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segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

Dassault Balzac, o delta VTOL

 

A França, mesmo devastada pela dominação alemã ao término da Segunda Guerra Mundial, a indústria de aviação francesa recuperou-se surpreendentemente durante os anos do pós-guerra, criando alguns dos desenvolvimentos mais impressionantes da história militar.

Mesmo durante a guerra, os engenheiros de aviação franceses continuaram trabalhando em vários projetos relacionados a aeronaves e alguns deles foram realizados nos anos imediatamente após o fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Além disso, a indústria francesa começou a aprofundar conceitos mais avançados. A Dassault Aviation, uma empresa que começou em 1929 sob a liderança do próprio Marcel Dassault, conseguiu sobreviver à guerra e introduziu o seu transporte MD 315 em 1948. No entanto, o seu maior espólio dos primeiros anos da Guerra Fria veio com a introdução do popular Mirage III de 1956. O avião foi tão bem-sucedido que 1.422 foram produzidos e utilizado por diversas nações – dentre elas o Brasil.

O desenho ilustra um modelo britânico, mas exemplifica bem o conceito utilizado no Balzac.

Com a ameaça dos mísseis intercontinentais e a certeza de que as pistas de pouso são os primeiros alvos nas primeiras horas de um conflito, os engenheiros da Dassault começaram a buscar um protótipo capaz de realizar a façanha da decolagem e do pouso vertical (VTOL) durante o início da década de 1960.

Foi decidido utilizar um método de propulsão combinada em que um poderoso turborreator proporcionaria a energia para o movimento a frente e uma série de pequenos motores forneceriam a força de elevação.

Os engenheiros optaram pelo motor Bristol Siddeley Orpheus 3 como o principal, gerando 2.267 kg de empuxo e uma bateria de oito motores de elevação Rolls-Royce RB.108.

Externamente o avião parecia um Mirage III. Contudo, os motores de elevação exigiriam aberturas de admissão individuais em suas respectivas posições e estes foram preenchidos por componentes retráteis projetados pela Rolls-Royce. Durante o voo para a frente, essas aberturas fechavam-se automaticamente para não interromper o fluxo de ar da aeronave. O combustível a bordo permitira cerca de doze minutos de voo pairado. Inicialmente chamado de Mirage IIIV, o avião foi rebatizado como “Balzac V” com o nome oficial do único protótipo sendo “Balzac 001”.

Testes de táxi de alta velocidade começaram em julho de 1962. Os testes com a bateria de motores só foram ocorrer no ano seguinte e mesmo assim com o Balzac preso por correntes ao solo. O primeiro voo aconteceu no dia 18 de outubro, mas o Balzac voou com um trem de pouso fixo. Somente tempos depois é que o avião recebeu um trem de pouso retrátil.

No dia 18 de março de 1963, o Balzac realizou a primeira transição do voo vertical para o voo horizontal, pousando de forma convencional na pista de decolagem, mas no dia 28 de março ocorreu o primeiro pouso vertical.

O programa parecia ir bem, até que no dia 10 de janeiro de 1964, enquanto pousava verticalmente o sistema de auto-estabilização parou de funcionar e o avião se espatifou no solo, matando o piloto Jacques Pinier. Apesar de ter sido danificado e seu piloto de teste morrido, a estrutura do Balzac foi salva e o programa continuou em 1965.

O Balzac completou alguns voos adicionais de avaliação antes de mais um acidente em setembro de 1965. Um piloto da USAF estava nos controles. Ele conseguiu se ejetar, mas morreu no impacto com o solo. Ao contrário do primeiro acidente, este foi por erro humano. Infelizmente o programa Balzac foi encerrado.

O Balzac era capaz do voo supersônico, mas seu desempenho foi considerado inferior. O avião levava quase dois minutos para alcançar Mach 2 e o seu consumo de combustível era altíssimo, o que impactava diretamente no seu alcance.

 

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