
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